Além de nas mãos carros que chegam a atingir 370 km/h em alguns circuitos, em 2017, os pilotos da F1 vão ter de lidar com desacelerações de até 6,5 g (gravidade), ao invés dos 4,5 g das temporadas passadas.
Assim, antes do início da nova temporada, e durante este fim de semana, em Melbourne, os pilotos viraram-se para a preparação física.
"Desde 1 de dezembro, aumentámos enormemente as cargas de trabalho", confirmou Romain Grosjean (Haas).
Todo este tempo a mais nas salas de musculação fizeram de nomes como Sebastian Vettel, Lewis Hamilton, ou Daniel Ricciardo, verdadeiros atletas.
Em face do exposto, a época (1980) em que o australiano Alan Jones foi capaz de se sagrar campeão do mundo, apesar da silhueta arredondada, parece agora pertencer a um tempo jurássico da competição.
Aos 35 anos, e após um inverno de treinos muito estudado, Fernando Alonso, por exemplo, explicou que "está na melhor forma física" da sua vida, apesar de não ter conseguido realizar muitos testes com o seu carro em Barcelona, em função dos problemas com o motor Honda da McLaren.
Adicionalmente, os pilotos têm outro motivo de alívio às vésperas da nova temporada: "Como os carros são mais pesados, pelo menos 20 quilos, nós também pudemos ganhar um pouco de peso", explicou Grosjean.
Quilos "a mais"
Nos carros das últimas temporadas, sabia-se que um quilo a mais significava a perda de 3,5 milésimos de segundo por volta. Este era, de resto, um problema sempre presente: desde a segunda metade dos anos 80, enquanto que a estatura média de um piloto de F1 aumentava, o seu peso diminuía.
No momento em que anunciou que iria respeitar um ano sabático em 2017, Jenson Button mostrou-se aliviado por poder deixar de lado as severas dietas pré-corrida, que mais pareciam feitas para um modelo em época de Fashion Week ou para um lutador de MMA (outro desporto bastante conhecido pelas notórias perdas de peso antes da competição).
Por outro lado, Lewis Hamilton diz-se feliz por poder voltar a exercitar-se. Em 2014, o britânico viu-se obrigado a passar de 73 kg para 67 kg, com o intuito de não prejudicar o rendimento do carro dentro das pistas.
Já Grosjean, participou em fevereiro numa corrida de 50 km de cross country, na Suíça, no âmbito da preparação física para a nova época. "Nas últimas temporadas, o desafio físico era muito fácil", afirmou o piloto francês, que segue um regime alimentar supervisionado por um laboratório com sede nos EUA.
Force India "em dieta"
"É mais ou menos o mesmo programa de treinos, mas mais intenso, só adicionámos sessões suplementares em relação aos anos anteriores", explicou à AFP o sueco Alex Elgh, personal trainer há quatro anos do compatriota Marcus Ericcson, piloto da Sauber.
"Concentrámo-nos um pouco mais na região do pescoço, dos ombros e do tronco", explica este ex-piloto de motocross, adepto de crossfit como modalidade para ganhar massa muscular e de corrida e bicicleta para melhorar a condição cardiovascular.
Ericcson ganhou dois quilos de músculo para a época que se avizinha: "As suas necessidades eram difíceis de estimar porque não sabíamos quão mais difíceis de guiar ficariam os carros".
"Mas sabíamos que tínhamos uma boa margem", referiu ainda Elgh. "Normalmente não estamos autorizados a engordar um grama sequer, durante a preparação", concluiu o sueco.
Enquanto que alguns pilotos ganharam cinco a seis quilos de massa muscular na pré-temporada, Sergio Perez e Esteban Ocon, piloto mais alto da F1 com 1.86 m, tiveram de fazer o contrário, devido ao peso da Force India.
Os pilotos não são os únicos que tiveram direito a "trabalhos extra" na pré-temporada: os mecânicos da marca também foram obrigados a passar mais tempo no ginásio. Tudo para conseguir lidar com os novos pneus Pirelli, mais pesados e largos, durante os rápidos e exigentes pit-stops.
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