Nota: dos 500 jogadores e 26 treinadores (contando com os que saíram no início, meio e fim) que participaram neste campeonato, escolhemos 22 mais 2 treinadores. As nossas opções foram tomadas de acordo com uma análise cuidada e uma avaliação à importância de cada um dos nomes nas suas equipas.

O melhor onze... ou, melhor, os 22 escolhidos

Não é nada fácil a missão de escolher o melhor 11, uma vez que se dá lugar a possíveis injustiças que são criadas pela nossa opinião. O caso do CD Santa Clara, clube que foi promovido na penúltima jornada do campeonato, que só tem 1 jogador nestes 22 por exemplo. Em sentido contrário, o último classificado fica representando igualmente por 1 atleta, que era praticamente impossível de não mencionar.

Na lista que podem consultar já de seguida, ficamos a saber que os clubes mais representados são: CD Nacional (4), Académica de Coimbra (4), FC Arouca (3), Académico de Viseu (2), FC Famalicão (2), SC Leixões (2), SL Benfica “B” (1), FC Porto “B” (1), FC Penafiel (1), Santa Clara (1) e SC Real (1).

Quantos portugueses? 13 dos 22! Sendo que depois os restantes são 8 jogadores do Brasil e 1 dos Estados Unidos da América. Mas passemos agora ao onze para tomarmos em consideração alguns pontos!

(A bold o melhor onze)

GR – Ricardo Ribeiro (Académica de Coimbra) / Rafael Bracali (FC Arouca)

DE – Vitor Costa (FC Arouca) / Nelson Pedroso (Académica de Coimbra)

DD – Diogo Dalot (FC Porto “B”) / Joel Pereira (Académico de Viseu)

DC – Nuno Coelho (FC Arouca) / Bura (Académico de Viseu)

DC – Diogo Coelho (CD Nacional) / João Real (Académica)

MDC – Stephen Eustáquio (SC Leixões) / Keaton Parks (SL Benfica “B”)

MC – Gustavo (FC Penafiel) / Willian Dias (FC Famalicão)

MC – Chiquinho (Académica) / Vítor Gonçalves (CD Nacional)

ED – Evandro Brandão (SC Leixões) / Feliz Vaz (FC Famalicão)

EE – Murilo (CD Nacional) / Thiago (Santa Clara)

PL – Ricardo Gomes (CD Nacional) / Vinicius (SC Real)

Treinador: Costinha (CD Nacional) / Carlos Pinto (CD Santa Clara)

créditos: JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA

Para os mais curiosos há algumas informações interessantes:

– Rafael Bracali é de longe o jogador mais experiente, com o veterano guardião a completar 38 “velas” este ano;

– Diogo Dalot é o mais novo destes 22 ou do melhor 11 da Ledman Liga Pro, com 19 anos;

– A média de idades ronda os 25 anos (cerca de 25,2), o que significa um onze por um lado “jovem” mas com já bastante experiência adquirida;

– O jogador com mais jogos é Nuno Coelho, que está a três de completar 350 em 12 anos de carreira como sénior nas ligas profissionais. O mais “inexperiente” é Diogo Dalot, que ainda só somou 45 com 19 anos de idade;

– A nível de “veteranos” de Ledman Pro no que diz respeito ao número de jogos, a “coroa” vai para Bura, do Académico de Viseu, que até este momento tem 166 jogos completados. Mais uma vez, é Dalot o que tem menos, com 23 até ao momento;

Dos 22 escolhidos há alguns que são incontestáveis, outros que merecem estar mas que têm boa competição e aqueles, que para alguns leitores, são escolhas difíceis de perceber. Vejamos as três categorias!

Os incontestáveis

Rafael Bracali foi um dos jogadores que ainda deu o sonho da subida ao Arouca ao longo da temporada, com não só excelentes defesas em cima da linha de golo, mas também graças à boa comunicação, às saídas fora da pequena área e à liderança, características que conferiam outra qualidade à sua defesa. Em 37 jogos disputados, sofreu 34 golos mantendo a baliza inviolável por 18 jogos.

Na defesa, tanto Diogo Coelho como Nuno Coelho (as nossas escolhas para figurarem no onze titular) foram soberbos no seu trabalho. O central de 24 anos do Nacional foi um dos melhores jogadores da equipa de Costinha, com uma aptidão física e técnica fora do comum. Rápido e hábil com a bola nos pés, é um dos jogadores mais seguros da Ledman Pro.

Nuno Coelho, pelo seu turno, demonstrou que tanto podia servir o Arouca no meio-campo defensivo ou a central, afirmando-se nesta posição como um atleta de categoria, combinando raça com inteligência, criando uma sinergia interessante com Bracali. A juntar a estes nomes há ainda João Real e Bura que merecem o destaque nestes 22.

Stephen Eustáquio abandonou o Leixões em janeiro para se aventurar na Liga NOS, onde conquista o seu espaço na equipa do Chaves de Luís Castro. Poderia parecer “estranho” incluir um atleta que só jogou 6 meses pela formação de Matosinhos, mas em abono da verdade, Eustáquio fez uma diferença imensa na alta rotação do meio-campo.

Elegante, enérgico e com um jeito especial para recuperar e ser ele próprio a relançar o jogo, o português-canadiano merece a titularidade neste onze, com Keaton Parks do SL Benfica “B” como reserva (as chamadas à equipa principal são um atestado de sucesso do norte-americano).

Optámos por este melhor onze da Ledman Pro ter dois médios mais ofensivos, com Gustavo (FC Penafiel) e Chiquinho (Académica de Coimbra) a assumirem a batuta. Gustavo foi uma surpresa de bom calibre nesta temporada, com aquele jeito gingão que os atletas canarinhos gostam de impor no jogo… foi um dos abonos de família do Penafiel durante a temporada.

Chiquinho foi, sem margem para dúvida, um dos melhores jogadores de todo o campeonato. O que joga o médio-ofensivo da Académica é inexplicável. Controlo de bola total, visão de jogo de ponta, velocidade de movimentos difícil de perceber, equilíbrio e passe inteligente e um remate que cria sérias dificuldades para quem defende, Francisco Machado aos 22 anos é um jogador tarimbado para dar o salto para a Liga NOS.

créditos: OCTAVIO PASSOS/LUSA

No ataque não há muita discussão: Ricardo Gomes, com 22 golos e 7 assistências, foi sem dúvida o melhor ponta-de-lança (“reciclado” nesta posição, uma vez que é extremo de origem) da Ledman Pro, com Carlos Vinicius na sua sombra. O artilheiro do Real SC ainda tentou “salvar” o clube da descida (a par de Nem) com vários golos e apontamentos de interesse (o Nápoles já adquiriu os direitos do brasileiro).

Nas extremidades, Murilo, Feliz Vaz e Thiago Santana são peças fundamentais para o nosso 22. Thiago, atleta do Santa Clara emprestado pelo Vitória FC, apareceu várias vezes a jogar como ponta-de-lança ou 2º avançado, mas que facilmente descaía para ala esquerda, aproveitando o espaço para fugir com um drible e criar problemas no centro da área.

Murilo, do CD Nacional, a partir da 9ª jornada nunca mais parou e no final acabou por ser um atleta fundamental para os alvinegros, com 13 golos e 7 assistências em todo o campeonato (entre a 25ª e a 29ª jornadas, o extremo marcou e deu a marcar 7 golos no total). Feliz Vaz foi uma das poucas peças do Famalicão que realmente trabalhou bem durante toda a temporada – a par de Willian Dias.

Os que merecem estar e os que alguns duvidam

Começamos por Ricardo Ribeiro. Facilmente qualquer leitor da Madeira (e não só) exigiria o nome do guardião do CD Nacional, Daniel Guimarães. Contudo, o guarda-redes da Académica foi outra vez um dos pilares da Briosa durante toda a temporada, com 13 jogos sem sofrer e várias mãos-cheias de defesas que deram algum oxigénio à equipa de Ivo Vieira/Ricardo Soares/Quim Machado.

Dizemos “outra vez”, já que o guardião de 29 anos foi um dos MVP’s da Académica na temporada passada e este ano volta a merecer essa atenção.

Por falar em jogadores da Briosa, há que referir Nelson Pedroso, que, apesar de não ser o nosso titular, no flanco esquerdo foi um dos motores de jogo da equipa. Com 32 anos, o lateral fez 3 golos e assistiu por 5 vezes, sendo que foi na defesa que tivemos alguns dos seus melhores momentos. Eficiente, veloz e equilibrado, Pedroso era daqueles que deveria ter o direito de voltar à principal de divisão de futebol em Portugal.

Vítor Costa, o lateral do Arouca, foi a escolha para o onze titular. Porquê? Para além do músculo e dos aspetos físicos (1,82 metro de altura), o lateral-esquerdo tem um dom especial para subir à área contrária e arranjar soluções para o Arouca na hora de criar oportunidades. Foi um dos jogadores mais interessantes desta equipa e não há dúvidas que o seu passe vai ser alvo de disputa no verão (termina o contrato em junho).

Depois, há Diogo Dalot e Joel Pereira, do FC Porto “B” e Académico de Viseu, respetivamente. O lateral-direito dos Dragões da Ledman Pro merece a titularidade e o destaque pelo que fez no campeonato, com uma entrega fantástica, uma qualidade de jogo de alto calibre e uma excelente capacidade não só a defender (cria graves dificuldades aos extremos que tentam passar por si) como a atacar.

Ainda faltam apurar algumas “pontas soltas”, mas está no caminho para se afirmar no contexto nacional e internacional (foi titular por 6 vezes com Sérgio Conceição na equipa principal, com duas assistências para golo).

Joel Pereira, por seu turno, foi um dos jogadores mais interessantes do Académico de Viseu, munido de uma excelente perceção sobre como passar pela equipa adversária, e dotado de um pé-míssil-direcionado que vai de encontro às cabeças dos seus colegas. Os 21 anos dão-nos esperança de um futuro bem interessante no futebol português.

Willian Dias e Vítor Gonçalves são os médios que nos restam. Ora o jogador famalicense foi dos mais inconformados em toda a temporada, onde o seu tipo de jogo fez a diferença no ataque do Famalicão e que vai muito além dos 9 golos e 7 assistências rubricadas em toda a época. Com uns pés de veludo e uma agilidade difícil de agarrar, o brasileiro foi um dos atletas que melhores momentos produziu em toda a época.

Vítor Gonçalves foi um dínamo no meio-campo/ataque do Nacional da Madeira. A forma como mexeu nos processos ofensivos da sua equipa, com a criação de boas movimentações e linhas de passe (é um dos atletas com melhor acerto na hora de passar) deu outra dimensão ao ataque dos alvinegros.

Para além disso, parece ter pilhas infinitas, com uma dinâmica e um ritmo de jogo de outra categoria. Curiosidade, na pior fase da época do Nacional – três derrotas consecutivas em setembro/outubro -, o médio não jogou um minuto sequer.

Falta Evandro Brandão, um jogador que se recriou nas duas últimas temporadas, saiu de uma fase conturbada da carreira e agarrou um lugar de destaque no Leixões.

Sim, podíamos mencionar Ludovic (FC Penafiel), Camacho (CD Nacional), Avto (Académico de Viseu) no lugar de Feliz Vaz ou Thiago Santana – todas escolhas válidas -, mas o extremo-direito de 29 jogos é dos que mais facilmente salta entre posições e encontra soluções para os problemas ofensivos da sua equipa. É um extremo diferente e interessante que deu outra “voz” ao Famalicão durante a época.

Os mestres da tática

Era impossível não escolher Francisco Costa “Costinha” ou Carlos Pinto, treinadores que conseguiram o objetivo inicial traçado: subir de divisão. Se Carlos Pinto é um “homem da casa”, já que esta é a sua segunda passagem pelo Santa Clara (está perto de atingir os 100 jogos pelo clube), Costinha pelo seu lado aceitou um projeto que não se figurava nada fácil no final das contas.

créditos: OCTAVIO PASSOS/LUSA

O CD Nacional tinha descido de divisão depois de uma época paupérrima, perdendo metade do plantel no processo. Os vários jogadores que ficaram tinham pouco ou quase nenhuma experiência em termos de jogos da Liga NOS e mesmo da Ledman Pro, e os reforços vieram da casa, com Diogo Coelho a regressar assim como Camacho. As aquisições foram poucas, como Murilo ou Christian, ficando algo longe dos anos de grandes gastos do plantel nacionalista.

Contudo, e após um arranque de época “tremido“, Costinha conseguiu com os seus jogadores passar do 9º lugar para o 1º em um par de meses, assumindo o controlo da Ledman Pro à passagem da 30ª jornada.

Na segunda volta do campeonato somaram 12 vitórias, 5 empates e apenas uma derrota. Não foram dos melhores campeões de sempre da Segunda Liga (vão ficar a mais de uma dezena de pontos de distância dos primeiros lugares das últimas épocas), mas conseguiram impor um bom futebol, uma equipa sólida e solidária, conquistando tudo e todos nos últimos 19 jogos.

Carlos Pinto, por sua vez, finalmente cumpriu um sonho que fugia à formação açoriana desde 2003: jogar na Primeira Liga. Não foi nada fácil o caminho do Santa Clara, já que esteve por algumas vezes nas “cordas”, prestes a cair no tapete e a dar por concluída a sua temporada. Todavia, foram atrás do prejuízo e entre exibições eficazes e inteligentes ou de um contra-ataque difícil de domar, o Santa Clara volta ao principal escalão.

Sem nomes sonantes, com reforços inteligentes e uns líderes de equipa que vale a pena destacar como Clemente (um dos avançados com mais anos de Segunda Liga em Portugal), Pacheco (imenso o trinco no campo, com uma alma como poucos têm), Accioly (central veteraníssimo com 37 anos), Serginho e Diogo Santos. Depois há o tal avançado que sabe ir para as alas, de seu nome, Thiago Santana, apoiado pelo mágico Osama Rashid e Fernando.

O Fair Play finaliza assim o seu ano de 2017/2018 na Liga Ledman Pro, com um olhar atento aos vários protagonistas, às equipas que se destacaram pela positiva e negativa e pelo sucesso de alguns projetos de interesse nesta segunda liga!

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