Por esta altura o assunto já estaria arrumado. Já tinha havido festa rija, duas vezes, uma pintada a azul e branco e a outra a vermelho, ou as duas num tom monocromático com FC Porto ou SL Benfica a festejar a dobradinha. Isto, claro, assumindo que o campeonato chegava ao fim sem nenhum trambolhão.

Bons velhos tempos em que o mundo decorria nos timings normais e em que o futebol não era colocado em pausa para regressar um par de meses mais tarde para uma inédita segunda temporada, final, que vai concentrar todo o futebol que perdemos nos últimos meses em junho e julho. É uma espécie de campeonato em formato WinZip [programa que compacta ficheiros] que chega de todo o lado — na Alemanha a liga já recomeçou, assim como na República Checa, Dinamarca, Israel, Lituânia, Polónia e Sérvia; em Portugal, Espanha, Inglaterra, Áustria, Noruega, Rússia e Turquia o futebol regressa este mês.

A injeção é ansiada. Primeiro pelos próprios clubes que correm o risco de não resistir financeiramente caso o desporto-rei não regresse ou a pausa seja prolongada. Depois pelos adeptos, que embora saibam que não vai ser a mesma coisa — porque não é, e a Bundesliga, a liga alemã, é espelho disso mesmo — precisam de ver as suas angústias e euforias expressas em hora e meia de bola no relvado.

O leitor já imaginou quantas apostas ficaram em suspenso? "Aposto que o Luís Maximiano vai ser melhor que o Patrício", "5 euros como o Marega vai meter o Grimaldo ‘no bolso’ no Jamor", "Pago uma rodada se o SL Benfica for campeão", "Se o Custódio conseguir manter o terceiro lugar vou todos os domingos à missa até ao fim do ano", "Ai é? Se o Aves salvar a despromoção eu vou a pé a Fátima".

Há demasiadas perguntas que precisam de resposta pela boa sanidade de um adepto de futebol. Este é um guia com as principais perguntas que queremos ver respondidas nas últimas 10 jornadas do campeonato, a primeira segunda temporada de uma I Liga que promete vários momentos inéditos e que vai permitir que se volte a falar um bocadinho de futebol, num período em que a pandemia e a guerra em torno de Pedro Proença roubaram o protagonismo ao jogo jogado.

créditos: LUSA

Procura-se campeão para atacar a dobradinha

Vamos já despachar o tema causador de ansiedade a milhões de adeptos: quem é que vai ser o campeão nacional? FC Porto (1.º) e SL Benfica (2.º) estão apenas separados por um ponto e já não jogam entre si até ao final da liga. Tal significa que os 'dragões' não dependem de resultados de terceiros para se sagrarem campeões nacionais.

E as estatísticas até são encorajadoras para os azuis e brancos. No século XXI, o FC Porto já tinha chegado a esta fase com mais pontos do que toda a concorrência em oito ocasiões e acabou sempre campeão (2002/03, 2003/04, 2005/06, 2006/07, 2007/08, 2008/09, 2010/11 e 2017/18).

Após 24 jornadas concluídas e com 10 jornadas por disputar, de 2000/01 a 2005/06 e desde 2014/15, e após 20 entre 2006/07 e 2013/14 em que o campeonato se disputava a 30 jornadas com 16 equipas, os ‘dragões’ ainda comandaram em mais três edições (2004/05, 2011/12 e 2012/13), mas com os mesmos pontos do segundo, sempre o Benfica.

Nos dois últimos campeonatos, o FC Porto também prevaleceu, mas, no primeiro, em 2004/05, foi o Benfica que se sagrou campeão, sob o comando do italiano Giovanni Trapattoni, acabando então com um ‘seca’ que durava desde 1993/94.

Quanto chegou isolado a 10 jornadas do fim, o FC Porto nunca falhou, mas também nunca teve só um ponto de vantagem, o avanço de 2019/20. Sendo que, na prática, é um ponto e 'meio', face à vantagem no confronto direto (2-0 na Luz e 3-2 no Dragão).

E este ponto e 'meio' pode ser uma verdadeira rasteira para os dragões que nesta dezena de jogos têm difíceis embates diante do Famalicão (fora), Sporting CP (casa) e Braga (fora). No entanto, as primeiras 24 jornadas mostram-nos que não é com os grandes que o Porto perde a maioria dos pontos.

Esta temporada os pupilos de Sérgio Conceição perderam na primeira jornada em casa do Gil Vicente, empataram na Madeira, diante do Marítimo, e empataram frente ao Belenenses, novamente fora de casa. No Dragão, o Porto também somou dois desaires, um frente ao Braga (derrota) e outro diante do Rio Ave (empate).

I Liga | 24ª jornada

1.º FC Porto: 60 pontos
2.º SL Benfica: 59 pontos
3.º Sporting de Braga: 46 pontos
4.º Sporting CP: 42 pontos
5.º Rio Ave: 38 pontos


6.º Vitória SC: 37 pontos
7.º Famalicão: 37 pontos
8.º Moreirense: 30 pontos
9.º Santa Clara: 30 pontos
10.º Gil Vicente: 30 pontos
11.º Boavista: 29 pontos
12.º Vitória de Setúbal: 28 pontos
13.º Belenenses SAD: 26 pontos
14.º CD Tondela: 25 pontos
15.º Marítimo: 24 pontos
16.º Paços de Ferreira: 22 pontos


17.º Portimonense: 16 pontos
18.º Desportivo das Aves: 13 pontos

Já o SL Benfica tem um calendário mais simpático, sendo de assinalar a deslocação ao Rio Ave e um dérbi decisivo diante do Sporting (casa) na última jornada, e algum curriculum no que toca a ‘virar’ campeonatos nas últimas 10 jornadas, no que ao século XXI diz respeito.

Em 2004/05, as ‘águias’ tinham os mesmos 45 pontos dos 'dragões', mas desvantagem no confronto direto, para acabarem três à maior, e, em 2015/16, partiram a um ponto dos ‘leões’ (58 contra 59) e chegaram dois à frente (88 contra 86).

Nas restantes 17 edições, desde 2000/01, a equipa que liderava com 10 rondas por disputar chegou sempre ao título, sendo que, em 2011/12 e 2012/13, o FC Porto também comandava em igualdade pontual com o Benfica.

Em relação aos campeonatos a 18 equipas (2000/01 a 2005/06 e desde 2014/15), o ‘onze’ de Rui Vitória foi o único a conseguir a ‘reviravolta’ a uma situação de desvantagem pontual após 24 jornadas, então em relação ao Sporting, de Jorge Jesus.

Estatísticas à parte, nenhum dos emblemas estava no seu melhor momento antes da inesperada paragem do campeonato, o que faz com que estas 10 jornadas sejam de um grau de exigência elevado quer física,  quer psicologicamente. O vencedor terá a oportunidade de enfrentar o derrotado mais tarde, na final da Taça de Portugal. Um jogo que servirá ou para acertar contas ou para celebrar uma 'dobradinha'.

créditos: EPA/HUGO DELGADO

Pára tudo, mas não pode haver outro clube campeão que não FC Porto e SL Benfica?

Poder pode, pelo menos matematicamente. Se olharmos para os números, Sporting de Braga (3.º) e Sporting CP (4.º), podem sagrar-se campeões. No entanto, e tendo em conta a distância pontual, 14 e 18 pontos respetivamente, e as reviravoltas que ambos os clubes sofreram no comando técnico, parece pouquíssimo provável que tal aconteça.

Recorde-se que apesar da grande época, o Sporting de Braga, já vai no terceiro treinador. Custódio é agora o líder da turma do Minho, mas esta temporada no banco de suplentes já se sentaram Ricardo Sá Pinto e Rúben Amorim. Por seu turno, o Sporting CP já soma quatro técnicos: Marcel Keizer, Jorge Silas, Leonel Pontes e, por fim, Rúben Amorim, que chegou proveniente dos arcebispos (tema que vamos explorar mais à frente).

créditos: MANUEL FERNANDO ARAÚJO/LUSA

Aves e Portimonense à procura de uma reta final à Petit

Com 30 pontos ainda em disputa a luta pela permanência vai aquecer. O Desportivo das Aves (13 pontos) que parece pontualmente condenado à despromoção, e agora comandado por Nuno Manta Santos, vai tentar uma daquelas finais heroicas, dignas de Petit — que salvou o Tondela e o Moreirense, em duas ocasiões, tudo isto em três temporadas consecutivas.

Tal parece complicado, mas não é impossível. O calendário presenteia o clube de Vila das Aves com alguns jogos contra rivais diretos, como o Portimonense, Tondela e Belenenses, apesar de ainda ter de ir à Luz e ao Dragão, assim como receber o Braga, até ao final da liga.

O Portimonense, penúltimo classificado apenas com mais três pontos do que o Aves, tem um plantel com mais argumentos para tentar a manutenção. Apesar de estarem asseguradas as deslocações ao Algarve em 2020/21 com a promoção na secretaria do Farense, a turma de Paulo Sérgio quer que Portimão continue a ser cidade baluarte do futebol algarvio. Para isso, contam com grandes nomes, de Jackson Martínez a Ricardo Vaz Tê, e com um calendário, teoricamente, mais fácil do que o do último classificado, sendo que a deslocação ao estádio da Luz é o único jogo de nível de dificuldade mais elevado.

De resto, a luta pela permanência deve-se fazer também com Paços de Ferreira (seis pontos acima da linha de água), Marítimo (oito pontos acima da linha de água), CD Tondela (nove pontos acima da linha de água) e Belenenses SAD (10 pontos acima da linha de água). Apesar das elevadas distâncias pontuais para o Portimonense, estes foram emblemas bastante inconsistentes ao longo da temporada e, depois de uma pausa longa, nenhum destes lugares pode ser já festejado como lugar de manutenção.

créditos: HUGO DELGADO/LUSA

Braga e o terceiro lugar. Uma relação que vai durar até ao fim?

O Sporting de Braga vive uma época tanto ou quanto curiosa. Começou com Ricardo Sá Pinto enquanto treinador e um desempenho fantástico na Liga Europa que contrastava com exibições mais apagadas nas competições nacionais. O fraco desempenho no campeonato levou a que António Salvador trocasse Sá Pinto pelo seu treinador de sub-23, Rúben Amorim.

O antigo médio do SL Benfica e Belenenses assumiu assim a sua primeira equipa profissional no principal escalão do futebol português e fez, de imediato, notar o seu trabalho. Em 13 jogos venceu 10, somando apenas derrotas na Liga Europa, competição em que foi eliminado pelo Glasgow Rangers, orientado por Steven Gerrard, e de onde se pode dizer que saiu de cabeça erguida.

Cá dentro, Amorim não perdeu um único jogo somando um brilhante registo que inclui duas vitórias sobre o FC Porto, duas sobre o Sporting CP e uma sobre o SL Benfica, que lhe valeram não só uma Taça da Liga como a ascensão da equipa ao terceiro lugar do campeonato.

Em março, inesperadamente, os leões bateram a cláusula de rescisão e levaram Rúben Amorim para Alvalade. António Salvador voltou a puxar da mesma cartada e foi buscar a ‘casa’ mais um treinador, desta feita Custódio, antigo internacional português e uma das maiores referências do clube neste século XXI.

Em apenas um jogo, o antigo médio dos arsenalistas mostrou que pode ter mãos para guiar a máquina bem oleada que herdou de Amorim, com uma vitória e uma boa exibição. Apesar disso, ainda faltam 10 jornadas e isso significa 30 pontos em disputa. A vantagem sobre o Sporting de quatro pontos pode parecer confortável à primeira vista, mas quem ‘guia’ o principal concorrente ao último lugar do pódio é o homem que melhor conhece os pupilos de Custódio.

Este será um dos pontos mais interessantes deste enredo secundário desta inédita temporada da liga: conseguirá o antigo internacional afirmar-se como treinador perante uma herança curta, mas pesada?

Os 10 milhões investidos em Rúben Amorim foram bem empregues?

Com tudo o que tem acontecido no mundo e com o interregno de futebol, quase que nos esquecemos que, antes de o mundo ficar de pernas para o ar, o Sporting CP 'roubou' Rúben Amorim ao Sporting de Braga batendo a sua cláusula de rescisão fixada em 10 milhões de euros.

O antigo treinador do Sporting de Braga fez apenas um jogo oficial pelos leões e até venceu, mas parece não ter propriamente convencido — algo que poderá ser culpa do próprio que tinha elevado a fasquia com o futebol praticado ao comando dos arsenalistas e do pouco tempo para treinar a nova equipa.

O Sporting está em quarto lugar com mais quatro pontos do que o Rio Ave (5.º), tantos a quanto está do Braga (3.º). Os leões estão ainda a 17 pontos do eterno rival SL Benfica (2.º) e 18 do FC Porto (1.º). Com 30 pontos em disputa, o título ainda é matematicamente possível, mas realisticamente pouco provável. O terceiro lugar será a luta mais óbvia para o momento e que obrigará Amorim a vencer o Braga que construiu. Uma espécie de exercício Lucky Luke, em que o técnico vai ter de ser mais rápido do que a sua própria sombra.

A expectativa estará na obrigatória qualificação para as competições europeias e na construção de uma ideia de jogo, tal como fez no Minho, onde em pouco tempo criou uma identidade própria que lhe valeu a conquista do primeiro título como treinador, a Taça da Liga, e uma série de vitórias sobre os três grandes. É isso que espera, para já, do novo treinador em Alvalade.

créditos: MANUEL FERNANDO ARAUJO/LUSA

Vai o Sporting conseguir fugir à 16.ª derrota?

A época 2019/20 no Sporting arrancou com Keizer, que começou da pior forma, ao ser goleado por 5-0 pelo Benfica, na Supertaça, no Algarve, para acabar por sair após o desaire caseiro por 3-2 face ao Rio Ave, na quarta ronda da I Liga.

Para suceder ao holandês, a escolha recaiu em Leonel Pontes, numa decisão semelhante à do Benfica com Bruno Lage, em 2018/19, mas os resultados não corresponderam, com desaires no reduto do PSV (2-3), para a Liga Europa, e nas receções a Famalicão (1-2), para o campeonato, e Rio Ave (1-2), para a Taça da Liga.

Assim, chegou Jorge Silas, que assinou em 27 de setembro de 2019 e ‘aguentou-se’ cerca de cinco meses, ‘desistindo’ depois do desaire por 4-1 no reduto do Basaksehir, após prolongamento, que ditou o adeus à Liga Europa.

Antes, o treinador que começou a época no Belenenses SAD, sendo muito cedo destituído, já tinha somado oito derrotas, algumas bem dolorosas, nomeadamente a primeira, no reduto do Alverca (0-2), do terceiro escalão, para a terceira ronda da Taça de Portugal.

Silas também perdeu na receção aos outros ‘grandes’ – 1-2 com o FC Porto e 0-2 com o Benfica – e duas vezes, no espaço de cinco dias, com o Sporting de Braga, na ‘pedreira’, para as meias-finais da Taça da Liga (1-2) e para a 19.ª ronda da I Liga (0-1).

A fechar, e já com a situação sentenciada, em três de março, o técnico de 43 anos comandou o Sporting à 15.ª derrota da época, em Famalicão (1-3), na ronda 23 do campeonato.

Sucedeu-lhe Rúben Amorim, que, na estreia, em 8 de março, venceu por 2-0 na receção ao lanterna-vermelha Desportivo das Aves, cedo reduzido a nove unidades, conseguindo, para já, adiar a 16.ª derrota, que superaria as 15 de 2000/01 e 2012/13.

Onde é que já vimos isto?

Em 2000/01, na ressaca de um cetro que colocou um ponto final numa ‘seca’ que durava desde 1981/82, o Sporting não fez uma má época, sendo terceiro no campeonato, semifinalista da Taça de Portugal e vencedor da Supertaça, face ao FC Porto, ‘tombando’ ainda na fase de grupos da ‘Champions’.

Ainda assim, e em 49 encontros, os ‘leões’ perderam 15 vezes, sete sob o comando de Augusto Inácio, que depois do título de 1999/00 foi despedido após um 0-3 na Luz, à 13.ª ronda da I Liga, uma com o interino Fernando Mendes e sete com Manuel Fernandes.

A segunda temporada com 15 derrotas, nos 42 jogos de 2012/13, foi bem mais negativa, com o sétimo lugar na I Liga, a 36 pontos do campeão FC Porto, em 30 jornadas, e as eliminações na fase de grupos da Liga Europa e da Taça da Liga e na terceira ronda da Taça de Portugal, no reduto do Moreirense.

Para a ‘hecatombe’ contribuíram quatro treinadores, com Ricardo Sá Pinto a somar as duas primeiras derrotas, Oceano Cruz as duas seguintes, o belga Frankie Vercauteren mais seis e Jesualdo Ferreira as derradeiras cinco.

Resumindo: mais uma missão espinhosa para Rúben Amorim, que tem margem de erro zero para, neste capítulo, não ficar com o nome gravado no lado negro da história dos 'leões'.

créditos: JOSE COELHO/LUSA

Com Porto e Benfica na final da Taça há mais uma vaga europeia. Para quem?

Rio Ave - 38 pontos
Vitória Sport Clube - 37 pontos
Famalicão - 37 pontos

Parece que a norte há um mini campeonato por uma vaga nas competições europeias para a próxima época. Rio Ave, Vitória de Guimarães e Famalicão estão correr lado a lado pela internacionalização do seu futebol em 2021 e a luta promete ser boa com cada uma das formações a apresentar grandes argumentos para representar Portugal na Europa do futebol.

O Rio Ave com Carlos Carvalhal está de regresso à boa forma e ao bom futebol. Com um treinador experiente e com lides de outros campeonatos tem aqui um trunfo importante para conseguir a qualificação.

Já o Vitória SC, de Ivo Vieira, tem sofrido esta temporada uma vez que o bom futebol apresentado não tem correspondido aos resultados. Fora de todas as competições, de forma inglória em alguns casos, como foi a participação na Liga Europa, a turma vimaranense teve oportunidade de refrescar os pensamentos para atacar o que resta da temporada. Há qualidade, só falta a bola entrar.

Por seu turno, o Famalicão é a grande surpresa do campeonato. Subir de divisão num ano e na época seguinte ir às competições europeias seria um enorme feito e os pupilos de João Paulo Sousa já mostraram argumentos suficientes para o conseguir. Têm 10 jornadas para mostrar que a ‘fama’ não vem sem proveito.

créditos: MANUEL ALMEIDA / LUSA

Vinicius e Pizzi, uma luta interna

Antes da pausa do campeonato, a liderança da tabela de melhores marcadores do campeonato era composta por Carlos Vinicius, com 15 golos, e Pizzi, com 14, a alguma distância para Paulinho (10), Fábio Abreu (10) e Sandro Lima (10).

A corrida ao título de melhor marcador faz-se assim internamente no Benfica. Resta saber se Pizzi conseguirá superar Bruno Fernandes que na última época, com 20 golos, conseguiu o seu melhor registo, e mostrar que também é um verdadeiro médio goleador.

Mas trata-se de uma luta morna quando comparada com outros tempos em que o melhor marcador da liga portuguesa lutava pela Bota de Ouro, algo que não acontece desde Mário Jardel em 2001/02 ao serviço do Sporting.

Com um quofiente de apenas 1.5, abaixo do de 2.0 atribuído às cinco principais ligas europeias, Carlos Vinicius está na posição 54 a largos pontos de distância de Robert Lewandowski que, com 29 golos, lidera a luta pelo troféu individual.

créditos: TIAGO PETINGA/LUSA

Pizzi vai continuar a ser o rei das assistências? Ou Esgaio ou Corona ainda vão a tempo de estragar a festa?

Esta é a melhor época da carreira de Pizzi: 26 golos em 40 jogos. Mas Luís Miguel não marca só, também dá a marcar. Esta temporada soma 13 assistências, oito das quais na I Liga.

Atrás de si está Bruno Fernandes (7), que já saiu para Inglaterra em janeiro. Cabe assim a Jesús Corona (FC Porto) ou Ricardo Esgaio (SC Braga) estragar a festa. Pela posição que o clube de cada um destes atletas ocupa na tabela classificativa, nenhum o faria de mau humor.

Como vai ser ver um golo num estádio vazio?

As imagens que nos chegam da Alemanha provocam um misto de sentimentos no adepto de futebol. O tão ansiado regresso da modalidade é uma coisa estranha. No golo não há explosão de alegria, nem deceção que colida com o sentimento mais imediato de milhares de pessoas. As emoções dos jogadores e equipas técnicas não chegam para abraçar um remate certeiro que só pára no fundo das redes.

A Bundesliga joga-se num silêncio e deserto estranho. Por cá, não será diferente. O golo não passará de um barulho oco, sem sons que o acompanhem até à baliza. A festa faz-se só entre jogadores que não saberão bem para onde se virar, obrigados a festejar só entre eles, sem nenhum sítio para onde dirigir aquela corrida elétrica e cardíaca, em que as pernas se parecem mexer sozinhas, após o golo.

Na Alemanha, fala-se em colocar som ambiente gravado de outros jogos. Os tambores e cânticos serão sinfonia de elevador para os jogadores que, no entanto, quando fizerem golo e olharem para as bancadas vão continuar a não ter ninguém com quem celebrar, nem tambores a tocar mais alto, nem o seu nome a ser cantado.

Por cá, estranharemos tanto quanto lá. Vai ser tudo eco e oco.