Em entrevista à agência Lusa, o piloto natural de Cascais revelou ter cumprido “um sonho de criança” com a vitória na prova francesa, que materializou no domingo, após 24 horas de competição.
“Desde pequenino que via a prova na televisão. Vinte anos depois, estamos lá a vencer. É um sonho de criança de qualquer piloto. É uma corrida muito longa, mas correu tudo bem e quando cruzas a meta é uma sensação incrível”, sublinhou Félix da Costa, que fez equipa com o britânico William Stevens e com o mexicano Roberto González aos comandos de um Oreca-Gibson da Jota.
Esta foi a quinta participação do piloto português, que admitiu à Lusa ter sido o desaire sofrido em 2021 que ajudou à vitória deste ano.
“Fizemos a ‘pole’ e íamos na liderança quando um colega meu cometeu um erro, que pode acontecer. Tivemos o acidente ao fim de quatro horas. Mas continuámos, com sete voltas de atraso, e decidimos continuar a fundo, sem poupar pneus, e o carro aguentou. Percebemos que podíamos ter confiança para atacar”, contou Félix da Costa.
O português, de 30 anos, passou cinco vezes pelos comandos do Oreca, de cerca de 500 cavalos, ao longo das 24 horas de prova.
“Entrei no carro cinco vezes, duas horas e meia de cada vez. O problema é que guiei das 22:00 à uma e tal da manhã e tive de entrar logo às 03:00 horas outra vez. Não consegui descansar bem. Esse turno, até às 06:00, foi o mais difícil. Depois começas a ver o sol a nascer e as coisas acalmam. Mas estivemos na liderança a corrida inteira e sentíamos que já só podíamos ser nós a perder a corrida. Foi um trabalho muito bem feito. Se não acertares em tudo, não dá”, precisou.
O piloto da Jota perdeu três quilos ao longo da semana da corrida.
“Entre as viagens e o calor intenso, foi difícil”, concretizou.
António Félix da Costa lembra que “há filmes, há documentários sobre esta corrida”, pelo que “qualquer pessoa já ouviu falar das 24 horas de Le Mans”.
O piloto luso juntou esta vitória na emblemática corrida de resistência às já anteriormente conseguidas na Fórmula 3 em Macau (201 e 2016) e no circuito do Mónaco, na Fórmula E (em 2021).
“São corridas muito míticas e um motivo de orgulho. Gostava de adicionar mais algumas. Como as 24 horas de Daytona [Estados Unidos]. Parece que no próximo ano há oportunidade de lá ir, pois os calendários não coincidem, o que tem acontecido este ano. Mas o último sonho são as 500 milhas de Indianápolis”, admitiu.
António Félix da Costa, que chegou a estar a um passo da Fórmula 1 pela equipa Red Bull, alimenta ainda alguns “sonhos pessoais”.
“Adorava competir no Dakar. Entrar já é uma coisa que quero muito fazer e acho que vou fazer nos próximos cinco anos”, confessou à Lusa.
No entanto, as 24 Horas de Le Mans vão continuar na lista de prioridades.
“Le Mans vai ficar, nos próximos dois ou três anos, nos planos. Vamos anunciar novidades proximamente. Estou a fazer muita força para continuar no Mundial de Resistência [WEC]. A Fórmula E será o objetivo principal nos próximos dois anos”, concluiu.
Comentários