"Achamos que talvez valesse a pena desistir deste evento desportivo. Os organizadores decidiram mantê-lo", disse Le Drian em entrevista à televisão BFMTV e à rádio RMC.
"Neste caso, temos de ser muito cuidadosos, pelo menos para pôr em prática dispositivos de proteção suficientes e reforçados. Acho que fizeram isso, mas, de qualquer modo, a questão permanece em aberto", acrescentou.
O chefe da diplomacia francesa afirmou que "talvez tenha havido um atentado terrorista contra o Dakar" e pediu "mais transparência" às autoridades sauditas.
Os factos remontam a 30 de dezembro, em Jeddah, quando um veículo ocupado por cinco franceses sofreu uma explosão. O seu condutor, Philippe Boutron, de 61 anos, ficou gravemente ferido e foi repatriado para França.
Na terça-feira, a Procuradoria nacional antiterrorista francesa anunciou a abertura de uma investigação preliminar sobre a explosão por "tentativa de homicídio em conexão com um grupo terrorista". A investigação será conduzida pelo serviço de Inteligência DGSI.
Embora as autoridades sauditas tenham descartado no sábado a hipótese de um ato criminoso e descrito o ocorrido como um "acidente", a organização da prova e o governo francês não descartaram a primeira possibilidade.
"Já houve ações terroristas na Arábia Saudita contra interesses franceses", disse Le Drian.
Em outubro de 2020, um guarda do consulado da França em Jeddah foi ferido em um ataque a faca. Duas semanas depois, um atentado na mesma cidade deixou dois feridos durante a cerimónia de armistício da Primeira Guerra Mundial. Participavam no evento diplomatas ocidentais, principalmente franceses.
O Rali Dakar enfrenta ameaças à sua segurança desde a sua primeira edição, em 1979. Entre 2009 e 2019, foi transferido para a América do Sul para escapar de possíveis ações terroristas vinculadas a conflitos em África.
Sexta etapa das motas neutralizada ao quilómetro 101
A organização neutralizou hoje a sexta etapa das motas da 44.ª edição do Rali Dakar de todo-o-terreno, em Riade, devido à destruição do percurso previsto.
Na quinta-feira, pela primeira vez na história da prova, os automóveis e as motas enfrentaram percursos diferentes, trocando entre si no dia de hoje.
Mas a passagem dos concorrentes dos automóveis e camiões e as chuvas que afetam aquela região da Arábia Saudita tornaram o percurso que as duas rodas deveriam percorrer hoje intransitável.
Assim, a organização optou por neutralizar a etapa no primeiro ponto de abastecimento, ao quilómetro 101, depois de muitas queixas dos pilotos relativas à segurança.
O piloto do Botsuana Ross Branch (Yamaha) foi um dos apanhados nas 'armadilhas' do traçado, desistindo após queda que lhe provocou lesões na mão direita. Foi transportado aos serviços médicos do acampamento pela organização.
No segundo e último ponto de controlo por que passaram as motas, ao quilómetro 81, o australiano Daniel Sanders (GasGas) liderava a classificação, com 1.26 minutos de vantagem sobre o austríaco Mathias Walkner (KTM) e 1.47 sobre o líder da geral, o britânico Sam Sunderland (GasGas), vencedor da edição de 2017.
Joaquim Rodrigues Jr. (Hero) seguia na 11.ª posição, Rui Gonçalves (Sherco) em 15.º e António Maio (Yamaha) em 21.º.
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