De acordo com as informações divulgadas pelos jornalistas que acompanham o clube, o novo contrato firmado com o Flamengo mantém bases salariais próximas das do anterior, mostrando que o treinador abriu mão do pedido de aumento ao compreender a situação económica causada pela pandemia no Brasil e pela desvalorização do Real.

Entretanto, ao contrário do que queria o Flamengo, o contrato terá a duração de apenas um ano e termina a meio da temporada de 2021 no Brasil. Apesar das tentativas do clube rubro-negro de garantir o treinador por todo o ano de 2021 e evitar conversas de renovação a meio da época, Jesus ainda vê, com esperança, a possibilidade de retornar ao futebol europeu para um grande clube, como sempre deixou claro.

JJ tem, neste momento, uma oportunidade enorme de entrar para a história do futebol brasileiro e de se tornar um dos maiores ídolos de um clube gigantesco como o Flamengo. Se continuar no clube por mais tempo, dando sequência ao bom trabalho feito até agora, continuará a influenciar o desenvolvimento do jogo no Brasil e será, para sempre, uma figura altamente influente.

A direção do clube carioca tem transmitido a segurança de que continuará a dar a estrutura e o investimento necessários para sonhar com boas épocas, tanto no Brasil quanto nas competições internacionais. Jesus, mantendo o bom desempenho, pode ousar enfrentar grandes europeus de igual para igual e ser um líder no crescimento do futebol latino-americano.

É sempre difícil confiar e acreditar em dirigentes de futebol, mas a Conmebol tem feito um trabalho bastante bom de desenvolvimento da Taça dos Libertadores e de crescimento mediático. A tendência, com a cobertura da imprensa e a pressão causada pelo desempenho do Flamengo, é que a CBF e os clubes brasileiros procurem soluções para se organizar financeiramente e melhorar o jogo disputado no Brasil. 

O Campeonato Brasileiro, se bem tratado, não deve ser visto como um mercado exótico no futebol mundial. Tem potencial para ter um nível técnico igual ou superior às ligas médias europeias, com a relevância de ter um mercado de 220 milhões de pessoas e o histórico de revelação de grandes talentos.

Um bom desempenho sequencial no Flamengo, habilitará, de vez, o treinador português ao comando da Seleção Brasileira, dando-lhe a possibilidade de sonhar com um título mundial. Teria talento e camisa à disposição para lutar pelo troféu e Tite, atual selecionador, tem perdido cada vez mais o apoio dos adeptos e da imprensa.

No entanto, Jorge Jesus tem-se apegado ao sonho que sempre o acompanhou durante a sua carreira europeia. Quer ganhar uma Champions e sabe que, hoje em dia, só é possível ao serviço de um dos gigantes europeus. Mas será que este sonho não é um devaneio de um treinador que enfrenta a barreira da idade, do idioma, do histórico e do mercado? Será que esta não é a hora de encontrar novos sonhos e enxergar a gigante oportunidade que tem em mãos?

Com os grandes europeus a convergir rumo a uma Superliga europeia, havendo poucos clubes com muito dinheiro sempre na liderança da luta pelo título continental, é natural que, no futebol, ganhem força movimentos contrários de democratização da atenção do adepto. 

Diferentemente de modalidades onde se juntam apenas uns quantos melhores do mundo num único torneio, a graça do futebol esteve sempre na constante possibilidade do improvável acontecer. No desporto, é-se tão grande quanto o rival e não se pode ser um gigante sozinho.

O futebol sul-americano tem um longo caminho a percorrer e está, atualmente, muito atrás, em organização e capacidade financeira, dos campeonatos europeus. Mas com a paixão dos seus adeptos e a quantidade de talento que nasce por lá, está longe de ser um mercado exótico como a Ásia e o Médio Oriente. 

Jesus poderia ser o expoente dessa revolução. Poderia entrar, ainda mais, para a história do Flamengo e ser parte da história do futebol do país mais vezes campeão do mundo. A esta altura da vida e da carreira, não me parece nada mal.

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