São 1058, para sermos exatos, os minutos que João Félix soma na equipa principal do Benfica. No total são 21 jogos, oito golos e três assistências divididos por todas as competições e um futebol perfumado, irrequieto, ágil e com faro de golo, que tem despertado a atenção de vários gigantes europeus lá fora.
Esta terça-feira, a imprensa desportiva noticia que Real Madrid se junta ao leque de clubes que quer tentar contratar Félix no final da temporada. Foi nesse contexto que o AS fez contas aos primeiros mil minutos do português, comparando-os com os de outros quatro dos melhores jogadores do mundo.
Félix, melhor que CR7, só perde para Lionel Messi
Numa equação em que as variáveis incluem um português e o Real Madrid, a primeira comparação só poderia incidir sobre Cristiano Ronaldo. Ora, o avançado da Juventus alcançou os primeiros mil minutos como profissional na temporada 2002/03, ao serviço do Sporting. Quando chegou à marca de tempo de Félix somava três golos e uma assistência.
Já em comparação com Kylian Mbappé, um ano mais velho que o avançado de 19 anos das águias, o português volta a vencer. O extremo do Paris Saint-Germain demorou 33 jogos para alcançar os mil minutos, sendo que nesse período fez quatro golos e seis assistências.
Neymar, um dos nomes constantemente associados à Bola de Ouro, cumpriu os mil minutos na equipa principal do Santos com apenas 17 anos e ao fim de 26 encontros. Durante esse tempo marcou quatro golos e somou quatro assistências.
Entre os astros do futebol mundial referenciados pelo AS apenas Lionel Messi supera Félix com 13 golos e oito assistências nos primeiros mil minutos da primeira época ao serviço da equipa principal do FC Barcelona, em 2004/05.
Os números que Félix fez seus em Alvalade
O interesse no jovem João Félix Sequeira de 19 anos não surge à toa. Opção para Rui Vitória e peça indispensável no novo 4x4x2 de Bruno Lage, o avançado fez do dérbi de domingo espelho do que tem sido a sua ascensão esta temporada.
Félix já tinha marcado aos leões. Aliás, foi precisamente diante do Sporting CP, na Luz, que se estreou a marcar com a camisola das águias. “Não sei se vou ter outro momento assim tão arrepiante. Um miúdo de 18 anos entrar e fazer um golo assim no primeiro dérbi, no seu segundo jogo no campeonato, perante 65 mil adeptos... é um momento que, se calhar, muito pouca gente vai vivenciar ao longo da vida”, recordou João Félix quando, em novembro de 2018, assinou a renovação de contacto com o Benfica.
O segundo jogo diante da turma de Alvalade não haveria de ser menos memorável, embelezando o futebol com estatística, essa marca importante que sustenta para lá das quatro linhas os desempenhos que se repetem nas cabeças dos adeptos e que ganham dimensões exageradas, para o mal e para o bem, nos balcões dos cafés.
Com o golo deste domingo, Félix tornou-se no terceiro melhor marcador das águias no campeonato com seis golos, apenas atrás de Pizzi (sete) e Seferovic (11). Depois vêm os números de circunstância do encontro com os pupilos de Marcel Keizer: fez-se o nono jogador a marcar nos dois primeiros dérbis pelo Benfica diante do Sporting, foi o primeiro português, em 40 anos, a marcar nos dois primeiros dérbis e tornou-se num dos mais jovens de sempre a fazer abanar as redes num encontro entre águias e leões
Nos mil, as primeiras vezes de Félix
Campeão nacional de juniores na época passada, João Félix, natural de Viseu, chegou ao Benfica em 2015, depois de vários anos na formação do FC Porto. A estreia na equipa principal aconteceu frente ao Boavista, a 18 de agosto, e, o próprio, recorda bem o “nervoso miudinho” que sentiu quando foi “aquecer na segunda parte, por volta dos 70/75 minutos”.
“Aqueci como nunca. Quando me disseram para intensificar o aquecimento, foi um momento inesquecível. Quando entrei em campo, foi uma sensação incrível, um sonho tornado realidade. Estávamos a ganhar por 2-0 e o ‘míster’ disse-me para aproveitar o momento, dentro do padrão de jogo e do compromisso da equipa", recordou.
A 23 de setembro, João Félix estreou-se como titular, face ao Desportivo das Aves, e também marcou, lembrando o mérito de Pizzi, que “a fazer passes a isolar é uma coisa inacreditável”.
“Sinto-me em casa, acolhido, bem-vindo. Espero que seja assim sempre. Ser adorado pelos adeptos é um apoio muito importante, dá motivação para o que temos de fazer em campo", admitiu o jogador, frisando a vontade de “ganhar títulos no Benfica”.
Na altura da renovação do contrato apenas saiu, oficialmente, uma data: até 2023 João Félix seria jogador das águias. Informalmente, soube-se, pela imprensa desportiva, que o avançado português teria ficado com uma cláusula de rescisão de 120 milhões de euros.
Tudo em Félix parece ser exagerado, a cláusula, a qualidade do futebol que pratica para a idade que tem, as comparações com Cristiano Ronaldo e Lionel Messi, o papel fundamental na tática do novo Benfica, a confiança. Numa época em que tudo é capaz de ir ao extremo de entusiasmo sem aparentes razões, os primeiros mil minutos do jovem aparentam ser uma hipérbole justificada.
Comentários