"Missão cumprida!", escreveu Purja na sua página do Facebook, ao escalar o Shishapangma. O alpinista completou a missão com a sua equipa na última montanha de mais de 8.000 metros que restava por conquistar.
"Nims" Purja, de 36 anos e ex-soldado das forças especiais britânicas, era completamente desconhecido no cenário do montanhismo até iniciar a sua missão, mas gradualmente foi conquistando o respeito e a admiração dos seus pares.
O recorde anterior de escalada dos famosos "14 8.000" era do polaco Jerzy Kukuczka, que completou a mesma façanha após sete anos, 11 meses e 14 dias em 1987. O italiano Reinhold Messner foi o primeiro a escalar os 14 picos, um ano antes.
O sul-coreano Kim Chang-ho completou o desafio num prazo um mês superior ao de Kukuczka, Porém, ao contrário de Kukuczka, que morreu num acidente de escalada em 1989, ele nunca usou oxigénio suplementar.
A princípio, o prazo de sete meses para alcançar os 14 cumes era visto como uma tarefa física e logisticamente impossível. O programa de escaladas era tão apertado que não permitia eventuais problemas que o obrigassem a fazer uma nova tentativa.
"Todos riam de mim", afirmou Purja à imprensa em meados de outubro, pouco antes de tentar a última das suas 14 escaladas.
"É necessário teres confiança nas tuas capacidades. Precisas de ter um estado de espírito positivo, porque às vezes as coisas correm mal. Os planos não acontecem como tinhas pensado. Mas, apesar de tudo, podes tornar o impossível em algo possível", declarou Purja à AFP antes da sua última escalada.
O impressionante caminho de Purja começou a 23 de abril, quando chegou ao topo do Annapurna (8.091m), no Nepal.
Quase sem parar para respirar ou dormir, passando de um campo-base para o seguinte, de helicóptero, o alpinista escalou algumas montanhas de uma só vez, sem parar nos acampamentos intermediários.
Na primeira parte da sua tentativa de recorde, Purja também escalou os montes nepaleses Dhaulagiri (8.167 m), Kanchenjunga (8.586 m), Everest (8.848 m), Lhotse (8.516 m) e Makalu (8.485 m).
Após algumas semanas de descanso, ele seguiu em julho para o Paquistão para a segunda parte da missão, onde escalou os temíveis K2 (8.611 m) e Nanga Parbat (8.126 m), assim como o Gasherbrum I (8.080 m), Gasherbrum II (8.035 m) e o Broad Peak (8.051 m).
No fim de setembro, Purja escalou o Cho Oyu (China, 8.188 m) e o Manaslu (Nepal, 8.163 m).
A conclusão da tarefa esbarrou no encerramento do parque onde fica o Shishapangma, mas as autoridades chinesas concederam a Purja uma permissão especial para a sua tentativa, após um pedido do governo nepalês.
Nascido numa família modesta de uma povoação do noroeste do Nepal, Purja passou 16 anos nas unidades Gurkhas do exército britânico, que deixou há poucos meses para se dedicar integralmente ao alpinismo.
Purja integra uma categoria de alpinistas que têm a velocidade como a marca mais característica. Contudo, estas escaladas não agradam os puristas das montanhas.
"Sem levar em consideração o estilo (oxigénio suplementar, apoio de sherpas [pessoas que ajudam os alpinistas], vias clássicas, helicópteros entre montanhas, etc), o feito é extremamente impressionante", declarou à AFP Alan Arnette, que escreve num blog sobre alpinismo.
"Nirmal Purja estabeleceu uma barreira que levará décadas para superar ou que nunca será superada", completou.
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