“É perfeitamente natural que as federações desportivas e os seus órgãos representativos agora procurem ações mais musculadas, mais fortes, que ajudem o poder político a tomar decisões diferentes das que tem tomado até à presente data”, disse o dirigente, em declarações à Lusa.

O movimento desportivo português lamentou a "desconsideração" por parte das forças políticas e observou que o setor está ao "abandono", na sequência da proposta de lei que hoje aprovou o Orçamento do Estado (OE) para 2021.

“Não sou capaz de antecipar as medidas que o desporto poderá eventualmente vir a adotar. A única coisa que posso testemunhar é que o sentido crítico de muitas das intervenções de presidentes de federações aponta para que as tomadas de posição moderadas, sensatas, equilibradas que temos tido na apresentação de propostas para melhorar a situação que estamos a viver não têm atingido o seu objetivo”, completou.

Juntamente com o Comité Paralímpico de Portugal (CPP) e Confederação do Desporto de Portugal (CDP), foi decidido convocar uma nova “cimeira das federações desportivas” para análise da situação política criada pela decisão da Assembleia da República, que ignorou o setor nas suas propostas.

Constantino quer “ouvir o parecer” dos parceiros quanto ao “alheamento do poder político” que, recorda, agora vai além do PS, uma vez que o PSD se lhe juntou para travar várias propostas para o desporto feitas por grupos parlamentares mais pequenos.

“Do PS, que apoia o governo, posso compreender algum alinhamento, mas posição grave, uma grande surpresa foi da parte da oposição, e de um partido candidato a governação do país”, lamentou, “surpreso” com a atitude do partido de Rui Rio.

Em jeito de conclusão, José Manuel Constantino admite “enorme tristeza” pelo facto de a AR “não reconhecer o papel social e político do desporto”.

O dirigente fala do “sentimento de abandono” do desporto que viu rejeitadas as propostas de alteração ao OE2021 e que tinham sido "subscritas por vários grupos parlamentares".