É preciso recuar a 2003, quando Petter Solberg conquistou o título pela Subaru para encontrar um campeão que não se chamasse Sébastien.
Cada vez mais longe da sombra do compatriota, Ogier distingue-se pelo trato fácil e simpatia, igualando os dotes na condução. Casado com uma apresentadora alemã de televisão, com quem tem um filho de dois anos, tem na família um importante suporte.
O amor pela competição começou a ver os troços do rali de Monte Carlo, que passam literalmente à porta de casa. Trabalhou como mecânico e instrutor de esqui antes de ver as portas dos ralis abrirem-se numa formação de preparação de carros de competição.
Como a equipa para a qual trabalhava já participava no Rally Jeunes, prova de captação de talentos, um dia decidiu inscrever-se. Foi quanto bastou para começar a fazer história.
Daí ao Mundial de Juniores foi um passinho, que o fez aterrar na Citroën Junior Team em 2009.
Alcançou a primeira vitória, no ano seguinte, precisamente, em Portugal, causando espanto por ter batido o então incontestado Loeb.
O triunfo no Algarve levou os responsáveis da Citroën a colocarem um carro oficial nas mãos do seu jovem pupilo na segunda metade do campeonato de 2010 e Ogier não desiludiu tendo vencido no Japão e terminado em segundo lugar no difícil Rali da Finlândia.
Em 2011, venceu cinco provas, reeditando o sucesso em Portugal, mas terminou o Mundial no terceiro lugar. A convivência com Loeb não foi pacífica e Ogier deixou a Citroën no fim da temporada, por considerar que nunca poderia ser campeão enquanto o compatriota estivesse na equipa.
Ogier apostou na Volkswagen e no desenvolvimento do Polo R WRC, que apenas faria a estreia oficial na época seguinte, o que o levou a participar no campeonato de 2012 ao volante de um pouco competitivo Skoda Fabia S2000, tendo como melhor resultado um quinto lugar, na Itália.
A entrada da Volkswagen no Mundial de Ralis, em 2013, não poderia ter sido mais triunfante, com Ogier a vencer nove das 13 provas, beneficiando do facto de Loeb ter participado apenas em ‘part time’, ainda assim impondo-se em dois dos quatro ralis que disputou.
Ogier e a Volkswagen prolongaram o sucesso nos três anos seguintes, em 2014, 2015 e 2016, até que o surpreendente abandono da competição por parte da marca alemã levou o francês a procurar uma nova ‘casa’, optando pela M-Sport, sempre com o compatriota Julien Ingrassia como copiloto do Ford Fiesta.
O quinto lugar obtido hoje no Rali da Austrália, permitiu a Ogier assegurar a conquista do título de 2018, o mais suado da sua carreira e único decidido na derradeira jornada.
A dupla francesa chegou à 13.ª ronda com apenas três pontos de vantagem na liderança do campeonato, reconquistada após seis provas em que penou nos outros degraus do pódio, a que não está habituado. “Chegámos a pensar que não seria possível vencer este”, confessou hoje, mal cortou a meta.
Depois de um início de temporada promissor, com uma vitória à porta de casa, em Monte Carlo, o piloto nascido em Gap, em França, sofreu na Suécia antes de duas vitórias consecutivas, no México e na Córsega. A Argentina e, sobretudo, Portugal, onde registou o único abandono do ano, foram pedras no sapato durante a caminhada para o título. Na Sardenha perdeu pela primeira vez a liderança, que demorou seis provas a reconquistar. A experiência, a tranquilidade e a inteligência, imagens de marca que transporta consigo, fizeram a diferença para lidar com a pressão.
Ao volante de um Fiesta WRC, Ogier nunca tinha sofrido tanto para conquistar o título, sexto consecutivo, que o deixa a apenas três do recorde de Loeb (9).
Agora segue-se nova etapa, com o regresso à Citroën, para tentar prolongar a lenda.
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