O Sporting foi recebido nos Paços do Conselho da Câmara Municipal de Lisboa esta tarde para assinalar a conquista do campeonato nacional de futebol com uma cerimónia institucional, reservada a convidados, à comitiva leonina e à comunicação social devido à pandemia da covid-19.

Depois do discurso do autarca da cidade, Fernando Medina, seguiu-se Frederico Varandas, que começou logo por agradecer a FC Porto e SL Benfica — sempre tratados por “rivais” e nunca pelo nome.

“Foram adversários difíceis e duros dentro de campo, acreditaram até ao fim, graças a eles obrigaram-nos a superar a cada jornada, a bater recordes atrás de recordes, sem eles não teríamos chegado aqui”, disse o líder leonino.

No entanto, depois da saudação, vieram duras críticas, dizendo ser “uma injustiça confundir duas grandes instituições por pessoas que as representam”. Varandas visou então as estratégias de comunicação dos dois clubes, criticando o Benfica por alegadamente sugerir que não foi campeão por que foi “o único clube do mundo a sofrer covid“ e o FC Porto “porque teve apenas 16 penáltis” assinalados a seu favor.

O presidente do Sporting comentou ainda, dirigindo-se para Fernando Medina, às críticas aos festejos do título leonino, que terão sido consideradas “um espetáculo degradante”. “Não concordo, é verdade que houve excessos impossíveis de conter tal a dimensão do clube e do sentimento que carregava este título que fugia a 19 anos, mas degradante é estar envolto em escutas, ouvir a minha voz em escutas de corrupção há anos e anos”, atirou Varandas, em novas alusões aos presidentes dos dois clubes rivais.

Mais tarde, o tema da corrupção desportiva voltaria a ser mencionado pelo presidente do Sporting, considerando que a conquista do título de futebol é “uma luz ao fundo do túnel, alento e esperança para muita gente” pois demonstra que “os do bem também têm força, também têm coragem e também têm resiliência. Sobretudo, que também ganham. Que é possível vencer sem abdicar da honra, da decência, da integridade, da transparência, da nobreza do desportivismo”.

A propósito da conquista — e criticando a “bipolarização do futebol português” protagonizada por FC Porto e Benfica — Varandas sublinhou que o Sporting vive um “momento histórico” em que “não pode desperdiçar a oportunidade para mudar o paradigma do futebol português”.

“Se venho aqui prometer que somos campeões para o ano? Jamais. O que posso prometer é que se o Sporting tiver cabeça fria, juízo, união e competência, tem tudo para dentro de 2, 3 anos estar no topo do futebol português, olhos nos olhos. Até lá temos de subir os degraus de décadas de insucesso”, alertou o presidente do Sporting.

Estendendo os seus agradecimentos a toda a estrutura — mas singularizando o campeão de equipa, Sebastián Coates, ao treinador Rúben Amorim e ao diretor desportivo Hugo Viana, Varandas comparou a conquista do campeonato a um “pelotão  que tomou de assalto o campeonato português, com o seu comandante de companhia a liderar”, tendo ganho “a guerra“ jornada após jornada, “em 34 batalhas”.

 

Para vencer o campeonato, Varandas frisou que o Sporting partia de uma posição de desvantagem financeira e competitiva perante os clubes rivais, sendo que apenas conseguiu sagrar-se campeão não só com “competência, resiliência e coração”, mas também com “inteligência e mentalidade vencedora”.

Admitindo que, dado o histórico do clube em ceder à pressão nos momento decisivos, chegou a ter medo quando dois empates sucessivos perante Famalicão e Belém SAD reduziram a margem da liderança, o presidente dos leões disse que escreveu à sua equipa do Conselho Diretivo a dizer que o clube ia ser campeão. “Ter coragem não é não ter medo, é não ceder ao medo”, disse.

Perante os desafios futuros, Varandas pediu união aos “sócios anónimos” tanto dos núcleos como das claques com quem manteve guerra aberta no passado recente.