O anúncio da criação de uma Superliga Europeia por 12 dos principais clubes de Espanha, Inglaterra e Itália, que pretendem desenvolver uma competição de elite, concorrente da Liga dos Campeões, em oposição à UEFA, está a ter impactos que extravasam as realidades dos clubes e que até podem colocar em causa o normal desenrolar do Campeonato da Europa que vai acontecer este verão.

Em resposta à criação da prova, Aleksander Ceferin, presidente da organização que tutela o futebol a nível europeu, defendeu esta segunda-feira que os jogadores dos clubes que alinhem na Superliga vão ser “proibidos” de participar em competições internacionais, como o Campeonato do Mundo e o Campeonato da Europa, e também não poderão representar as suas seleções.

Tal decisão da UEFA poderia alterar a composição de algumas das principais seleções que vão participar no Euro 2020. Portugal, por exemplo, seria altamente impactado, ficando despojado de estrelas como Cristiano Ronaldo (Juventus), Bernardo Silva (Manchester City) ou Bruno Fernandes (Manchester United).

Ou seja, todos os jogadores portugueses do AC Milan, Arsenal, Atlético de Madrid, Chelsea, FC Barcelona, Inter de Milão, Juventus, Liverpool, Manchester City, Manchester United, Real Madrid e Tottenham, clubes fundadores da Superliga, estariam impedidos de ser convocados por Fernando Santos.

A tradução real deste impedimento resulta na seguinte lista:

AC Milan: Diogo Dalot e Rafael Leão

Arsenal: Cédric Soares

Atlético de Madrid: João Félix

FC Barcelona: Francisco Trincão

Juventus: Cristiano Ronaldo

Liverpool: Diogo Jota

Manchester City: João Cancelo, Rúben Dias e Bernardo Silva

Manchester United: Bruno Fernandes

Tomando como exemplo a última convocatória da seleção nacional para os jogos de qualificação para o Campeonato do Mundo de 2022, frente ao Azerbeijão, Sérvia e Luxemburgo, sete nomes (Cancelo, Cédric, Rúben Dias, Bernardo Silva, Bruno Fernandes, Félix, Ronaldo e Jota) não estariam disponíveis. Sendo que os restantes quatro, nesse mesmo período, tinham sido convocados para a seleção de sub-21, sob as ordens de Rui Jorge.

A ausência com maior notoriedade seria a de Cristiano Ronaldo, capitão da seleção, que, neste cenário, e mantendo-se na Juventus, estaria impossibilidado de continuar a perseguir o recorde de Ali Daei, o iraniano que, com 109 golos, é o melhor marcador das histórias da seleções. Cr7 tem menos está a seis golos de igualar esta marca e a sete de a superar.

Qual o impacto nas outras seleções?

O impacto da criação de uma Superliga Europeia está longe de ser um problema exclusivo da seleção nacional. França, campeã do mundo em título e adversária de Portugal na fase de grupos no Euro2020, seria uma das formações mais impactadas pela decisão, com Didier Deschamps a ficar impossibilitado de chamar à seleção jogadores como Hugo Lloris (Tottenham), Tanguy Ndombele (Tottenham), Moussa Sissoko (Tottenham), Kurt Zouma (Chelsea), Olivier Giroud (Chelsea), Anthony Martial (Manchester United), Paul Pogba (Manchester United), Raphaël Varane (Real Madrid), Ferland Mendy ((Real Madrid), Antoine Griezmann (FC Barcelona), Ousmane Dembélé(FC Barcelona), Clément Lenglet (FC Barcelona), Thomas Lemar (Atlético de Madrid) ou Adrien Rabiot (Juventus). Tudo jogadores que integraram a última convocatória do técnico.

Já a Alemanha, também adversária de Portugal no próximo Euro2020, sofreria um impacto menor, pelo menos numa avaliação quantitativa. Neste cenário, a Mannschaft não poderia contar com Marc-André ter Stegen (FC Barcelona), Bernd Leno (Arsenal), Antonio Rüdiger (Chelsea), Kai Havertz (Chelsea), Timo Werner (Chelsea),  İlkay Gündoğan (Manchester City) e Toni Kroos (Real Madrid).

A Hungria, também futura adversária de Portugal no Euro, tendo em conta a última convocatória, não sofreria qualquer limitação à convocatória de jogadores.

Num olhar mais geral, e tendo em conta as últimas chamadas de jogadores, Inglaterra e Itália, países de onde são nove dos 12 fundadores da Superliga Europeia, também sofreriam graves baixas. Nos Três Leões, Gareth Southgate ficaria sem Dean Henderson (Manchester United), Luke Shaw (Manchester United), Kyle Walker (Manchester City), John Stones (Manchester City), Eric Dier (Tottenham), Harry Maguire (Manchester United), Ben Chilwell (Chelsea), Reece James (Chelsea), Mason Mount (Chelsea), Phil Foden (Manchester City), Harry Kane (Tottenham) e Raheem Sterling (Manchester City). Já na Gli Azzurri, Roberto Mancini não poderia contar com Gigi Donnarumma (AC Milan), Alessandro Bastoni (Inter de Milão), Emerson Palmieri (Chelsea), Leonardo Bonucci (Juventus), Nicolò Barella (Inter de Milão), Federico Bernardeschi (Juventus) e Federico Chiesa (Juventus).

Na La Roja, de onde são naturais os três restantes clubes fundadores desta Superliga, Luis Enrique ficaria impedido de contar com David de Gea (Manchester United), Eric García (Manchester City), Jordi Alba (FC Barcelona), Sergio Busquets (FC Barcelona), Sergio Ramos (Real Madrid), Pedri González (FC Barcelona), Koke (Atlético de Madrid), Rodri Hernández (Manchester City), Thiago Alcântara (Liverpool), Marcos Llorente (Atlético de Madrid), Álvaro Morata (Juventus) e Ferrán Torres (Manchester City).

Curiosamente, uma das seleções com menores perdas, ao nível quantitativo, seria a Bélgica, seleção número um do ranking da FIFA. No entanto, os quatro nomes que Roberto Martínez perderia face à última convocatória, seriam, qualitativamente, perdas de grande peso: Toby Alderweireld (Tottenham), Kevin De Bruyne (Manchester City), Alexis Saelemaekers (AC Milan) e Romelu Lukaku (Inter de Milão). Isto sem incluir Eden Hazard (Real Madrid).

Estas listas são apenas amostras, uma vez que utilizámos como base para fazer o diferencial as últimas convocatórias, que por várias razões podem não incluir todos os jogadores habitualmente chamados às seleções. Mas este é impacto real e um retrato de um Euro que pode estar em risco de perder algumas das maiores estrelas do futebol mundial.

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