Miguel Oliveira trocará a KTM pela equipa WithU-RNF da Aprilia. O anúncio foi feito em primeira mão pela formação italiana de MotoGP, momentos antes do próprio piloto português e do pai, Paulo Oliveira, anunciarem, em conferência de imprensa, o destino para os próximos dois anos.
“Foi um contrato assinado recentemente, após meses de negociação”, afirmou o pai e agente do piloto de Almada. “Não foi fácil porque tínhamos acertado com a KTM. Foi-lhe oferecida a equipa GASGAS, algo que ele (Miguel) obviamente não aceitou e tivemos de procurar uma nova equipa” assegurou.
Chega ao fim uma novela de meses e dissipa-se a especulação dos últimos dias sobre a qual seria a equipa de Miguel Oliveira. Depois de quatro anos no Mundial de motociclismo de velocidade na austríaca KTM, abraça a RNF, equipa malaia e formação satélite da Aprilia a partir de 2023.
“A mota enquadra-se no estilo de pilotagem do Miguel e pode ser uma mota vencedora nas (suas) mãos”, atirou antes de garantir que terá “estatuto de piloto oficial na Aprilia e não de uma equipa satélite, embora participe numa equipa satélite”, frisou.
“Todas as mudanças requerem tempo e decidi abraçar um novo projeto para os próximos dois anos”, anunciou o próprio Miguel Oliveira durante a conferência que decorreu no Fan Club, na Charneca da Caparica.
Impedido de falar do contrato (“só poderá falar a partir de [GP] Valência”, aviso dado pelo pai), o almadense de 27 anos sublinhou que este “é um passo que necessito para a minha carreira”.
“Uma mudança nunca é fácil. Tomei um passo na direção certa e sai da zona de conforto. Era muito tentador ficar, mas desportivamente será o passo correto a dar”, respondeu Miguel Oliveira questionado sobre o virar de página. Um novo capítulo em que terá a companhia de Raúl Fernández (Tech3 KTM Factory Racing).
Para trás fica uma longa duração com a KTM com quem conquistou “dois títulos de vice, em moto3 e moto2”, fez a “transição para o MotoGP”, em 2019, na Tech3, e rumou à equipa de fábrica em 2021, conquistou “37 pódios e 14 vitórias e ainda com corridas por terminar, o número pode ser aumentado até ao GP de Valência”, disse. Conquistou ainda quatro vitórias na categoria ‘rainha’ do motociclismo de velocidade, com os triunfos em Portimão e na Estíria, em 2020, em Barcelona, no ano passado, e na Indonésia, na presente temporada.
“Este ano foi um ano de abertura de muitas oportunidades a nível de mercado, procurei sempre garantir que me enquadrava com a KTM para o futuro mas, ao longo das negociações, percebemos que os caminhos poderiam separar-se. Só tenho de agradecer todo o esforço da KTM mas acredito que é o passo de que necessito como piloto”, reiterou.
Entre agradecimentos à anterior equipa e promessa de empenho total mútuo para o que resta da temporada, Oliveira esclareceu ainda que a irá cessar a “colaboração técnica”, embora continue a “explorar a mota até ao final da época”.
Garantindo ter sido sempre “100% transparente” com a formação austríaca, não nega que a demora nas decisões não tenha afetado a ele e à equipa. “Não posso dizer 200 por cento que não afetou, há dúvidas e conversas que afetam a confiança e o foco. Talvez algo tenha passado pela cabeça, enquanto equipa sofremos a mudança e não mudança e a incerteza vivida nos últimos tempos”, anotou.
Garantiu não ter comentado o assunto com os pilotos, explicou que “processo foi feito com secretismo dentro do possível. Na época, o nosso foco não é falar sobre isso”.
Sem ter “a cabeça virada para pensar em aspetos técnicos sobre o futuro”, Miguel Oliveira disse esperar um sistema já existente noutros construtores. “Equipa de testes e peças a serem atribuídos a quem está em melhor performance. Todos os construtores têm essa filosofia. Querem sair por cima no final da corrida e não apenas aquela equipa ou piloto”, finalizou.
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