“Têm de ser apuradas responsabilidades quanto à segurança do museu e do Estádio do Dragão, que foi o palco escolhido pelo presidente da Mesa da Assembleia Geral para as eleições. Se essa segurança não está garantida, como é que iremos ter transparência e segurança de voto em 27 de abril? São questões que ficam sempre por esclarecer. As pessoas escudam-se no silêncio e, quando soltam os comunicados, os sócios reagem veementemente. Foi um episódio lamentável, que facilmente poderia ter sido evitado se houvesse comunicação entre as partes”, vincou, em declarações à comunicação social.
O ex-treinador falava na sua sede de campanha, no Porto, no final da apresentação de cinco associadas como candidatas pela lista “Só há um Porto” ao Conselho Superior nas eleições do clube ‘azul e branco’, que decorrerão em 27 de abril, no Estádio do Dragão.
No sábado, o FC Porto anunciou ter apresentado uma participação às autoridades pelo roubo de faixas das claques Super Dragões e Colectivo Ultras 95 no museu do clube, na sequência de um assalto ocorrido em 04 de março, dia seguinte à goleada aplicada em casa ao então líder isolado e campeão nacional Benfica (5-0), na 24.ª jornada da I Liga.
“Por decisão própria, o FC Porto optou por não comunicar aos sócios naquela altura em que as tarjas foram roubadas. Desconhece-se a razão pela qual o fez, mas vem em linha com uma série de ações que a direção está a tomar. Enviámos uma carta registada para que os sócios sejam esclarecidos sobre uma série de negócios estruturantes, de receitas e de questões. Este caso foi pior: os sócios e os representantes das claques não foram informados. O roubo de uma tarja é sagrado no movimento das claques. A constatação dessa realidade foi omitida e as claques reagiram de forma ostensiva”, disse Villas-Boas.
Notando que os suspeitos foram identificados através das imagens de videovigilância do museu, o FC Porto manifestou-se solidário com os grupos organizados de adeptos, que protestaram em silêncio durante a goleada ao Vizela (4-1), no sábado, para a 26.ª ronda.
Se os Colectivo Ultras 95 deixaram as bancadas na primeira parte, sendo vaiados pela maioria dos adeptos portistas, que ripostaram com cânticos, os Super Dragões tomaram posição idêntica ao intervalo e viraram mesmo as suas faixas principais para cima, mas mudaram subitamente de ideias no início da segunda parte e jamais pararam de cantar.
“Há coisas que não se misturam. O protesto teve a ver com o roubo que foi comunicado duas semanas depois e não com o ato eleitoral. O clube tem de se unir em torno daquilo que é sagrado. Os adeptos substituíram as claques, que tantas vezes animam o estádio. Foi uma forma de apoiarem a equipa. É de lamentar a atuação da direção, que assiste a isto de forma impávida, não comunica com os sócios e chuta para canto o que não lhe interessa. No final, a equipa conseguiu vencer e isso é o mais importante”, reconheceu.
Fonte policial disse à agência Lusa que a PSP “já apurou prova nas diligências levadas a cabo” desde a queixa apresentada no início da semana pela direção de Pinto da Costa.
Antes da receção ao Vizela, as claques aperceberam-se do roubo do material e encaminharam-se para o museu do FC Porto, situação que levou o comandante do dispositivo de segurança da partida a dirigir-se aos Super Dragões e aos Colectivo Ultras 95 para dar explicações.
André Villas-Boas concorrerá com Pinto da Costa, detentor de 15 mandatos seguidos na presidência do FC Porto e dirigente com mais títulos e longevidade do futebol mundial, e com o empresário Nuno Lobo, candidato derrotado em 2020, nas eleições dos ‘dragões’.
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