Em 16 de janeiro, a dona da Meo lançou o programa de saídas voluntárias Pessoa, dirigido aos trabalhadores com mais de 50 anos que pretendessem candidatar-se à pré-reforma ou suspensão do contrato de trabalho, com duração de três semanas, cujo prazo de adesão terminou em 04 de fevereiro.
Em entrevista à Lusa, Alexandre Fonseca faz um balanço “bastante positivo”, considerando que “terá sido quase unânime em termos das vantagens e a oportunidade deste programa”, apontando que o mesmo “foi saudado pelas próprias estruturas representativas dos trabalhadores, pelos sindicatos” e pela Comissão de Trabalhadores, com quem a empresa falou “previamente”.
Por isso, “desde o início a expectativa era grande porque o programa foi muito bem recebido”, salientou, apontando que foram recebidos “cerca de dois milhares de candidaturas”, em linha com o que estava previsto com a análise da dona da Meo.
O departamento de recursos humanos está a ultimar o processo e “quando estiverem concluídas vamos estar a falar no universo de um bocadinho menos de um milhar de pessoas que irão ter uma resposta favorável à sua candidatura”, ou seja, que terão ‘luz verde’ da empresa para passarem para uma situação de suspensão do contrato de trabalho ou pré-reforma.
“Infelizmente, não podemos aceitar todos os casos e mesmo alguns que são casos complexos e que reconhecemos que são complexos. Mas têm que se ‘priorizar’ e temos que perceber que a companhia tem de continuar a trabalhar. Portanto, a análise desses casos excecionais ainda está a decorrer”, prosseguiu, salientando que tal deverá estar concluído dentro de “uma semana e pouco”.
A Altice Portugal tem atualmente cerca de 8.500 colaboradores, tendo uma pirâmide etária ligeiramente envelhecida, segundo o gestor.
A este programa puderam candidatar-se os trabalhadores da empresa, os que tinham tido dispensa de assiduidade (que estavam em casa e regressaram no início deste ano) e os que tinham sido transferidos para outras empresas, no âmbito da designação de transferência de estabelecimento.
Com este programa, “tomámos duas decisões”, que foi incluir estas duas últimas situações, embora haja trabalhadores que regressaram da dispensa da assiduidade, “poucas dezenas”, que não quiseram aderir ao programa, não pretendem formação e nem estão dispostos a mudar de funções, de acordo com o presidente executivo.
“Os sindicatos foram muito efusivos ao longo dos últimos meses sobre o tema das pessoas que estavam com dispensa de assiduidade. Essa dispensa vigorava até ao final do mês de janeiro e nós, com tranquilidade, deixamos percorrer esse período”, disse, acrescentando que também lhes foi dada a “possibilidade” de aderirem ao programa.
“Uma parte importante deles candidatou-se”, mas “também não posso esconder que uma parte desses colaboradores, tendo regressado, regressaram com uma postura de, diria, pouca colaboração com organização”, adiantou Alexandre Fonseca.
“Ou seja, mesmo tendo uma opinião generalizada sobre as virtudes deste programa, disseram que não é suficiente, não era suficiente irem para casa até a idade legal de reforma com 100% do seu salário. Mesmo assim não era suficiente e que também não estão disponíveis para desempenhar funções que não sejam exclusivamente aquelas que desempenharam durante os últimos 20 anos”, explicou.
Esta é “uma temática que os preocupa porque não têm, de facto, enquadramento [na empresa] e que não estão a ser colaborantes com a organização”, apontou Alexandre Fonseca, que disse esperar encontrar uma solução para esta situação.
Relativamente aos trabalhadores que tinham sido transferidos, o presidente executivo salientou que honrou “o compromisso” feito quando assumiu a liderança da Altice Portugal, há mais de um ano, em que se comprometeu em resolver a situação destes colaboradores.
A Altice Portugal deu “a esses colaboradores a possibilidade de aderir ao programa Pessoa mesmo já não sendo colaboradores do quadro”, sendo que alguns aderiram à iniciativa e, “portanto,, mais uma vez, honrámos também esse compromisso”, afirmou.
“Penso que é mais um gesto no sentido daquilo que tem sido a procura de estabilidade laboral e da paz social dentro da Altice Portugal”.
Alexandre Fonseca disse que a administração da empresa vai continuar “a trabalhar com os sindicatos” para encontrar “uma solução” para as “muito poucas dezenas” de colaboradores que “não têm e não querem ter enquadramento laboral”.
Questionado sobre qual foi o ‘segredo’ para serenar os ânimos na Altice Portugal quando assumiu a presidência executiva, Alexandre Fonseca apontou que numa estrutura como a dona da Meo esta tem de “ser gerida efetivamente como uma empresa, uma comunidade, onde nem toda a gente é igual e existem diferenças”.
O diálogo “é o meu compromisso”, disse, salientando que nem sempre todas as partes vão estar de acordo, mas uma coisa é certa: “Queremos todos o melhor para a empresa e a empresa, para estar bem, para crescer como cresceu no último ano, tem que ter recursos humanos motivados e dentro do projeto”.
Resumindo, “que sejam os principais embaixadores da marca e dos nossos produtos e, portanto, tem que haver paz aqui dentro”, rematou.
Exemplo disso foi a criação do Conselho Consultivo para as relações laborais, uma aposta pessoal de Alexandre Fonseca, que o próprio assume como um “gesto arrojado”, que se traduziu na assinatura do acordo coletivo de trabalho.
Neste momento, a Altice Portugal já está a dar os primeiros passos para discutir uma nova versão do mesmo, menos de um ano após a assinatura do acordo coletivo de trabalho.
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