PIB britânico cai mais que esperado e afunda 10,3% este ano
A Comissão Europeia piorou hoje as estimativas sobre a economia do Reino Unido, passando a prever que o Produto Interno Bruto (PIB) britânico caia 10,3% este ano devido à covid-19, tendência contrária à da Europa, onde existem melhorias.
Em causa estão as previsões macroeconómicas de outono do executivo comunitário, hoje divulgadas, que antecipam que a economia britânica vá afundar 10,3% este ano, pior do que esperado nas projeções do verão (9,7%) e da primavera (8,3%).
"Como consequência da pandemia de covid-19, prevê-se que o PIB do Reino Unido caia acentuadamente em 2020, impulsionado por uma grande queda na procura interna", explica a instituição no documento publicado em Bruxelas.
Esta tendência é contrária à registada na zona euro e no conjunto da União Europeia (UE), áreas para a qual a Comissão Europeia passou a prever quedas menos acentuadas do PIB, em resultado da pandemia.
Também a recuperação deste antigo Estado-membro da UE, o Reino Unido, foi revista em baixa, passando agora a prever-se que o PIB britânico cresça 3,3% em 2021 e 2,1% em 2022.
Nas anteriores previsões económicas da instituição, do verão e da primavera, previa-se que a economia britânica crescesse 6% em 2021.
"Espera-se que a recuperação em 2021 seja moderada, assumindo nesta previsão as relações comerciais UE-Reino Unido baseadas nas regras [...] da Organização Mundial do Comércio a partir do início de 2021", argumenta o executivo comunitário, numa alusão à possibilidade os blocos britânico e comunitário não chegarem a acordo sobre a sua futura relação pós-Brexit.
De acordo com a instituição, projeta-se também que o consumo privado no Reino Unido "impulsione a maior parte da recuperação em 2021", devendo, porém, o investimento por parte das empresas "demorar mais tempo a recuperar devido aos efeitos a longo prazo da pandemia e à necessidade de adaptação às novas relações comerciais com a UE, significativamente menos benéficas".
Numa altura de incerteza por causa destas negociações comerciais, mas também impactada pela pandemia de covid-19, que está a ter um novo pico na Europa, Bruxelas estima que o desemprego no Reino Unido suba 5% este ano, devendo depois aumentar para os 7,3% em 2021 e para os 6,2% em 2022.
Já o défice britânico deverá ser de 13,4% este ano, de 9% em 2021 e de 7,6% em 2022, segundo estas estimativas comunitárias.
"Prevê-se que o défice das administrações públicas [do Reino Unido] aumente no corrente ano fiscal acima dos níveis observados na crise financeira global", em 2008, aponta a Comissão Europeia.
Por seu lado, a taxa de inflação dos preços ao consumidor deverá ser 0,9% este ano e subir para 2,3% em 2021 e 2,9% em 2022.
Queda do PIB alemão em 2020 melhor que previsto apesar de "recessão histórica"
A Comissão Europeia melhorou hoje a previsão da contração da economia alemã, devendo o país registar este ano, ainda assim, uma "recessão histórica" de 5,6%, recuperando em 2021 e 2022.
Apesar da "recessão histórica" registada no primeiro semestre, as previsões de hoje são melhores, no entanto, que a estimativa de uma contração do Produto Interno Bruto (PIB) da Alemanha avançada no verão (-6,3%).
Por outro lado, o crescimento do PIB apontado para 2021 é revisto em baixa para os 3,5% nas previsões de outono face aos 5,3% avançados em julho.
Em 2022, a Comissão Europeia estima um abrandamento para os 2,6% do crescimento do PIB.
A Alemanha - a maior economia da zona euro - deverá registar este ano um défice orçamental de 3,4% do PIB, que deverá recuar para os 2,7% em 2021 e os 1,9% do PIB em 2022.
As previsões para a dívida pública, por seu lado, apontam para um peso de 71,2% este ano, recuando para os 70,1% em 2021 e os 69,0% do PIB em 2022.
A taxa de inflação deverá ficar-se nos 0,4% em 2020, subindo para os 1,4% em 2021 (abaixo dos 1,5% avançados no verão) e fixando-se nos 1,3% no ano seguinte.
A taxa de desemprego estimada para este ano é de -1,0%, fixando-se nos 0,2% em 2021 e 0,6% em 2022.
Bruxelas refere no documento hoje divulgado que a economia da Alemanha, devido à pandemia da covid-19, "sofreu a contração mais acentuada de que há registo, no primeiro semestre do ano", tendo recuado 2% no primeiro trimestre e 10% no segundo.
A Comissão Europeia estima uma recuperação no terceiro trimestre, que deverá ser, no entanto, contrariada pelas novas subidas de casos de covid-19, em meados de outubro, que obrigaram a novas medidas de contenção, nomeadamente restrições em viagens, alojamento, restauração e outros serviços.
Apesar de a recessão deste ano parecer agora menos grave do que o esperado, as perspetivas continuam incertas dado o ressurgimento de casos de covid-19 e os desafios estruturais enfrentados pela indústria transformadora alemã, prevê o executivo comunitário.
Economia italiana com menor queda que esperado mas ainda cai 9,9% este ano
A Comissão Europeia prevê uma recessão menos acentuada em Itália este ano do que anteriormente previa, mas ainda projeta uma queda de 9,9% do Produto Interno Bruto (PIB), esperando que o país só recupere totalmente depois de 2022.
Nas previsões macroeconómicas de outono, hoje divulgadas, o executivo comunitário aponta que "Itália está a recuperar de um fosso profundo na produção" devido à covid-19, embora sublinhe que "a pandemia e as suas repercussões negativas persistem e pesam na atividade económica, especialmente nos serviços, durante o período em análise".
"É pouco provável que a recuperação seja suficiente para que a produção real regresse aos níveis pré pandémicos até 2022", alerta a Comissão Europeia nestas projeções para Itália, que foi um dos países mais afetados pela primeira vaga de covid-19.
Assim, para 2020, Bruxelas antecipa agora uma recessão de 9,9% em Itália, o que representa uma melhoria face às anteriores previsões, as intercalares de verão divulgadas em julho, que falavam numa queda de 11,2% do PIB.
Nestas projeções hoje publicadas, a instituição estima também uma recuperação mais lenta do que anteriormente previsto, com a economia italiana a crescer 4,1% em 2021 e a abrandar para 2,8% em 2022.
Estes dados comparam com estimativas de crescimento de 6,1% em 2021 nas previsões intercalares de verão.
"Em 2021, um efeito de transição substancial deverá apoiar o crescimento da produção projetado em 4%, embora prejudicado pelo recente ressurgimento acentuado da pandemia e pela imposição das medidas de contenção", contextualiza a Comissão Europeia.
Já no ano seguinte, segundo Bruxelas, o crescimento italiano "deverá abrandar para 2,8%, o que significa que o nível de produção da economia permanecerá abaixo do seu nível pré-pandémico".
Numa altura de pico de infeções na Europa devido ao ressurgimento dos casos, acompanhada também por grandes incrementos nas hospitalizações e nas mortes relacionadas com a covid-19, a Comissão Europeia salvaguarda que estas previsões "estão sujeitas a uma elevada incerteza e a riscos de abrandamento relacionados com a pandemia".
No que toca ao desemprego, o executivo comunitário prevê taxas de 9,9% em Itália este ano, que deverão subir para os 11,6% em 2021 e para os 11,1% em 2022, acima da média da zona euro.
Segundo estas previsões, o défice italiano deverá disparar para os -10,8% em 2020, melhorando depois em 2021 para -7,8% para os -6% em 2022, tendência semelhante à registada na dívida pública.
"Após o forte aumento esperado em 2020, o défice e a dívida pública deverão diminuir lentamente em 2021 e 2022", explica a Comissão Europeia.
No que toca à inflação, outro dos indicadores considerados, é esperada uma queda de 0,1% dos preços este ano e uma subida de 0,7% e de 1% em 2021 e em 2022, respetivamente.
"A inflação dos preços no consumidor deverá tornar-se ligeiramente negativa este ano e começar a recuperar moderadamente em 2021", conclui Bruxelas.
PIB de França recua 9,4% este ano e retoma crescimento em 2021
A economia francesa deverá contrair-se 9,4% este ano, devendo crescer 5,8% em 2021, prevê a Comissão Europeia, melhorando a estimativa para 2020 avançada no verão (-10,6%).
De acordo com as previsões económicas do outono da Comissão Europeia, o Produto Interno Bruto (PIB) francês deverá cair 9,4% em 2020, estimando-se que cresça 5,8% em 2021 e 3,1% em 2022.
Nas previsões intercalares do verão, em julho, Bruxelas tinha avançado com uma quebra de 10,6% na economia francesa, este ano, e uma recuperação de 7,6% para 2021.
“O PIB da França deverá diminuir acentuadamente em 2020. Apoiada por medidas fiscais destinadas a assegurar liquidez às empresas e a proteger o emprego em 2020 e pelo plano de recuperação em 2021 e 2022, a atividade económica deverá recuperar lentamente”, lê-se no documento.
A contração económica em 2020 deve-se à pandemia de covid-19, tendo o impacto do surto sido concentrado no segundo trimestre, devido às medidas de confinamento.
Para o último trimestre do ano, o executivo comunitário antecipa que o PIB francês volte a diminuir, depois de alguma recuperação no anterior, “devido ao impacto de novas restrições devidas ao ressurgimento das infeções pelo coronavírus SARS-CoV-2.
“Prevê-se que o consumo privado diminua mais acentuadamente devido à imposição do recolher obrigatório”, destaca Bruxelas, salientando que os efeitos poderão persistir no primeiro trimestre de 2021.
O défice público francês deverá aumentar para 10,5% do PIB em 2020, antes de diminuir para 8,3% em 2021 e 6,0% em 2022, num cenário de políticas inalteradas.
A dívida pública, por seu lado, chegará em 2020 aos 11,9% do PIB, continuando a aumentar para os 117,8% em 2021 e os 119,4% em 2022.
O desemprego deverá fixar-se nos 8,5% este ano, devendo a taxa agravar-se para os 10,7% em 2021 e fixar-se nos 10,0% em 2022.
Para a taxa de inflação, Bruxelas prevê que esta seja de 0,5% este ano (acima dos 0,3% avançados no verão), de 0,9% em 2021 e de 1,5% em 2022.
Para 2021, Bruxelas antecipa, para além do primeiro trimestre “uma recuperação relativamente forte”, com o plano nacional de recuperação a prever “um apoio significativo” à atividade empresarial no próximo ano.
Bruxelas agrava queda do PIB espanhol para 12,4% em 2020
A Comissão Europeia está mais pessimista do que há quatro meses sobre a evolução da economia espanhola, prevendo uma contração do PIB de 12,4% em 2020, a maior de um Estado-membro da União Europeia.
“A pandemia Covid-19 e as medidas rigorosas de confinamento aplicadas em Espanha para a conter têm levado a uma desaceleração sem precedentes na atividade económica este ano”, resume o executivo comunitário.
Bruxelas estima que o Produto Interno Bruto (PIB) espanhol irá cair 12,4% em 2020 (mais 1,5 pontos percentuais do que nas previsões de julho), crescer 5,4% em 2021 (menos 1,7) e 4,8% em 2022.
A queda do PIB no final do ano (12,4%), com o setor turístico espanhol a ser um dos que mais contribuiu para essa evolução, contrasta com a diminuição esperada de 7,8% para a média dos países da zona euro ou a de 7,4% na União Europeia.
Mesmo assim, a Comissão Europeia sublinha que “medidas para limitar a perda de postos de trabalho e apoiar o setor empresarial amorteceram o impacto” e prevê uma “forte recuperação” da produção no setor empresarial no segundo semestre do ano, advertindo que “a recuperação será desigual” entre setores.
Bruxelas realça ainda que “o aumento significativo” da taxa de desemprego este ano será “apenas parcialmente invertido” ao longo dos próximos dois anos.
A desaceleração económica deverá, assim, “agravar” o desequilíbrio das contas do setor público administrativo, que diminuirá gradualmente a partir de 2021.
O executivo comunitário estima que o défice orçamental espanhol - que foi de -2,9% em 2019 -, com a pandemia, vai passar para 12,2% em 2020, 9,6% em 2021 e 8,6% em 2022.
Espanha irá, assim, também ter o maior desequilíbrio das contas públicas entre os países da União Europeia no final do corrente ano.
“Em 2021, o défice deverá diminuir para cerca de 9,6% do PIB, à medida que a atividade económica recupera e com a maior parte das medidas postas em prática para responder à crise da COVID-19”, consideram os serviços da Comissão Europeia.
Devido ao “grande défice público e à séria contração do PIB”, o rácio da dívida pública em relação ao PIB deverá aumentar quase 25 pontos percentuais, de 95,5% do PIB em 2019 para cerca de 120% em 2020, “um nível que deverá aumentar ligeiramente nos anos seguintes”.
Quanto à evolução do mercado de trabalho, Bruxelas estima que os esquemas de ‘lay-off’, de trabalho a tempo reduzido existentes, foram “mais generosos no início da crise, de modo a mitigar a perda de postos de trabalho”.
Mesmo assim, o desemprego poderá passar de 14,1% em 2019 para 16,7% em 2020, 17,9% em 2021 e 17,3% em 2022.
Comentários