A Associação Comercial do Porto (ACP) escreveu hoje uma carta a António Costa a pedir ao governo para suspender o pagamento de impostos durante a pandemia e reforçar as medidas extraordinárias de apoio às empresas para evitar o colapso de uma série de empresas, ainda a recuperar da crise de 2008.

Nuno Botelho lembra ao primeiro-ministro o "perigo de desestruturação social e económica" e "os riscos de extinção de inúmeras empresas e postos de trabalho", caso o pacote de apoios a disponibilizar pelo governo não seja suficiente para "criar liquidez necessária às PME para prosseguirem a sua atividade no período pós-isolamento social".

A ACP considera "fulcral" que as medidas do governo passem pelo apoio do Estado no pagamento de salários a trabalhadores impedidos de trabalhar, além da suspensão de impostos durante a pandemia, bem como a criação de linhas de crédito ilimitadas. No rol, estão ainda o pagamento das dívidas do Estado a fornecedores e a garantia do fornecimento de matérias-primas.

O presidente da ACP exige ainda a integração das políticas e dos meios internos no âmbito das decisões da Comissão Europeia, sem as quais considera irrealista o relançamento da economia nacional, bem como das restantes economias europeias.

Nuno Botelho entende que a situação de emergência que se vive, associada ao SARS-CoV-2, justifica o apelo no sentido de reformular e reforçar as medidas extraordinárias de apoio às empresas recentemente anunciadas. "O país enfrenta um sério risco de desestruturação social e económica, cujas consequências são difíceis de antever, sobretudo à medida que avançam os receios de que a situação se poderá prolongar", afirma. "Neste momento deparamo-nos já, infelizmente, com muitas empresas e postos de trabalho em risco. Portugal, que não tinha ainda sido capaz de reestruturar a sua economia depois da grave crise de 2008, corre agora o risco de entrar em colapso se não forem tomadas medidas firmes de apoio ao tecido empresarial e às famílias", entende o presidente da ACP.

O que pede, garante, não é mais do que "um balão de oxigénio", em cinco medidas fundamentais: que o Estado se substitua às empresas no pagamento não inferior a 70% do valor dos salários de trabalhadores impedidos de trabalhar, a suspensão absoluta do pagamento de impostos nos próximos meses, linhas de crédito ilimitadas e sem juros para todos os setores, pagamento imediato das dívidas do Estado a fornecedores e garantia do funcionamento das cadeias de fornecimento de matérias-primas.