“Encontramos hoje situações preocupantemente paralelas às que precederam os acontecimentos de 2007-2008. São os casos do comportamento dos preços de vários ativos financeiros e reais, do excesso de endividamento da generalidade dos agentes, da disseminação e tomada de riscos excessivos por diversas categorias de investidores e da subsistência de partes substanciais dos mercados com défices de transparência”, alertou o líder do supervisor, num documento de trabalho intitulado “A Crise Financeira: Aprendemos as Lições?”.
Ainda assim, Carlos Tavares disse que “algumas coisas mudaram”, apontando desde logo para o facto de o conhecimento dos riscos ser superior do que há oito anos.
“E as áreas que se revelaram mais problemáticas nessa altura — como os derivados OTC e a securitização — estão mais reguladas e controladas”, sublinhou.
Porém, “em compensação, novas zonas de risco surgiram, desta vez em produtos mais simples – como os riscos de crédito e taxa de juro no mercado obrigacionista — ou em novos produtos complexos (…) e mesmo como consequência não desejada da nova regulamentação”, lançou o responsável.
E acrescentou: “Se, como referi, o conhecimento dos riscos é hoje mais perfeito, já a atuação no sentido da sua redução se tem revelado mais problemática. O próprio diagnóstico da situação e dos possíveis remédios não se tem revelado totalmente coordenado”.
Tavares referiu ainda que “a visão das autoridades de supervisão de mercados (através da IOSCO e da ESMA, por exemplo) e as dos supervisores prudenciais e dos bancos centrais nem sempre têm sido coincidentes e articuladas”, ainda que admitindo “alguns progressos no passado mais recente”.
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