O presidente executivo da Ryanair, Michael O’Leary, defendeu hoje que o aeroporto do Montijo não deve ser gerido pela ANA-Aeroportos de Portugal, para a “concorrência funcionar” e antecipar a abertura da infraestrutura complementar a Lisboa.
“A concorrência tem que funcionar. Tal como no futebol, não há um só clube”, argumentou o responsável, numa conferência de imprensa, em Lisboa.
Questionado sobre o contrato em vigor para a ANA gerir todos os aeroportos nacionais, incluindo o Montijo, O’Leary respondeu que cabe ao Governo decidir sobre o assunto, recordando que em Londres foi forçada a venda de dois aeroportos e atualmente há “recordes batidos”.
“A concorrência real será boa para o consumidor”, afirmou ainda o responsável da companhia aérea de baixo custo, repetindo que, graças à sua posição de monopólio, a ANA está a adiar a abertura do Montijo enquanto aeroporto complementar de Lisboa.
O irlandês garantiu que “se fosse outro operador no Montijo, o aeroporto ia abrir mais cedo”, repetindo que a ANA continua a impor constrangimentos no aumento do movimento do aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, e que os movimentos deviam chegar, pelo menos, aos 50 por hora, contra os 40 atuais. O’Leary criticou ainda a necessidade da realização de um estudo ambiental, questionando se “não é já tarde”, uma vez que operam no Montijo voos militares.
“Agora que são campeões no futebol e nas canções [festival Eurovisão], também deviam ser no turismo. Além de vocês odiarem perder para Espanha”, comentou ainda o responsável, numa referência à possibilidade de voos serem desviados para Málaga ou Valência, onde as taxas estão a diminuir, ao contrário das infraestruturas nacionais.
Michael O'Leary deu uma conferência de imprensa esta quarta-feira, 17 de maio, em Lisboa.
Em comunicado de imprensa distribuído na conferência, a Ryanair anunciou "um número recorde de reservas no calendário de verão Lisboa 2017, que inclui 6 rotas novas para Bolonha Glasgow, Luxemburgo, Nápoles, Toulousse e Beslávia".
Atualmente, a companhia conta com 24 rotas a partir de Lisboa, e a sua previsão é de transportar 3,2 milhões de clientes por ano.
Em fevereiro deste ano, o CEO da Ryanair criticou o Governo por demorar quatro anos até colocar a base do Montijo como aeroporto complementar de Lisboa, referindo ser possível que as operações tivessem início no verão de 2018.
“Quatro anos para fazer um estudo? Porque não telefonam à Ryanair? Podiam ter o estudo pela hora de almoço, mas a ANA não quer o estudo pela hora de almoço e não quer a capacidade aberta no Montijo hoje”, argumentou ainda.
Na altura, o responsável acrescentou que a transferência das companhias para o Montijo vai depender apenas dos “preços oferecidos”, considerou o irlandês, acrescentando que a grande vantagem no Montijo é um “maior espaço” que permitirá crescer, ao contrário da infraestrutura atual de Lisboa.
“Se no Montijo for cobrado metade do preço em relação à Portela, então muitas companhias aéreas, como a Ryanair, e provavelmente a easyJet, vão para lá”, anteviu o dirigente, que referiu ainda não ter decidido se muda a operação para a margem Sul do rio Tejo.
Aos jornalistas, O’Leary lembrou já funcionar no Montijo a base aérea militar, pelo que “suspeita que a ANA, juntamente com o Governo português, está a tentar adiar a abertura” ao movimento comercial.
O responsável questionou a razão de a ANA-Aeroportos de Portugal, gerida pela VINCI, planear gastar 250 milhões de euros e comentou que o “problema da privatização da ANA é que dá à VINCI um género de controlo sobre o Montijo”.
(Notícia atualizada às 12h36)
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