Em declarações à agência Lusa, o vice-presidente do AED e presidente da PEMAS - Associação para a Valorização e Promoção da Oferta das Empresas Nacionais para o Setor Aeronáutico adiantou que estes protocolos foram assinados durante o 52.º International Paris Air Show, que decorre desde a passada segunda-feira até domingo no Parque de Exposições de Le Bourget, em Paris, e é considerado “o maior evento do mundo da indústria aeronáutica e aeroespacial”.
De acordo com Paulo Chaves, há já cerca de uma década que Portugal marca presença todos os anos, alternadamente, no salão de Paris e no congénere de Londres, que diz serem “uma montra” da “muito grande” indústria aeronáutica europeia, onde Portugal “ainda tem um peso pequeno”, mas com “grande potencial de crescimento”.
Atualmente, avançou à Lusa, o ‘cluster’ (concentração de empresas de um setor) nacional da aeronáutica, espaço e defesa representa aproximadamente 1% do Produto Interno Bruto (PIB) português, reunindo mais de 60 entidades e 18.000 empregos responsáveis por uma faturação total superior a 1.700 milhões de euros, dos quais mais de 80% correspondem a exportações.
“Esta indústria tem crescido de forma sustentada nos últimos anos, quer em termos de volume, quer de exportações e de subida na cadeia de valor, e todas as perspetivas apontam para a continuação deste crescimento, até porque é um setor que continua com grandes carências de capacidade de fornecimento e de resposta às encomendas”, afirmou.
A nível europeu, disse Paulo Chaves, a Alemanha e a França destacam-se pelo peso dos respetivos ‘clusters’ aeronáuticos, responsáveis por “dezenas de milhares de postos de trabalho” com um elevado valor acrescentado associado, já que se trata de uma “indústria de alta tecnologia com cadeias de fornecimento muito complexas, com diferentes níveis de fornecedores em diversos países e uma componente muito grande de internacionalização quer quanto aos clientes, quer quanto aos parceiros”.
Apostado em facilitar a entrada das empresas portuguesas desta indústria em mais cadeias de fornecimento internacionais, o AED assinou na passada terça-feira, em Paris, protocolos de colaboração com os ‘clusters’ de Hamburgo (Alemanha) e de Ontário e Montreal (Canadá), o primeiro destacado como “um dos principais polos da indústria aeronáutica da Europa” e o Canadá descrito como “o principal país no clube restrito de produtores de aviões do mundo”.
“Na cadeia de fornecimento de Hamburgo (região que tem um ‘cluster’ da indústria aeronáutica muito maior do que o português e com uma série de complementaridades) há um potencial muito grande de trabalho conjunto entre empresas portuguesas e alemãs, quer do ponto de vista da cadeia de fornecimento industrial, quer do ponto de vista da cadeia de conhecimento e de desenvolvimento de tecnologia”, sustentou o responsável.
Neste caso, disse, o protocolo agora assinado “foi a formalização de um processo que já foi iniciado há alguns anos e que agora vai ser acelerado para tentar conseguir fazer ligações entre as empresas e entidades dos dois países”.
Já no caso do Canadá, o vice-presidente do AED afirmou tratar-se de “um processo mais exploratório, mas igualmente importante”, já que este país - particularmente nas províncias do Quebeque e do Ontário – tem “um dos grandes polos industriais aeronáuticos do mundo”, com o qual Portugal não tem até agora mantido “uma grande interação”.
“Não sabemos exatamente do que eles precisam e eles não sabem o que nós temos e do que precisamos, mas por razões geopolíticas estão a procurar reforçar os laços com a Europa”, explicou Paulo Chaves, destacando que “o Canadá é o único país não europeu que pertence à Agência Espacial Europeia e, do ponto de vista da indústria aeronáutica, já tem hoje laços muito fortes com o Reino Unido e com França”.
“O que estamos a tentar fazer e formalizámos com o protocolo assinado é um processo em que vamos procurar conhecermo-nos melhor mutuamente e, a partir daí, passar a ter negócio conjunto”, referiu.
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