“Temos a obrigação de aproveitar a janela de oportunidade que hoje temos e evitar uma nova crise e, para isso, a reforma da União Económica e Monetária é absolutamente essencial para que tenhamos uma moeda que não seja só única, mas que seja efetivamente comum, uma moeda que sirva as diferentes economias da zona euro, que seja um fator de união e não um fator de divisão”, afirmou.
António Costa discursava perante os delegados presentes no Conselho do Partido Socialista Europeu (PES), que terminou hoje em Lisboa, no Pavilhão Carlos Lopes.
Segundo o primeiro-ministro português, a “convergência não é apenas transferências de um lado para o outro” e sim “garantir que toda a União Europeia e, em particular, a zona euro tenham a estabilidade necessária” para “desenvolver a economia com menos riscos e de uma forma mais partilhada e justa para todos”.
É que, advertiu Costa, “se houver mais estabilidade no sul da Europa haverá certamente maior riqueza para o norte da Europa”.
“Não podemos continuar a ter uma moeda do norte e uma moeda do sul, uma moeda do leste e uma moeda a oeste, temos de ter uma moeda comum a toda a União Europeia”, insistiu.
Para isso, advogou, a Europa precisa de “mais socialistas”. António Costa exortou o Conselho do PES a reforçar a “confiança na capacidade da família socialista” visando as eleições nos respetivos países.
A este propósito, o secretário-geral do PS desejou que o “PS da Catalunha tenha uma grande vitória nas regionais do dia 21 de dezembro” e também que os socialistas do Chipre, Itália, Hungria e Suécia reforcem as suas posições.
“Queremos vitórias dos socialistas nesses países porque é isso que temos de fazer, reforçar os socialistas na Europa”, disse, perante os aplausos dos delegados.
Tal como numa “grande família de 28 pessoas”, é natural que surjam problemas numa Europa a 28 membros, disse, destacando por outro lado o “enorme sucesso” da União Europeia por ter sido capaz de “partilhar um conjunto de valores comuns, traduzido no que é fundamental, o primado do Estado de Direito” e “cada um ter a liberdade de seguir o seu caminho, com regras comuns”.
As ameaças externas, o combate ao terrorismo e aos populismos, as alterações climáticas, a economia digital, e a “ameaça dos robots” sobre o futuro do trabalho dos cidadãos colocam “angústias”, mas a “resposta não pode ser travar a inovação nem fechar” a Europa sobre si própria.
Destacando alguns aspetos da resolução aprovada no Conselho, António Costa defendeu que é preciso avançar com um “plano de ação” centrado nos jovens, na educação, na proteção social e no emprego, ter “uma boa política fiscal”, travar o `dumping´ fiscal entre países, e “ganhar a batalha” da taxação das grandes multinacionais norte-americanas da área do digital na União Europeia.
Na área da Segurança comum, outro dos pontos discutidos no Conselho, Costa disse que é preciso “apoiar o trabalho” da Alta Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros, Federica Mogherini, “no desenvolvimento da áfrica subsaariana, de reforçar a cooperação com os países do Magrebe e do Sahel” porque “é com essa cooperação” que se criam condições para eliminar a guerra e a falta de liberdade e para proporcionar desenvolvimento.
Só assim, sustentou, poderá haver condições para regular os fluxos migratórios e não continuar a alimentar as redes de criminalidade organizada do tráfico humano.
Ainda em matéria de Defesa, Costa considerou que a cooperação estruturada comum permitirá aos cidadãos sentirem-se mais seguros.
António Costa considerou que a “resposta inteligente” aos problemas que afligem hoje os cidadãos europeus passa por ter “uma Europa mais unida” e que “a chave para a união na Europa é a convergência”.
(Notícia atualizada às 15h17)
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