"Numa altura em que a tentação dos agentes económicos é solicitar apoios ao Estado e reduções de impostos, o nosso setor apresenta propostas concretas para apoiar a economia do país e criar soluções para a hotelaria e restauração", afirma o fundador da Street Food em Portugal, Luis Rato, citado num comunicado emitido na sequência de uma reunião, na quinta-feira, com o chefe do gabinete do secretário de Estado do Comércio, Serviços e Defesa do Consumidor, Paulo Tomaz.

Em declarações, hoje, à agência Lusa, o presidente da SFP reiterou que o setor está empenhado em “apoiar a economia e o setor da restauração”, penalizados pelo impacto da pandemia de covid-19, necessitando para isso de “legislação específica que ajude os operadores a investir no negócio com maior previsibilidade” e de soluções “para apoiar a restauração tradicional a tirar maior proveito da rua enquanto oportunidade de negócio”.

Salientando que a Street Food pode trazer ao mercado da restauração “soluções de inovação e complementaridade” no âmbito das restrições de lotação dos restaurantes determinadas pela crise sanitária, Vítor Cansado defendeu, por exemplo, a facilitação do processo de instalação dos operadores do setor nas grandes praças das cidades, através da “agilização dos processos de licenciamento” e de “menos burocracia”.

Segundo o líder associativo, o setor da ‘street food’ reúne mais de 300 empresas em Portugal, responsáveis por seis a sete mil postos de trabalho e um volume de negócios de 50 milhões de euros.

Sobretudo associado a eventos, desde festivais a concertos e casamentos, a ‘street food’ tem visto a sua atividade fortemente condicionada com os cancelamentos impostos pela pandemia, já que “praticamente deixou de haver mercado”, tendo-se focado neste período na promoção de iniciativas de cariz solidário um pouco por todo o país, disponibilizando refeições gratuitas aos profissionais da linha da frente.

A este propósito, Vítor Cansado destacou a iniciativa ‘Food Trucks Are Safe’, que “pretende demonstrar que a ‘street food’ está preparada para operar em situações de crise pandémica, podendo “complementar com segurança a oferta de restauração em locais que irão permanecer com soluções limitadas”.

“Levámos um ‘Food Truck’ até aos hospitais, muitos dos quais com covidário, onde demonstrámos que é possível criar soluções de alimentação com qualidade e segurança em praticamente qualquer local”, sustentou.

Segundo o dirigente associativo, a crise pandémica terá levado vários operadores do setor a recorrer a apoios do Estado, nomeadamente ao regime de ‘lay-off’ simplificado, e, apesar de entre os cerca de 80 associados da SFP não ter conhecimento de encerramentos, Vitor Cansado admite que “alguns” terão cessado a atividade.

“Podemos ter alguns encargos mais baixos, mas a nossa estrutura de custos é muito semelhante à de um restaurante”, sustentou, garantindo, contudo, que o setor “não está aqui para chorar, mas para olhar em frente e dar uma resposta”.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 346 mil mortos e infetou mais de 5,5 milhões de pessoas em 196 países e territórios.

Quase 2,2 milhões de doentes foram considerados curados.

Em Portugal, morreram 1.342 pessoas das 31.007 confirmadas como infetadas, e há 18.096 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano passou a ser o que tem mais casos confirmados (cerca de 2,5 milhões, contra mais de dois milhões no continente europeu), embora com menos mortes (mais de 146 mil, contra perto de 173 mil).

Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), paralisando setores inteiros da economia mundial, num “grande confinamento” que vários países já começaram a aliviar face à diminuição dos novos contágios.