“Após o estado de emergência inicial, nos inícios de maio, entrámos em contacto com a CP [Comboios de Portugal] imediatamente para retomar os nossos serviços o mais rápido possível, mas só conseguimos entrar em negociações com eles [CP] esta semana. Esperamos chegar a um acordo mútuo até meados da próxima semana e retomar os serviços o mais rápido possível, a fim de garantir o emprego da nossa equipa”, avançou à agência Lusa fonte oficial da LSG Lufthansa Service Holding.
Em resposta escrita à Lusa, a mesma fonte confirmou que a empresa Risto Rail Portugal, que tem a concessão das refeições dos comboios Alfa e Intercidades, não fornece serviços de bordo para a CP "desde 19 de março" e que os seus “120 funcionários” ficaram em regime de ‘lay-off’ desde essa altura como consequência da pandemia e do estado de emergêencia em Portugal.
“A decisão pela suspensão deste serviço foi tomada, no entanto, pelo nosso cliente CP devido ao estado de emergência declarado pelo Governo português em março no contexto da crise do novo coronavírus”, acrescentou.
Cerca de 30 trabalhadores dos bares dos comboios Alfa Pendular e Intercidades concentraram-se hoje junto à Estação de Campanhã, no Porto, para reivindicar o fim do ‘lay-off’ implementado desde março na empresa Risto Rail na sequência da pandemia.
“Os trabalhadores querem trabalhar e querem passar a receber os 100% do salário. Estão cheios de ‘lay-off’, estão cheios de estar em casa, querem trabalhar e não há nenhuma razão para esta situação se manter”, disse à agência Lusa Francisco Figueiredo, do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Norte, à margem da ação de luta de várias dezenas de trabalhadores da Risto Rail (do grupo LSG/Lufthansa), que se concentraram hoje à porta da Estação de Campanhã.
Segundo Francisco Figueiredo, os trabalhadores da Risto Rail estão a reivindicar a retoma de atividade, porque estão há três meses consecutivos em ‘lay-off’, um facto que “representa uma redução brutal dos rendimentos” dos 140 trabalhadores a nível nacional.
“Agora que os comboios estão a circular cada vez com mais clientes é inaceitável que esta situação não seja regularizada”, alega, considerando que não há “nenhuma razão” para que os comboios não circulem com os bares abertos, porque “os bares dos comboios nunca foram obrigados por lei a encerrar”.
Durante a ação de protesto, o sindicato entregou também esta manhã um ofício à empresa CP – Comboios de Portugal a relatar que os salários praticados pela Risto Rail são “muito baixos” e que com o regime de ‘lay-off’ desde março “os trabalhadores viram o seu rendimento mensal reduzido ainda mais”.
“Os trabalhadores e os sindicatos já reclamaram que a empresa ponha termo ao 'lay-off' e retome o serviço, mas a empresa atira as responsabilidades para a CP, dizendo que esta não aceita reabrir o serviço de refeições dos comboios. Os trabalhadores estão cansados de estar em casa e de perder rendimentos. Os bares dos comboios nunca foram obrigados a encerrar, podem e devem continuar abertos, dado o tipo de serviço que prestam”, lê-se no documento a que a Lusa teve acesso.
O documento que apela à solidariedade dos utentes, refere ainda que os passageiros dos comboios Alfa Pendular e Intercidades “estão a pagar um serviço que não está a ser garantido pela CP e que, por isso, vão continuar na luta, porque querem ocupar os seus postos de trabalho” e “recuperar os seus rendimentos”.
“A LSG diz que a culpa é da CP, que a CP é que não os deixa fazer o serviço. Nós não sabemos se isso é verdade ou é mentira. O que sabemos é que a CP não respondeu aos nossos pedidos de reunião […] e a Lufhtansa tem feito contactos telefónicos, mas também não fez nenhuma reunião”, acrescentou Francisco Figueiredo.
Contactada pela agência Lusa, fonte oficial da CP remeteu os esclarecimentos sobre o assunto para a Risto Rail.
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