O Conselho de Administração da TAP reúne-se esta segunda-feira, 15 de junho, a partir das 15h30, com quatro sindicatos representativos dos trabalhadores da empresa, numa altura em que se discute a injeção de 1,2 mil milhões de euros.

Em declarações ao Correio da Manhã, Paulo Duarte, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (SITAVA), adiantou que, dos 10 mil trabalhadores da TAP, 1.200 estão em risco de perder o emprego.

"Nunca admitiremos despedimentos, mas sabemos que dificilmente serão renovados os contratados a prazo, que são 1.100 entre comissários de bordo, mais 100 [elementos do] pessoal de terra", afirmou, referindo que esta poderá ser uma das contrapartidas da reestruturação.

Além do SITAVA, estarão presentes no encontro o Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), o Sindicato dos Técnicos de Manutenção da Aeronaves (Sitema) e o Sindicato Nacional dos Engenheiros e Engenheiros Técnicos (SNEET).

João Carvalho, doSNEET, referiu ao CM que "dos 200 engenheiros, 15 estão com contrato a termo e que muito provavelmente não serão renovados".

O que se espera da reunião desta segunda-feira

À agência Lusa, José Sousa, o secretário-geral do SITAVA, já tinha referido que "o que parece é que a haver redimensionamento, vai resultar mais de ajustamento de mercado devido à crise de covid-19 do que de qualquer tentativa de reduzir o tamanho da companhia" por obrigação de Bruxelas.

Segundo o dirigente sindical, mesmo com a aquisição de frota, a empresa fica com a dimensão adequada porque "alguns dos [aviões] antigos seriam abatidos".

Quando à mão-de-obra, o SITAVA acredita também que "qualquer dimensionamento da empresa se fará através do controlo da contratação a termo e não por despedimentos", admitindo num entanto que estes trabalhadores, numa situação mais precária, sejam chamados à medida que o negócio volta a crescer.

"Esperamos que o Governo assuma e cumpra o compromisso para manter a TAP na atual dimensão", apelou José Sousa.

A situação na TAP

A Comissão Europeia aprovou um “auxílio de emergência português” à companhia aérea TAP, um apoio estatal de 1,2 mil milhões de euros para responder às “necessidades imediatas de liquidez” com condições predeterminadas para o seu reembolso.

O ministro das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos, já disse que a TAP pode ter atualmente uma dimensão superior àquela de que vai necessitar nos próximos anos, sendo esta uma das condições da Comissão Europeia para aprovar apoio.

No entanto, o governante disse julgar ser possível apresentar à Comissão Europeia “um bom caso” que não tenha como consequência uma “restruturação excessiva da TAP”.

Sublinhando a necessidade de ajustar as dimensões da companhia aérea às suas necessidades futuras, Pedro Nuno Santos admitiu que “não seria sério” tentar passar a ideia de que uma restruturação da transportadora aérea pode ser feita sem consequências, por exemplo, nas frotas e nos trabalhadores.

“O governo português não quer uma TAP pequena, quer uma TAP com a dimensão necessária para fazer face às necessidades da economia”, garantiu o governante.

Em falta está ainda a decisão por parte dos acionistas privados de aceitar as condições apresentadas pelo Estado para fazer esta intervenção.

A TAP recorreu, a 2 de abril, ao programa de ‘lay-off’ simplificado, disponibilizado pelo Governo como uma das medidas de apoio às empresas que sofrem os efeitos da pandemia de covid-19.

A companhia está numa situação financeira agravada desde o início da crise provocada pela pandemia de covid-19, com a operação paralisada quase na totalidade.