“No seguimento da reestruturação, sujeita a escrutínio judicial e aprovação das autoridades da concorrência da UE, a Porsche Holding Salzburg (PHS) pretende assumir a responsabilidade da gestão operacional e comercial em Portugal no quarto trimestre de 2019″, lê-se num comunicado enviado hoje às redações, no seguimento do acordo anunciado na terça-feira à noite.
“Estamos muito satisfeitos com mais este importante desenvolvimento para a nossa empresa. A médio prazo, Portugal irá ser uma das nossas maiores operações de importação com cerca de 30.000 novos veículos por ano, e será um complemento ideal para as nossas atividades na região da Europa Ocidental”, disse o CEO do Conselho de Administração da PHS, Hans Peter Schützinger, citado no comunicado.
No final de abril, a Porsche assinou acordos com a SIVA, subsidiária do principal grupo automóvel português SAG-SGPS SA, para adquirir o negócio de importação da Volkswagen, Volkswagen Veículos Comerciais, Audi, SKODA, Bentley e Lamborghini, e a rede de retalho detida pelo importador e composta por 11 concessionários em Lisboa e no Porto será adquirida pela PHS, acrescenta-se no comunicado.
“Estamos muito satisfeitos com o acordo estabelecido com a PHS; a perspetiva da nossa entrada para o maior grupo de distribuição automóvel europeu permite-nos encarar com grande otimismo o futuro da nossa organização e das marcas que representamos”, comentou o administrador executivo da SIVA, Pedro de Almeida, numa declaração enviada à Lusa.
A SIVA, que comercializa as marcas Volkswagen, Audi e Skoda, passa a ser integralmente detida pela Porsche Holdings, sociedade pertencente ao Grupo VW, um processo que deverá estar concluído este ano, anunciou a SAG ao mercado na terça-feira à noite.
Em comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a SAG, liderada por João Pereira Coutinho, informa que “chegou a acordo com a Porsche Holdings (sociedade pertencente ao Grupo VW) e as instituições financeiras que participam nos financiamentos e garantias do Grupo SAG”.
“Apesar da complexidade do processo negocial com os diversos ‘stakeholders’, incluindo as marcas representadas pela subsidiária SIVA, as instituições financeiras que participam nos financiamentos e garantias que o grupo SAG dispõe e entidades do Grupo VW, foi possível estabelecer um acordo que permitirá garantir a continuidade das operações”, adianta.
No comunicado, a SAG informa que, no início de 2018, “e com o objetivo de permitir a continuidade das operações do Grupo SAG, o Conselho de Administração da SAG Gest começou a desenvolver, em conjunto com as marcas representadas, pela subsidiária SIVA, um plano de reposicionamento do seu negócio de forma a inverter a situação e garantir a sustentabilidade de todo o grupo”.
Em 2018, o volume de vendas das marcas distribuídas pela SIVA foi de 20.349 veículos, uma queda de 32,6% face às 30.171 unidades em 2017. Correspondeu a uma quota de 8,4% no mercado de veículos ligeiros de passageiros, abaixo dos 12,8% em 2017, e de 7,6% no mercado de veículos ligeiros (veículos de passageiros e comercias ligeiros), que compara com a quota de mercado de 11,6% do ano anterior.
No comunicado ao mercado, a SAG explica que como resposta à situação em que o grupo SAG se encontra, a administração ajustou os planos de compras com as diversas marcas do Grupo VW, “reduzindo o volume de encomendas e solicitando a redução dos prazos de recebimento dos apoios comerciais das marcas”.
A SAG fechou 2018 com um prejuízo de 176,9 milhões de euros e capitais próprios negativos em 169,2 milhões de euros.
No final de dezembro, a dívida líquida consolidada do grupo era 129,1 milhões de euros, mais quatro milhões de euros do que no final do ano anterior.
Na terça-feira à noite, o empresário João Pereira Coutinho anunciou a intenção de lançar uma oferta pública de aquisição (OPA) sobre a SAG GEST – Soluções Automóveis Globais, que lidera, pagando uma contrapartida de 0,0615 euros.
Segundo o comunicado divulgado, o objetivo do oferente é o de “assegurar às subsidiárias da sociedade visada a continuidade da sua atividade por outra via e permitir aos acionistas venderem as suas participações na sociedade visada dado que esta deixará de operar no negócio do ramo automóvel — isto é, na principal atividade que desenvolveu desde a sua constituição”.
A intenção é “encontrar uma solução financeira para as empresas que permita garantir a continuação da atividade das subsidiárias operacionais e, mais importante, a manutenção dos mais de 650 postos de trabalho diretos”, refere.
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