"O balanço que temos é um balanço altamente positivo. A IP faz a gestão das infraestruturas rodoviárias e ferroviárias e em ambos os lados estamos a ter notícias de uma forte adesão”, disse José Manuel Oliveira, da Fectrans, que falava aos jornalistas numa concentração dos trabalhadores em frente à sede da empresa, em Almada.

Falando numa adesão de cerca de 80%, o responsável notou que esse número é “igual ou superior em alguns casos àquilo que foi a greve do dia 12 de março”, mas admitiu que, “na parte mais visível, que é a circulação ferroviária, o impacto não é igual porque há um sistema antigreve”.

De acordo com José Manuel Oliveira, este sistema é “baseado naquilo que são as chefias superiores da empresa e, com isso, [a empresa] consegue fornecer centros de trabalho nevrálgicos” e colocar alguns comboios a circular, em particular na zona de Lisboa.

A título de exemplo, apontou que, no Porto, o comando operacional “está a operar com quatro engenheiros”.

Frisando que este sistema “é ilegal”, José Manuel Oliveira assegurou que a Fectrans vai fazer queixa à Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT).

Num esclarecimento enviado à Lusa, a IP afirma que "pauta a sua atuação pelo estrito cumprimento da Lei, não promovendo qualquer ação que ponha em causa o legítimo direito à greve dos seus trabalhadores".

Quanto à empresa, referiu o sindicalista, “há aqui uma boa resposta, nomeadamente àquilo que se passou no sábado, que foi termos quase um acordo firmado que podia evitar esta greve e, quando tentámos passá-lo ao papel, começámos a ser confrontados com posições de recusa para que as coisas ficassem claras - quer na forma, quer nos termos que estavam a ser negociadas - e chegámos ao ponto de dizer que tínhamos de aplicar isto na base da confiança pessoal, como se os acordos fossem assim”.

Além disso, adiantou, “ainda nos fizeram uma proposta, como compensação das diferenças do que estava em cima da mesa, de os trabalhadores poderem usufruir de um dia de descanso com a perda de vencimento de um dia de salário”.

José Manuel Oliveira garantiu ainda que, face ao que a IP divulgou no sábado, de que não tinha sido possível fechar acordo com as organizações sindicais, “não esteve em cima da mesa” nenhuma proposta para aumentar a componente salarial em quase 11 milhões de euros em 2018, pelo que classificou o lamento da empresa como “pura hipocrisia”.

“O que nós dizemos é que no momento em que a empresa fizer essa proposta no papel, não haverá certamente, nos próximos tempos, qualquer conflito”, adiantou.

Os trabalhadores da IP cumprem hoje um dia de greve. A empresa queria serviços mínimos correspondentes a 25% do número de composições habituais de transporte de passageiros, mas o tribunal arbitral entendeu não decretar este serviço face à curta duração da greve e por haver transportes alternativos.

Uma centena de comboios foram suprimidos a nível nacional segundo a CP, que até às 08:00 cumpriu mais de metade (62%) da circulação prevista.

Num ponto de situação até às 08:00, Ana Portela, da CP – Comboios de Portugal, disse que dos 266 comboios previstos no total foram realizados 166, sendo que as linhas com melhor desempenho foram as dos Urbanos de Lisboa (91% circularam) e do Porto (80%).

A greve também obrigou a suprimir 19 dos 34 comboios suburbanos previstos realizar até às 09:00 de hoje pela Fertagus, segundo a empresa.

(Notícia atualizada às 13h15)

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