“Na defesa da refinaria do Porto [Leça da Palmeira, Matosinhos], os trabalhadores da Petrogal e as suas estruturas vão fazer tudo o que for possível e o que estiver ao nosso alcance. Basicamente, é o que nos permitir a Constituição da República Portuguesa”, garantiu Telmo Silva, dirigente sindical da Fiequimetal - Federação Intersindical, aos deputados da comissão parlamentar de Ambiente, Energia e Ordenamento do Território.
O presidente da Comissão Central de Trabalhadores (CCT) da Galp, Hélder Guerreiro, também ouvido pela comissão, salientou que a luta é “pelo futuro” e que “não é só um processo de luta em defesa dos postos de trabalho, mas também em defesa da produção nacional, das exportações e do desenvolvimento do país”, que, defendeu, “o Governo não está a salvaguardar”.
Os representantes dos trabalhadores deram também conta de terem enviado várias cartas ao Governo, onde expõem a sua posição relativamente à intenção de encerrar aquele polo industrial, para as quais dizem não ter obtido qualquer resposta.
“Tivemos uma ação de luta no dia 02 de fevereiro, em frente à residência oficial do primeiro-ministro e até hoje não temos qualquer palavra do senhor primeiro-ministro. […] O Governo não se pode alhear desta decisão”, enquanto acionista da empresa, defendeu Telmo Silva.
Segundo aquele dirigente sindical, os representantes dos trabalhadores e a administração da Galp reuniram-se pela primeira vez, depois de ter sido conhecida a decisão, no dia 19 de janeiro, passado quase um mês da comunicação da empresa à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) sobre a decisão de fechar a unidade petroquímica de Matosinhos e concentrar a refinação em Sines.
Telmo Silva, lamentou, no entanto, que a reunião se tenha resumido à entrega de “uma comunicação”, sem que a empresa apresente ainda soluções para a questão dos postos de trabalho que estão em causa.
“Até ao momento, ainda não temos conhecimento de que tenham existido reuniões com trabalhadores quanto a propostas concretas”, adiantou o dirigente da Fiequimetal.
Relativamente ao Fundo para a Transição Energética, que, segundo o ministro do Ambiente, poderá incluir os concelhos de Matosinhos e de Sines, o presidente da CCT defendeu que aquelas verbas devem ser aplicadas para “desenvolver a refinaria” e não para “financiar despedimentos”.
Os representantes dos trabalhadores referiram, mais uma vez, a existência de um estudo para a reconversão daquele complexo no norte do país numa refinaria de biocombustíveis, à semelhança do que está a acontecer noutros países da Europa, mas que foi chumbado pela administração da Galp.
Questionada pela Lusa quanto a este estudo, fonte oficial da Galp respondeu que a empresa “fez uma rigorosa avaliação a diversas alternativas estratégicas para fazer face aos desafios regulatórios e de mercado que se colocam à refinação no contexto europeu e mundial, no médio/ longo prazo, e decidiu - em função dos resultados das diversas análises que promoveu -, adaptar e reorganizar o seu negócio de refinação, integrando este movimento no plano estratégico de descarbonização e de aceleração da transição energética que a Galp tem em curso”.
“Conforme já referido, a Galp não fará comentários públicos sobre os contornos específicos de cada estudo que realizou no âmbito deste processo”, acrescentou a mesma fonte.
A Galp anunciou em dezembro de 2020 a intenção de concentrar as suas operações de refinação e desenvolvimentos futuros no complexo de Sines e descontinuar a refinação em Matosinhos este ano.
Os trabalhadores estão contra a decisão, alegando que tem por base um negócio com o Governo em que aquela estrutura é “moeda de troca” para acesso a fundos comunitários para estratégia do hidrogénio.
O Estado é um dos acionistas da Galp, com uma participação de 7%, através da Parpública.
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