A obesidade é um problema com consequências físicas e psicológicas, sendo que as próprias consequências psicológicas influenciam aspetos emocionais, sociais e cognitivos que atuam e, por vezes, são a manutenção do problema de excesso de peso.  É um problema crescente e os adolescentes também são um grupo onde este cenário está representado, o que tem despertado preocupação de modo a que a prevenção seja uma estratégia mais presente na discussão do tema da obesidade.

A estigmatização da obesidade inicia-se sobretudo na adolescência e este é um período delicado para o desenvolvimento de uma imagem corporal desequilibrada. Nos adolescentes com excesso de peso ou obesidade, os desafios emocionais, sociais e cognitivos podem afetar o desenvolvimento da sua imagem corporal positiva e a construção das suas habilidades sociais, metas muito importantes nesta fase de desenvolvimento. O impacto psicológico que a obesidade pode ter nesta fase de vida pode ser determinante para o surgimento de perturbações que podem afetar o adolescente durante a sua vida. 

Eis alguns aspetos importantes que comprometem o equilíbrio psicológico do adolescente com obesidade e que podem estar presentes:

  • Baixa autoestima: A sua aparência física pode influenciar a sua autoconfiança e autoestima, sendo muito comum a comparação constante com os pares ou mesmo com indivíduos que admiram nas redes sociais. É uma fase em que os sentimentos de inadequação são mais pronunciados e tende-se a sobrevalorizar a aparência;
  • Ansiedade e Depressão: Tanto ansiedade elevada pode conduzir a obesidade e mascarar dificuldades afetivas e relacionais como a obesidade pode desencadear quadros de ansiedade;
  • Dificuldades sociais: Podem enfrentar discriminação, isolamento e/ou rejeição pelos pares que tenderá a aumentar as dificuldades de integração social e possibilidade de sofrer bullying.

Por isso, o acompanhamento psicológico é uma parte muito importante quando existe uma intervenção clínica com o/a adolescente com obesidade. A ideia de uma equipa multidisciplinar para fazer face a uma abordagem eficaz é uma condição preditiva de resultados mais satisfatórios.

No que diz respeito ao acompanhamento psicológico, a intervenção tem o objetivo de promover a reestruturação dos processos cognitivos, emocionais/afetivos e comportamentais disfuncionais subjacentes à obesidade, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida do adolescente.

A psicoeducação sobre a obesidade, a compulsão alimentar e os seus efeitos no futuro são parte essencial no início do processo. A psicoterapia vai auxiliar o/a adolescente a lidar com as suas emoções em relação à obesidade, desenvolvendo-se ferramentas para a sua regulação, sendo habitual manifestarem-se emoções como a raiva, a vergonha e a tristeza. A ajuda do psicólogo também será um elemento relevante no desenvolvimento de competências para lidar com comportamentos alimentares impulsivos ou prejudiciais. 

Porém, é necessária ponderação e sensibilidade no encaminhamento psicológico, uma vez que a condição de ter excesso de peso ou obesidade, não é apenas por si mesma significativa de problemas psicológicos.