Para eles, estamos a chegar a um ponto da nossa sociedade completamente incomportável. Como é que é suposto conseguir viver num país no qual o politicamente correcto não deixa que se diga que os ciganos não trabalham e são uns parasitas? Como só 3,8% dos beneficiários de RSI são de etnia cigana, já não se pode dizer que vivem todos de chular o Estado, é isso?

É incrível que não se possa dizer as verdades que doem (essa é que é essa!), só porque o André Ventura acumula o ordenado de deputado com o de consultor (por acaso, disse que nunca faria isso, mas também não vamos implicar com tudo) numa empresa ligada a offshores e vistos gold. Evasão fiscal tudo bem, os ciganos é que dão cabo do país.

Já Nuno Melo, anda endiabrado com a doutrinação das crianças porque o Rui Tavares teve o desplante de ser historicamente rigoroso num vídeo que foi usado no #EstudoemCasa.

É uma vergonha que a tele-escola não esteja a ensinar antes a doutrina do CDS, aquela que é contra o casamento gay, aborto, educação sexual e, entre ser provavelmente contra outras coisas marxistas culturais como ter sexo antes do casamento ou não ser um Bispo a mandar em Portugal, é essencialmente contra ter uma réstia de noção.

Também não podemos esquecer, claro, como o cruzado Nuno Melo se mostra recorrentemente contra o perigo dos terroristas (que o politicamente correcto teima em chamar refugiados que fogem de uma guerra que não pediram, da fome, da morte, da destruição), e até vota no Parlamento Europeu contra medidas de auxílio para estes.

Ser marxista cultural, ao que parece, é uma enorme vergonha porque é acima de tudo reger-se pelos Direitos Humanos. É acreditar que as pessoas podem ser do género que quiserem, independentemente do sexo com que nascem, que podem até mudar de sexo, que podem apaixonar-se e ter sexo com qualquer pessoa de qualquer género, ter a cor de pele que quiserem (mesmo quando é uma escolha de tanto irem ao solário), é respeitar todas as etnias por igual e é até aceitar o cabelo do Nuno Melo e a cara de chorão do Ventura (está tudo bem, os homens também choram).

É também acreditar que todos os cidadãos merecem o mesmo acesso à saúde e à educação, por exemplo, coisa de que estes neo-cruzados também não são muito fãs, e é inclusivamente não normalizar ideias racistas e inconstitucionais promovendo fóruns para saber se até tem vantagens ou não, implementar um confinamento especial para pessoas com características específicas como ter mau cabelo ou pila pequena.

Os neo-cruzados do ódio andam aí com o seu séquito, espalhando mentiras e promovendo a desumanização para distrair o povo, e os próprios seguidores, enquanto escondem as suas verdadeiras agendas de poder e dinheiro.

Mas nós não andamos a dormir. Não passarão.

Sugestões mais ou menos culturais que, no caso de não valerem a pena, vos permitem vir insultar-me e cobrar-me uma jola:

- Winners Take All: Livro sobre a fantochada da filantropia dos bilionários, de Anand Giriharadas.