Uma amiga foi à praia de máscara com o cão que sofre de epilepsia. A praia estava vazia, era para ver se o bicho fazia exercício. Surgiu o carro da polícia, sirene, apitos e lá está: uma multa de 208 euros. A minha amiga ficou chocada.

Uma outra amiga foi cortar o cabelo a casa da cabeleireira de quem é amiga há dez anos. Infelizmente não conseguiu tratar das raízes, pintar o cabelo, mas voltou para casa feliz e foi abordada por um polícia. Não foi multada porque tinha na carteira um saco da farmácia com medicamentos. Qual é a diferença entre estes dois episódios?

No primeiro caso, esperaria que a polícia tivesse bom senso e entendesse que alguém que leva um cão para uma praia vazia, a fim de o exercitar, está a fazer algo que é, se quisermos, em prol da saúde do animal. No segundo caso, é apenas chico-espertice, que infelizmente há muito por aí. Sou completamente solidária com a ideia de um corte de cabelo – admito que nunca o tive tão comprido –, mas existem riscos desnecessários, e estamos num tempo em que ainda é preciso seriedade na forma como confinamos. Sabemos que o vírus é invisível que ataca seja quem for, de qualquer idade, estrutura, género, por aí fora. Não faz discriminação.

Vivemos tempos em que o bom senso deveria prevalecer? Pois. Não sei se prevalece, sinceramente não faço ideia se somos capazes, no colectivo, de ter bom senso sem excepções que impliquem chico-espertice ou autoridade a exercer autoridade, sem sabedoria para tal.

Compreendo que as pessoas estejam fartas e que existam esquemas para isto e para aquilo. Sempre existirão esquemas, é uma realidade, é o ser humano a ser isso mesmo: humano, idiota, falível, questionável, pouco ético e por aí fora.

Também compreendo que a polícia tenha ordens específicas para travar a circulação dos cidadãos. Não consigo entender é a rigidez da sua actuação, porque ser polícia não é ser insensível, é ser capaz de gerir e perceber quando aligeirar, quando recomendar um regresso a casa e quando multar sem dó nem piedade.

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