No futebol, ainda não há sinais do regresso à normalidade. Abro um site de um jornal desportivo e a homepage rapidamente me apresenta a resposta em relação a uma pergunta que há muito fazia na minha cabeça: quem será o novo treinador do F91 Dudelange, o atual detentor do título de Campeão do Luxemburgo? A investigação jornalística não desilude: é Carlos Fangueiro quem vai estar ao leme dos colossos luxemburgueses. Pronto.

O pior? Muito dificilmente seremos compensados desta longa abstinência futebolística com uma merecida bebedeira de bola. Se em Portugal se praticava um futebol pobre no pré-Covid, para a semana começará algo provavelmente semelhante a um Interturmas do 2º ciclo de um agrupamento de escolas no Interior do país. Se o debate futebolístico já era baixo e infantil, imaginemos nos próximos dois meses, em que, dado o pouco tempo entre jornadas, poucas horas haverá para debater lançamentos laterais, inventar crises internas, pressionar árbitros e levar a cabo comédia de adereços em programas no cabo.

Os jogos serão à porta fechada, o que é necessário mas triste. Mas mais deprimente é a ideia de utilizar o sistema de som dos estádios para replicar o apoio dos adeptos. O ambiente no futebol não se pode comprimir num .mp3. Não estou a ver os adversários que visitarem o Estádio da Luz  a sentirem-se intimidados com o CD "Ninguém Pára o Benfica Vol. 2" que saiu com “A Bola” em 2002 ou algo assim. E, já agora, se a playlist não incluir uma faixa de assobios ao Pizzi, não estará a replicar na perfeição o complexo ambiente da Luz. Não, não. Já joguei demasiado FIFA nos últimos dois meses para continuar a querer uma simulação.

A NOS não renovará o patrocínio com a Liga Portuguesa de Futebol Profissional. Especula-se sobre qual poderá ser o novo patrocinador: Liga Sagres, Liga Prozis ou Liga Car Wash e Detalhe Automóvel "O Cláudio" - Quinta do Conde - Setúbal. Mas um sponsor não tem necessariamente de ser uma marca, pode ser um conselho. Nesse sentido, e tendo em conta a qualidade do futebol, o peso mediático do extra-futebol e a situação financeira de muitos clubes, o melhor nome que o campeonato poderia ter era Liga Menos. A obsessão com o futebol não aumentou a qualidade do desporto que é praticado em Portugal. Prestar-lhe menos atenção pode ser uma estratégia vencedora para melhorá-lo.

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