Análise de Sérgio Costa Araújo, curador da exposição Madonna – The Ultimate Icon. Celebrating the Queen’s 60th Anniversary Odyssey, presente na Faculdade de Letras da Universidade do Porto.


Há quase quarenta anos que Madonna faz parte do nosso imaginário. Hoje é alvo de interesse académico. São inúmeros os trabalhos científicos em torno do seu percurso e as evidências do seu impacto social, cultural, educativo em diversos universos ao longo das últimas quatro décadas, da infância à adultez, e um pouco por todo o mundo.

A exposição que agora decorre na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, ainda que modesta, acontece no âmbito das conferências KISMIF, organizadas pela Super Mulher que é Paula Guerra, e decorre de uma proposta do curador da exposição que há três edições colabora com o KISMIF.

Madonna – The Ultimate Icon. Celebrating the Queen’s 60th Anniversary Odyssey reúne objectos de coleccionador, memorabilia capaz de ajudar a documentar o percurso de Madonna. Deste conjunto documental fazem parte objectos efémeros, impressos em papel e, portanto, descartáveis, que poderão ajudar o observador, ou o investigador, a conhecer melhor o universo do artista a partir dos objectos que transportam a sua imagem e que servem fundamentalmente para alimentar uma sociedade de consumo maioritariamente constituída por crianças e jovens – dele fazem parte postais, revistas, livros de banda-desenhada, a fanzine portuguesa editada durante a década de 1990 dedicada a Madonna.

O texto que a seguir se apresenta não pretende fazer uma incursão meramente cronobiográfica, mas antes realçar aspectos do contexto da artista quase sempre ausentes dos textos que vão sendo publicados.

Num artigo publicado na revista The Atlantic (Julho-Agosto, 2017) a propósito do circo existencial de Yayoi Kusama, Sarah Boxer pergunta se a arte participativa procura fomentar apenas experiências significativas nos visitantes ou meramente a partilha de selfies? A arte que interessa à autora é, aparentemente, aquela que é projectada para envolver o observador com a obra dando-lhe com isso sentido - “arte que irei complementar simplesmente estando presente – arte que sem mim não é nada”. O caracter temporal desta relação inerente a esta maneira de mergulhar na arte parece evidente: ainda que quiséssemos, hoje já não nos seria possível sentar com a artista performativa Marina Abramović no MoMA. Já não é também possível assistir ao vivo a Cate Blanchet a recitar manifestos artísticos no Park Avenue Armory de Nova Iorque. O que parece contar para esta concepção é o momentum e o seu carácter efémero. Aquilo que decorre na vertigem do confronto com o objecto seja a sós ou em pequeno grupo. Este campo é todo um tratado que espacialmente poderíamos situar entre um percurso numa feira popular como o da Magikland e um Museu como o de Serralves onde (ironicamente?) um turista italiano acaba de ser hospitalizado depois de cair dentro da obra de Anish Kapoor “Descida para o limbo”. Aqui a arte somos nós e o artista apenas o mediador que nos empurra para esse limbo.

Quando os artistas de juntam num determinado tempo e espaço para criarem a sua arte, esse é o seu momentum. Para muitos destes colectivos de artistas, à época desconhecidos, ainda não profissionalizados, o futuro olhará para eles como tendo contribuído definitivamente para a inovação, para a produção de mudanças drásticas de uma estrutura que na época era aparentemente definitiva, reconfigurando a cena artística e definindo a própria ideia de contemporaneidade com os produtos do seu trabalho criativo.

Alguns destes grupos de artistas mudaram literalmente a face de cidades. Pesquise-se a este propósito o papel dos artistas para uma regeneração urbana - culturalmente orientada, por exemplo na cidade de Xangai; o papel dos artistas enquadrados na iniciativa europeia das capitais da cultura e que é um dos exemplos mais ilustres será a RUHR.2010, entre tantos outros. E das próprias cidades como em Viena no final do século XIX ou Paris do início do século XX, que albergaram círculos de artistas que se formavam espontaneamente, conviviam nos mesmos espaços, partilhavam inquietações, transaccionavam ideias, discutiam os seus projectos e os seus clientes, quando os tinham, questionavam o status quo e com isso anteciparam o momentum seguinte, o futuro daquilo que será uma arte alicerçada numa certa ideia do que é o contemporâneo.

Em 1978, [Madonna] chega definitivamente a Nova Iorque pronta a conquistar o mundo. " (...) ser uma rapariga em 1978 era saborear tudo isto: a subcultura é a charneira para uma nova fusão musical – punk com funk, rock com metal, e o disco acima de tudo o resto, desavergonhadamente comercial, mas orgulhando-se das suas raízes underground. Nova Iorque no final da década de 1970 era onde tudo isto colidia.”

Ao longo da história tem sido sempre assim e a América não foi de modo nenhum excepção. No final da década de 1970 do século XX, Nova Iorque era uma cidade suja. A violência fazia parte do seu ADN, e o mundo da década de 1980, distante dos relatórios estatísticos, imaginava-a sobretudo a partir de séries norte-americanas como a “Balada de Hill Street”, que curiosamente era filmada em Los Angeles e se desenrolava numa localidade sem nome. Nessa época, escoava para Nova Iorque todo o tipo de gente, que descendia sobretudo de famílias de emigrantes do velho continente, o que fazia deles um mix sociocultural que os condenava à singularidade, e que também por isto fazia com que integrassem os círculos dos inadaptados que pululavam pela cidade. Era assim com os artistas.

Nova Iorque tinha uma escala poderosa, à medida da grande ambição de quem a procurava. Madonna não foi excepção. Descendente de uma segunda geração de emigrantes italianos, ambicionava fugir de Detroit para Nova Iorque de modo a expandir assertivamente o seu talento na dança moderna. Em 1977 chega a Nova Iorque para beneficiar de uma bolsa de seis semanas para dançar com o American Dance Theater de Alvin Ailey, trabalha paralelamente num clube de rock chamado Second Chance e é aí que, segundo a investigadora Lucy O’Brien, autora daquela que será provavelmente a mais séria incursão biográfica no percurso de Madonna (Edição em português pela Humanity’s Friends Books, 2008), que Madonna toma “gosto por um estilo de vida rock ‘n’ roll, dissonante do mundo por vezes rarefeito da dança contemporânea”. Em 1978 chega definitivamente a Nova Iorque pronta a conquistar o mundo. A autora, acrescenta: “ser uma rapariga em 1978 era saborear tudo isto: a subcultura é a charneira para uma nova fusão musical – punk com funk, rock com metal, e o disco acima de tudo o resto, desavergonhadamente comercial, mas orgulhando-se das suas raízes underground. Nova Iorque no final da década de 1970 era onde tudo isto colidia.”

Keith Haring, hoje um artista célebre e caro, era nesse tempo outro inadaptado, artista visual nascido na Pensilvânia, no mesmo ano de Madonna: 1958, no seio de uma família ultra-religiosa, muda-se também para Nova Iorque em 1978, tornando-se rapidamente num dos melhores amigos de Madonna. Amizade que se manterá até ao seu falecimento vítima de SIDA, em 1990.

Jean-Michael Basquiat, hoje um artista reconhecido que, tal como Keith Haring, focava o seu génio criativo na Arte Urbana (hoje, ironicamente, altamente valiosa comercialmente no mercado internacional de arte) era outro inadaptado que depois de viver como sem-abrigo, desempregado, e sem-abrigo de novo, é que conseguiu afirmar-se enquanto artista. De Basquiat, Madonna foi namorada. Conheceram-se no início de 1980. Separaram-se em 1983. O estilo disciplinado de Madonna e a sua militância na sobriedade, não se coadunava aparentemente com o estilo autodestrutivo de Basquiat.

Enquanto o tempo passava neste mundo underground Madonna exerceu inúmeras actividades fugazes, cultivou e refreou o seu gosto pela dança, despertou para a música, fez e desfez bandas. Relacionou-se com todo o tipo de gente que a foi influenciando no estilo que adoptou, na estética que procurou, na sonoridade que a partir de certo momento decidiu desenvolver. No número de Maio de 2008 da revista Q, Madonna é submetida a um inquérito por várias celebridades. Bat for Lashes, nome artístico de Natasha Khan, pergunta a Madonna qual a melhor e a pior lição que retirou desses tempos de Nova Iorque. Ela responde que é uma cidade difícil, ainda assim já diferente desses tempos. Ainda mais difícil se não se tiverem contactos e dinheiro. É preciso acreditar em nós mesmos, ter a certeza que é ali que está o que se quer, estar disposta a atravessar o fogo, diz. Complementa a resposta perguntando a si mesma se foi verdade que chegou a sobreviver à base da dieta da pipoca? A resposta é que sim, mas que isso não a prejudicou. Afirma que hoje continua a adorar comer pipocas. Sobriedade parece ter sido sempre a palavra de ordem apesar de também numa entrevista à revista Q, em Março de 1998, dar a entender que o consumo de ecstasy fazia parte da cultura dos espaços que frequentava questionando: “E qual é o problema?”.

É através da biografia da autoria de Lucy O’brien, autora também da história definitiva das mulheres na música, que nos chega o testemunho do fotógrafo Michael Mackenzie que retrata a artista como uma excepção à regra dos excessos comuns à Nova Iorque desses tempos: “Eu via-a como se estivesse completamente a cair de bêbeda quando estava só a beber ginger ale com uma cereja lá dentro”, acrescentando: “Ela sabia que aquela gente a veria como uma estranha se estivesse ‘sóbria’.”

Madonna sempre colocou no centro da sua acção a ideia da liberdade de expressão e pensamento como um direito natural.

A mesma autora destaca o papel do DJ Mark Kamins no percurso da Madonna desses tempos, um tempo que era "como uma charneira na história da cidade, uma reacção à severidade dos anos de 1970”. Kamins punha música num desses locais de charneira, a “Danceteria”. Conta que as bandas do primeiro piso incluíam os B52s. “Sade trabalhava atrás do balcão, Keith Haring e os Beastie Boys eram empregados de mesa, LL Cool J era o rapaz do elevador.” Madonna lá estava, “era uma das personalidades. E tinha um estilo único. Estava sempre na pista e quando dançava toda a gente ficava a olhar para ela”. É a Kamis, em plena noite na Danceteria, que Madonna entrega uma demo daquele que viria a ser o seu primeiro single: "Everybody". A cassete foi tocada e resultou. A partir deste momento the rest is history [o resto é história]. Madonna é hoje a mais bem sucedida artista feminina da história da música e prepara actualmente o seu 14º álbum, que será lançado em 2019.

Madonna sempre colocou no centro da sua acção a ideia da liberdade de expressão e pensamento como um direito natural. Talvez por isso, para a teoria e movimento Queer seja considerada o seu maior ícone. Madonna sente-se bem com isso e habitualmente nas suas entrevistas, quando questionada, refere que desde o início da sua carreira sempre promoveu a liberdade de expressão e a ideia do “ser diferente”. A Pete Wentz, dos Fall Out Boy, refere em entrevista que sempre defendeu a “Independência de pensamento; a luta contra qualquer tipo de opressão”. Talvez por isso a época de 1990-1995 tenha sido das mais difíceis para ela, mas também das mais impactantes na libertação do modo como a sexualidade era vivida no domínio público. O seu produto mais significativo foi a produção do livro "Sex", editado em Outubro de 1992, considerado o produto mais importante da cultura pop da década de 1990. Numa entrevista a Sheryl Garratt publicada em 1994 na revista The Face, a autora sintetiza a pena a que a artista fora condenada: “Madonna sente que tem sido castigada. Castigada por ser honesta, castigada por falar sobre sexo.”

E Madonna não lamenta, afirmando que não se arrepende. Numa das músicas desse álbum que lança em 1994 - pós revolução sexual que levou a cabo na primeira metade da década de 1990 e que normalizou a partir dessa época toda a orientação sexual distinta da heterossexualidade, uma das letras é paradigmática e reforça a pertinência das acções anteriores: “Express yourself, don’t repress yourself” (Exprime-te, não te reprimas). Reforça ainda mais o lema ao concluir “Not sorry, it’s Human Nature” (Sem arrependimento, é a natureza humana). Em entrevista à mesma autora refere ter afirmado a importância da exploração da própria sexualidade, mas que a mensagem foi desvirtuada fazendo dela a líder de uma orgia. Madonna nunca vacilou ao longo do tempo, manteve-se firme lutando sistematicamente contra aquilo que seria um preconceito contra si por ser uma mulher solteira, por ter poder e ser rica.

Madonna continuamente desafiou, questionou e desmistificou os fundamentos da feminilidade tradicional. Talvez por isso todas as grandes estrelas femininas que foram aparecendo a elogiavam, agradeciam a Madonna pela inspiração e de modo mais ou menos visível, copiavam o seu estilo. Repare-se a este propósito no teledisco de “Bitch I’m Madonna”, single retirado do álbum Rebel Heart (2015), a quantidade de grandes estrelas da música que nele figuram e que incluem Nicki Minaj, Diplo, Rita Ora, Miley Cyrus, Beyoncé, Katy Perry e Kanye West. Ficou também para a história a actuação na edição de 2003 dos Prémios MTV de Madonna com Britney Spears, Christina Aguilera e Missy Eliot. E o famoso beijo entre as três primeiras.

Outras das causas de Madonna foi a cruzada a favor do sexo seguro e a cruzada da luta contra a SIDA. Foi uma das maiores doadoras de fundos e ganhou diversos prémios por ter sido a artista que mais se destacou nessa luta. Mathilde Krim, uma das maiores activistas nesta matéria, fundadora da Fundação Americana para a Investigação da SIDA, falecida este ano, honrou Madonna com um discurso celebratório da dedicação de Madonna à causa e que foi reproduzido na edição de Abril de 1991 da revista Music Collector, e que aqui apresento traduzido pela primeira vez em língua portuguesa:

“Há poucas pessoas na indústria do entretenimento que responderam de maneira mais devotada e compassiva à epidemia de SIDA do que Madonna. Como uma das mulheres mais famosas do mundo, Madonna viajou pelo mundo transportando uma mensagem, não apenas sobre a pura alegria da música, mas também sobre a necessidade da responsabilidade pessoal e da generosidade pública diante da mais séria ameaça à saúde deste século. Os esforços incansáveis ​​de Madonna para aumentar a conscientização sobre a SIDA e aumentar os fundos desesperadamente necessários para combater a doença beneficiaram dezenas de organizações e incontáveis ​​milhares de pessoas infectadas com o HIV ou em risco de infecção.

Ao defender o uso de preservativos durante um recente concerto registado em vídeo, ela enviou uma mensagem poderosa para literalmente milhões de jovens de todo o mundo, espalhando a palavra sobre a necessidade de sexo seguro. Mas as ações de Madonna falam ainda mais alto que as palavras. O seu compromisso com a pesquisa sobre a SIDA é formidável, e grupos como a Fundação Americana para a Pesquisa da SIDA (AmFAR) estão profundamente agradecidos pela sua motivação e generosidade. Madonna doou os lucros de dois concertos esgotados para a AmFAR. O seu espectáculo de 1987, Who’s That Girl, no Madison Square Garden, em Nova Iorque, arrecadou mais de US $ 425.000 para os programas mais urgentes de investigação e educação da AmFAR. E em junho do ano passado, Madonna anunciou que doaria a renda líquida do último concerto de sua tournée Blond Ambition. Logo depois, a AmFar recebeu um cheque de mais de US $ 3.000.000 e, a pedido de Madonna, direccionamos esses fundos para cinco centros de testes clínicos sediados na comunidade.

Esses “Subsídios Madonna” estão agora em ação ajudando novos centros de ensaios a começarem a fortalecer centros mais estabelecidos e financiando testes clínicos que preenchem uma necessidade aguda de mais e melhores tratamentos para o HIV / SIDA. Esses testes foram desenvolvidos para avaliar rapidamente novos tratamentos promissores e, ao fazê-lo, disponibilizar novos fármacos sem custo para um número crescente de pessoas com infecções por HIV ou SIDA. Através da generosidade de Madonna e de milhares de outros, a AmFAR pode travar muitas batalhas na guerra contra a SIDA, e um dia, talvez mais cedo do que qualquer um de nós ousa sonhar, nós venceremos essa guerra.”

Madonna travou várias lutas. Hoje desenvolve o maior projecto de filantropia que decorre no Malawi e que se centra nas crianças órfãs e raparigas. Fez algo raro e por isso também notável. Tornou-se ela família adoptante de quatro crianças do Malawi, resgatando-as do acolhimento institucional e com isso devolvendo-lhes o seu direito a crescerem numa família, tal como expresso na Convenção dos Direitos da Criança de 1989. Actualmente, e segundo a imprensa portuguesa, a sua maior luta é o envelhecimento. Aos fans não espanta a quantidade de artigos sobre esta matéria. Afinal, os fans poderão afirmar que tudo começou na revista inglesa Smash Hits em 1993 quando, a propósito do arranque em Setembro da tournée “The Girlie Show”, a revista coloca em letras garrafais: “Calm Down Grandma” (Tem Calma, Avózinha). Madonna tinha então 35 anos. Sobre este ponto, estamos conversados.

Em 1994, o grande intelectual americano Norman Mailer, encontra-se com Madonna para uma conversa que ficou para a história da cultura e dos anais da revista Esquire, que a descreveu e que a apresentou deste modo: “Ele é o Grande Patriarca das letras Americanas. Ela, a Primeira Dama do Sexo na América. Mailer disse-lhe: ‘Tive a ideia desta entrevista para provar que, se tem algum defeito, é ser tão equilibrada.’ Madonna comentou: ‘Oh, meu Deus...’”

“Madonna, escolheu, talvez para sobreviver, expor as suas manias. É a mestra severa que nos mostra como tudo é difícil, especialmente o sexo. Mas dá-nos algo que Marilyn nunca nos pôde dar. Demonstra-nos que qualquer verdade humana é perigosa se ousarmos aprofundá-la; lembra-nos que as alegrias da vida se apoiam em vidro”

Talvez seja nesta noção de tranquilidade defendida por Mailer, própria de quem se sente bem na sua pele, que Madonna poderá ser equacionada. Afinal do seu círculo de inadaptados muitos tornaram-se grandes estrelas nas suas áreas artísticas. Porém, só ela sobreviveu e aparentemente tudo tem feito para fugir a um belo cadáver. Das últimas grandes estrelas só ela sobrevive - Michael Jackson, Prince, George Michael já expiraram. Até Bowie, mas neste caso à fatalidade de um incontornável cancro. Madonna é hoje o último reduto daquilo a que os americanos chamam de star-quality. Uma mulher a quem Andy Warhol fotografou e a quem dedica várias entradas, muito prosaicas, nos seus diários, incluindo uma contemporânea dos primeiros anos de Madonna em Nova Iorque, onde afirma que Madonna dorme na banheira e que rouba nas lojas. Mais tarde escreve, após ter estado no casamento de Madonna com Sean Penn, que esse foi o fim-de-semana mais excitante da sua vida, pela mistura de tipos de pessoas e pelos helicópteros que sobrevoavam a cerimónia. Warhol foi um dos poucos amigos que não classificou o filme Xangai, em que Madonna e Sean Penn contracenam juntos, como sendo mau.

Mailer compara Madonna e Warhol no talento que ambos manifestam para perceber os podres da sociedade. Nesta equação, Marilyn Monroe, esse ser de aparência imaculada, é para Mailer a antítese perfeita. O “Patriarca das Letras Americanas”, remata nestas linhas, traduzidas do inglês por Ana Barradas: “Madonna, escolheu, talvez para sobreviver, expor as suas manias. É a mestra severa que nos mostra como tudo é difícil, especialmente o sexo. Mas dá-nos algo que Marilyn nunca nos pôde dar. Demonstra-nos que qualquer verdade humana é perigosa se ousarmos aprofundá-la; lembra-nos que as alegrias da vida se apoiam em vidro”.

Long live the Queen.

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