Esses grandes também erram, como todos nós.
Independentemente de todos os elogios, merecidos, que possam ser feitos ao treinador de 'apenas' 39 anos, a verdade é que Rúben Amorim somou agora um segundo grave erro na gestão da sua carreira, isto em apenas seis meses. E sempre com Inglaterra como pano de fundo.
Há seis meses houve um avião envolvido, agora não. E essa é a grande diferença dos dois erros de Amorim.
Recuemos até abril último. O treinador não tinha nada para fazer, tinha dado folga prolongada ao grupo de trabalho, e decide apanhar um voo privado rumo a Londres, fretado pelo West Ham. Foi então negociar com o emblema da Premier League, isto quando faltavam ainda quatro jornadas para o final do campeonato. Os leões eram líderes, sim, mas apenas com sete pontos de vantagem, com o Benfica logo ali.
Como bom comunicador que é, Rúben Amorim disse na altura que cometeu um erro, salientou mesmo que o "timing foi completamente desajustado". E foi.
Com o título conquistado algumas semanas depois, este erro passou completamente para segundo plano, mesmo entre os sócios e adeptos do Sporting. Mas foi um erro.
Ninguém, no entanto, teve dúvidas, na altura, que Amorim estava disposto a sair, as negociações comprovam isso. Mas houve quem o convencesse a ficar mais um ano, com um grande objetivo em mente, o bicampeonato.
Quem o convenceu foi o seu amigo, e diretor desportivo, Hugo Viana. E convenceu-o com garantias. Garantias essas sobre os principais jogadores, como Gyokeres. Iriam segurá-los para atacarem o tal bicampeonato.
Como bom comunicador que é, foram várias as vezes que Rúben Amorim veio a público dizer isso mesmo, que os melhores jogadores só saíriam pela cláusula.
Parecia um casamento perfeito, até ao segundo erro.
Não houve avião, desta feita. Ou melhor, até houve, mas foi no sentido contrário, de Inglaterra até Lisboa. Rúben Amorim permitiu que dois dirigentes do Manchester United viessem até à capital portuguesa negociar a sua saída do Sporting. Permitiu, esta é a verdade, pois se não quisesse discutir com os ingleses, o jato nem seria atestado em Manchester.
E é um segundo erro, mais grave até que o primeiro. Tudo porque para ficar em Alvalade impediu que outros jogadores pudessem tomar outras opções, bem mais vantajosas para eles, e agora planeia abandonar o barco com apenas nove jornadas decorridas.
E foi de tal forma grave, que o bom comunicador nem conseguiu explicar novo erro. O bom comunicador, desta feita, pareceu um treinador normal. Com explicações curtas e completamente comprometido. E Rúben Amorim nunca foi assim numa conferência, nesta sua ainda curta carreira. Nem mesmo quando teve de explicar o primeiro erro, em abril.
Esperemos que o bom comunicador regresse em breve, pois terça-feira disse também que explicará "tudo". "No final será muito claro. Eu vou explicar tudo tintim por tintim".
Uma coisa é certa, daqui para a frente o bom comunicador será olhado de outra forma pela família sportinguista. E se acabar por ficar - até fim da época será o limite -, o relacionamento entre clube e treinador será totalmente diferente, embora dificilmente essa imagem passe para o exterior.
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