A sondagem da CNN imediatamente após o debate dá Kamala Harris vencedora por 19 pontos (59/38). Esta diferença parece exagerada, não retrata o que parece ter sido um empate neste debate polido, com cada parte a alcançar o seu objetivo: Pence, sóbrio e focado, foi eficaz a confortar a base conservadora; Kamala, segura, mostrou sensatez, energia, e transmitiu confiança e empatia.

Pence esforçou-se para passar a impressão de que a presidência Trump não é o caos que tantos comentamos. Não tinha como defender a indefensável gestão da Casa Branca no combate à pandemia que tem a pairar o fantasma de 210 mil mortos e deixou sem resposta uma pergunta crucial logo no início: “Por que é que a percentagem de mortes covid é nos EUA maior do que em outro país desenvolvido?”. Mas Kamala também não foi concreta a explicar o que é que a administração democrática pretende fazer, para além do respeito das medidas preventivas. Refugiou-se num argumento forte, o da necessidade do Obamacare.

Durante o debate, Kamala esteve melhor a atacar Trump do que a defender Biden. Pence, sem alguma vez sair da fidelidade total a Trump, quis deixar claro ao eleitorado tradicional republicano que ele, Pence, é o pilar com quem eles podem contar.

Fica a frustração de nenhum deles ter dito alguma coisa que ainda não se soubesse. As perguntas que pediam resposta concreta e que acrescentavam informação ficaram por responder. Pence esquivou-se a responder à pergunta essencial sobre se a atual presidência vai respeitar a transferência pacífica de poder, se essa for a decisão dos eleitores. Kamala foi evasiva sobre como uma eventual presidência democrata com maioria no Congresso vai reagir à designação, à última hora, de uma juíza que reforça a maioria ultraconservadora no Supremo Tribunal.

Nenhum dos dois, nem Kamala nem Pence, respondeu à oportuna pergunta da moderadora, Susan Page, do USA Today, sobre se se têm preparado para suceder ao Presidente em caso de necessidade. Ambos divagaram sem que a moderadora insistisse na necessidade de resposta.

Nenhum eleitor indeciso deve ter ficado com argumentos para optar por alguma das candidaturas. Quem já escolheu ficou com a opção confirmada. Por outro lado, fica a convicção de que os dois, Pence e Kamala, estão a contar serem os candidatos a Presidente no ciclo eleitoral seguinte.

Por agora, antes do voto, ainda falta o regresso aos debates com Trump e Biden. Trump já garantiu que vai estar nos debates nas próximas duas semanas, em 15 e em 22 de outubro. É de calcular que ele, Trump, sem máscara a cobrir-lhe parte da cara.

Nas sondagens, a dupla Biden/Kamala reforça a vantagem no voto nacional com o favoritismo em vários dos estados que oscilam. Muito forte (+5 a +13) a liderança nas intenções de voto na Pensilvânia e na Florida, muito tangencial no Ohio (+1) e no Arizona (+2), com alguma folga no Iowa (+5), Nevada (+6) e Michigan (+8). Sem reviravolta na Pensilvânia e na Florida, Trump não deve conseguir continuar na Casa Branca.

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