Enquanto escrevo este texto ainda não há um vencedor claro. Talvez ainda não se saiba ao certo quem venceu as eleições norte-americanas quando o estiverem a ler, mas há coisas que já são certas e são vários os ensinamentos que podemos retirar deste circo ao qual chamam eleições americanas:
- Os portugueses seguem mais as eleições norte-americanos do que votam nas portuguesas.
- Trump, o homem que sugeriu injectar desinfectante, parece que também não percebe matemática simples de contagem de votos. Certamente tirou humanidades.
- A esperança média de vida para um homem nos EUA é de 76 anos. Joe Biden tem 77. Se ganhar, será mais um presidente que mesmo a dever ao Estado é eleito. Será complicado fazer dois mandatos a não ser que continue a beber sangue de crianças ao pequeno-almoço como os chalupas dos Qanon acreditam.
- Quando o Trump ganha é a bonita democracia a funcionar. Quando o Trump perde é fraude, fake news e vai processar todo o mundo. O Trump tem o mau perder do Sérgio Conceição, o ego do Jorge Jesus e a inexperiência do Rúben Amorim.
- Por falar nisso, os eleitores americanos votam como se fossem clubes de futebol: suspendem o pensamento crítico pelas suas cores e quando perdem também dizem que a culpa é do árbitro.
- Os votos por correio são uma espécie de penáltis no futebol. Ninguém quer que sejam eles a decidir, mas todos temos um gosto mórbido que o jogo chegue a essa fase.
- Nos EUA, cada voto conta, mas uns contam mais do que outros porque um país que insiste em usar polegadas e pounds tinha de se armar em diferente na altura de contar votos. Não sabem converter quilómetros para milhas, mas converter votos de pessoas para votos de colégio eleitoral eles já sabem.
- A pandemia pode ter sido a grande inimiga de Trump já que matou muita gente que se recusava a usar máscara e que acredita que a covid é treta e esses eram os mais prováveis de votar em Trump devido ao facto de serem burros que nem calhaus. Mais burros ainda nesta altura porque usar máscara na rua com o frio é bastante agradável e protege a ponta do nariz de congelar.
- Trump é a pessoa mais coerente do mundo. É igualmente idiota quando se vê a ganhar como quando se vê a perder.
- Em números absolutos houve mais dois milhões de pessoas a votar em Trump do que em 2016. Significa que houve dois milhões de filhos de gente burra que atingiram a idade legal para votar.
- Parece que em alguns estados os latinos deram a vitória a Trump. Aprenderam esta táctica com alguns ciganos que votaram no Chega “para mostrar que não temos medo do senhor André Ventura”.
- Os portugueses não fazem a mínima ideia de como funcionam os votos por correio nos EUA, mas mesmo assim muitos desconfiam que houve marosca porque o tuga sabe sempre tudo e não confia nos CTT.
- Se houvesse votos por correio em Portugal, as pessoas teriam de votar dois anos antes para chegarem a tempo e mesmo assim corriam o risco de chegar lá o estafeta e nem tocar à campainha para verificar se está alguém para receber os votos.
- Os norte-americanos não estão interessados em política, apenas em espectáculo e entretenimento. Lembremo-nos que é um país que não gosta de futebol por ser demasiado lento e chama futebol a um jogo jogado maioritariamente com as mãos, onde querem é ver cacetada e meninas com pompons e minissaia. Gosto da última parte, mas não podiam ser certos da cabeça.
Muitas outras ilações se podiam retirar destas eleições como por exemplo a melhor receita para bochechas de porco no forno e também para motins assados com redução de guerra civil com espuma de extremismo. Ainda não sei o resultado final, mas esperemos que a história não seja como a minha avó com Alzheimer e que não se repita. Não que Biden seja o presidente ideal para a maior potência do mundo, longe disso, mas o mundo precisa de algo menos mau do que Trump. Eu disse precisa, não disse merece.
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