Estou a viver em Londres há quase um mês. Cheguei uma semana antes do Brexit e assumo aqui que fui eu quem conseguiu mais um adiamento, unicamente para benefício pessoal. Entretanto, estou a tentar adaptar-me à cultura e rotina daqui, no sentido de ter menos chatices com o SEF daqui quando efetivamente começarem a perceber quais de nós é que vão expulsar num barquinho a remos.

A cultura britânica tem celebrações bizarras. Há uns dias aconteceu uma festa muito singular, que é a Bonfire Night, em que se relembra o dia em que Guy Fawkes tentou incendiar o Parlamento Inglês. Vocês que viram o filme V for Vendeta ou foram àquela manifestação de 2012 com máscaras dos Anonymous devem saber quem é. Pessoalmente, acho mesmo que devíamos importar esta festa em que se recorda a tentativa de pegar fogo a um parlamento. Mas, lá está, não depende de mim. Está tudo nas mãos da Joacine.

Aqui, os transportes são fiáveis, mas não tanto quanto se julga. Já fui vítima de algumas severe delays e ainda mais de minor delays, que são os jaquinzinhos dos atrasos no metro. Por outro lado, os Ubers são um perigo. Eu penso que seria impossível conduzir num país em que as faixas são ao contrário, mas depois de andar de Uber aqui a minha autoestima de condutor aumentou. Na verdade, sinto até que podia pegar ali no carro e ter uma condução mais suave do que a maioria dos Ubers que apanhei. OK, iria andar em contramão e passar por cima de rotundas, mas acreditem que estariam mais seguros comigo.

Depois, os condutores de Uber daqui olham de uma forma lata para o conceito de “ponto de recolha”. Já chamei um que me apanhou num parque que era a uns bons 600 metros do sítio onde estava, porque estava imenso trânsito na rua onde eu estava à espera. Pois, compreendo. Mas é para esse parque que eu desejo ir em primeiro lugar. Se é assim, eu caminho até aí e depois entro no carro para nos conhecermos e depois saio pela outra porta, já que já terei chegado ao destino e o senhor tem outras coisas para fazer. Cancelou-me a viagem.

Partilho então aqui uma leitura honesta da Uber em Londres.

5 – “Conduzo bem, obrigado”

4.9 – “Claro que travo em cima dos carros e engano-me três vezes no caminho.”

4.7 – “Olhe, um dia destes estou a pensar tirar a carta. Deseja que eu aumente o A/C ou prefere que matemos um ciclista?”

Aqui fica para referência futura. Por último, queria alertar qualquer pessoa que esteja a pensar emigrar para Londres para o maior perigo que esta cidade representa. Não sei se estão preparados, mas em Londres podem – respirem fundo - encetar amizades. Sim, sim. É a coisa mais indesejável que pode acontecer na capital do Reino Unido. É que, não sei se estão a par, ninguém tem dinheiro para isso. A agência de viagens britânica Thomas Cook foi, como sabem, à falência recentemente. Reparem que não foi por falta de clientes. Na verdade, foi porque o dono foi sair à noite com os amigos. Infelizmente, era a vez dele de pagar a rodada de pints.

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Esta pizzaria.