Enquanto houver guerra, dificilmente a Ucrânia entrará na NATO

Manuel Ribeiro
Manuel Ribeiro

É esta a conclusão que se pode tirar no final do primeiro dia da cimeira da NATO que decorre em Vilnius, entre hoje e quarta-feira. Aliás, é certo e sabido que dificilmente os aliados iriam aceitar a Ucrânia, enquanto estiver a ser alvo de uma guerra por parte da Rússia.

O próprio Zelensky reconhece isso quando, cerca de 24 horas antes de começar a cimeira, lembrou que enquanto durar a guerra não será possível a integração na Aliança Atlântica. Sendo a Aliança Atlântica uma organização de cariz defensivo, seria obrigada a respeitar o artigo 5.º e, inevitavelmente, entrar no conflito para defender o seu novo aliado.

Contudo, o presidente da Ucrânia pede mais, e espera que desta cimeira saia “um sinal claro” para a porta de entrada. E foi o que Stoltenberg fez. Nas suas declarações à imprensa, o secretário-geral da NATO garantiu hoje que a "Ucrânia vai entrar na NATO", só não precisou quando nem como.

“Os estados-membros farão o convite de adesão à Ucrânia quando o país alcançar todas as condições”, disse Stoltenberg, querendo com isso dizer que, possivelmente, entrará na discussão desta cimeira "o convite" (forma simpática de ganhar tempo?), e só depois o processo de adesão propriamente dito. Ou seja, os requisitos.

E sublinhou ainda que “não basta terminar a guerra para a Ucrânia entrar na Aliança, tem de cumprir uma série de requisitos”, enquanto Estado, para a adesão. Esses “requisitos” incluem grandes reformas no país, designadamente, no campo da democracia, no combate à corrupção, e a segurança interna.

Stoltenberg reconhece "que o caminho da Ucrânia para a plena integração ultrapassou a necessidade do Plano de Ação para a Adesão", já que o país está "cada vez mais interoperável e politicamente integrado" na Aliança Atlântica e "tem feito progressos substanciais no seu percurso de reforma" que diz ser “um aproximar da Ucrânia à NATO”. Com isso, já saltaram alguns passos quanto ao processo, afirmou.

Portanto, é muito provável que desta cimeira não saia a formalização do processo de adesão da Ucrânia que Zelensky tanto quer. O chefe de Estado ucraniano ficará pouco satisfeito, no entanto, não sai da Lituânia de mãos a abanar. Os aliados acordaram “mais apoio militar à Ucrânia”.

A França enviou os mísseis de longo alcance SCALP e Portugal junta-se a mais 10 Estados-membros para formar uma coligação de treino de pilotos ucranianos em caças F-16.

*com Lusa

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