“É um protótipo, [mas] estamos a submetê-lo ao Comité Ético para começar a fazer ensaios com idosos fora do laboratório”, revela à agência Lusa José Manuel García Alonso, professor da Universidade da Estremadura, na cidade raiana de Badajoz (Espanha).

Caso seja aprovado, realça, o assistente de voz vai ficar “em casa de pessoas na Estremadura e no Alentejo” para a realização de ensaios em “ambiente real”, talvez “em princípios de 2020, em janeiro ou fevereiro”.

Esta foi uma das soluções desenvolvidas pelo Instituto Internacional de Investigação e Inovação do Envelhecimento (4ie), que envolve as universidades de Évora e da Estremadura e os politécnicos de Portalegre e Beja, além da Administração Regional de Saúde (ARS) do Alentejo.

A primeira fase do projeto, que termina em dezembro, contou com um financiamento de cerca de 1,2 milhões de euros proveniente da União Europeia, no âmbito do Programa Europeu de Cooperação Transfronteiriça INTERREG VA Espanha-Portugal (POCTEP), estando já prevista uma segunda fase que vai prolongar os trabalhos até 2021.

Também em declarações à Lusa, o coordenador do 4ie, Manuel Lopes, afirma que o projeto tem como foco o envelhecimento, que é “uma das características mais importantes” das duas regiões, e “tudo o que lhe está associado”, nomeadamente “a necessidade de cuidados”.

A iniciativa, refere, conta com “uma equipa vasta multidisciplinar e trabalha com vários subprojetos em simultâneo”, abrangendo as áreas das políticas públicas, dos modelos de cuidados e do desenvolvimento de dispositivos tecnológicos.

Quanto ao assistente de voz, nota José Manuel García Alonso, “não necessita de conexão à Internet” e “a comunicação que os idosos mantêm com o dispositivo processa-se no próprio dispositivo, não se envia a nenhum servidor de nenhuma empresa”.

Segundo o responsável, o dispositivo, para já, serve para “avisar os utilizadores de que têm de tomar a medicação e de que têm consultas médicas”, tendo em conta que os idosos “normalmente são pessoas polimedicadas” e “têm de tomar diversos comprimidos diariamente, com diferentes doses”.

“Além de emitir avisos sobre a medicação e de recordar os nomes dos medicamentos, que às vezes são complexos, o que podemos fazer é atribuir sinónimos a cada medicamento que sirvam para que essa pessoa consiga identificar corretamente que medicação é que tem de tomar, como a cor do comprimido, cor da caixa, onde a tem guardada, esse tipo de coisas que facilitam a tarefa”, sublinha.

O assistente, salienta, “permite também fazer o seguimento e o registo da toma de medicação para tentar melhorar o processo”, porque “os idosos tomam os medicamentos de forma adequada e nas doses que estão prescritas”.

García Alonso adianta que foi também desenvolvida uma plataforma de avaliação multidimensional da funcionalidade dos idosos, que permite “definir que capacidades tem um idoso, se se pode lavar ou vestir sozinho, se pode cozinhar e também a nível intelectual”.

“O que fizemos foi integrar tudo isto numa plataforma simplificada para os cuidadores de forma a que seja muito fácil proporcionar essa informação e poder ir acompanhando e dando seguimento a essa informação”, observa.

Essa plataforma pode também integrar de forma automática a informação proveniente de dispositivos tecnológicos, como pulseiras, que medem os passos, ou balanças inteligentes, que dizem a percentagem de gordura corporal.

De acordo com o coordenador do 4ie, Manuel Lopes, um outro instrumento desenvolvido no âmbito do projeto é uma aplicação para telemóveis inteligentes que permite avaliar o tipo de alimentação de uma determinada pessoa.

“Se fotografar [através da aplicação] o conteúdo do frigorífico, do prato ou de uma mesa posta, desse modo, por essa via, conseguimos compreender os hábitos alimentares, mas inclusivamente o tipo de alimentação e a quantidade de proteínas e de hidratos de carbono que aquela pessoa consome”, conta.

O também professor da Escola Superior de Enfermagem S. João de Deus da Universidade de Évora (UÉ) revela que um novo sistema de informação, criado no âmbito do projeto, “totalmente inovador” e que “não está testado em lado nenhum”, vai ser testado no Hospital do Espírito Santo de Évora.

“É um plano individual de cuidados que permite que o planeamento de cuidados seja feito de forma integrada entre todos os cuidadores e que acompanha o doente para onde quer que ele vá. Ou seja, não interessa se ele está no hospital, se está nos cuidados de saúde primários ou se ele está em casa”, adianta.

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