Será que a Google tem um papel de responsabilidade na proteção dos factos e da verdade objetiva? O CEO da Google, diz que sim, mas avisa: “há muitas áreas em que as pessoas não estão de acordo quanto ao que é a informação certa”.
Sundar Pichai, o CEO da Google, e Susan Wojcicki, CEO do YouTube, dizem que as empresas que lideram sentem uma verdadeira responsabilidade pelo ódio e informações falsas que têm circulado pela Internet desde as presidenciais norte-americanas de 2016, que deram a vitória a Donald Trump, que amanhã celebra um ano à frente dos destinos dos Estados Unidos da América.
Mas Pichai recorda que a Google e o seu motor de busca são apenas uma das peças num “sistema gigante” de disseminação de notícias e informação.
A Google diz que vai contratar 10 mil pessoas para localizar os conteúdos negativos que circulem nas suas plataformas — incluindo o YouTube —, sejam notícias falsas (Fake News) ou vídeos de ódio. Para além de dez mil novos colaboradores, a empresa conta também com a inteligência artificial para resolver o problema.
“Trata-se de usar a inteligência artificial para encontrar esses vídeos e depois ter alguém para os rever”, diz Wojcicki, citada pela revista especializada norte-americana ‘Fast Company’.
A cada minuto são carregadas cerca de 400 horas de vídeo para o YouTube. No meio de tanto vídeo — são cerca de 576 mil minutos por dia —encontrar conteúdos que violem as políticas daquela placaforma é uma empreitada titânica. “Somos capazes de remover metade desse extremismo violento em duas horas com o ‘machine learning’ [máquinas que aprendem novas funções sem precisar de ser constantemente programadas]”, diz a CEO do YouTube.
“Se fossem apenas humanos, não seríamos capazes de o fazer”, acrescenta a responsável pela plataforma de partilha de vídeos.
Questionado sobre a responsabilidade da Google na partilha de conteúdo tóxico e falso em 2016, por disponibilizar uma plataforma para essas ideias, Pichai diz que a empresa sente a responsabilidade pelo que se passou e não o esconde: “Uma das coisas de que gosto é que é fácil chamar-nos à responsabilidade”, diz o CEO da Google, que detém o motor de busca mais conhecido do mundo.
“Quando cometemos um erro, está nas notícias em todo o lado”, acrescenta. E garante que a empresa está a fazer os possíveis para ter a certeza de que não mantém uma plataforma para a partilha de conteúdos que possam perturbar o processo democrático, conta a revista.
“Passámos bastante tempo em 2017 a pensar em como podemos fazer as coisas de melhor forma, e, em 2017, criámos muitas das bases para isso”, explica Susan Wojcicki. Uma das das medidas, nos EUA, passa por procurar uma maior transparência, divulgado quem paga por notícias que sejam patrocinadas pelos estados.
“Gostava de disponibilizar uma plataforma que promova o entendimento e a aprendizagem e a possibilidade de ver novos pontos de vista”, diz Wojcicki. “Se conseguirmos fazer isso, penso que teremos um bom ano”, conclui.
Os líderes da Google e do YouTube foram entrevistados por dois jornalistas norte-americanos, em São Francisco, para um programa de televisão sobre tecnologia chamado “Revolution” (revolução), que será emitido pela cadeia MSNBC, no próximo dia 26 de janeiro.
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