Em comunicado, o IA adianta que o estudo, publicado na revista científica ‘Astronomy & Astrophysics’, precisou “de vários anos e bastante poder computacional”.
A equipa de investigadores, que analisou perto de “meio milhão de espetros provenientes de uma amostra com todos os tipos de galáxias espirais (como a Via Láctea)”, conseguiu medir, “pela primeira vez”, a variação da idade das estrelas e perceber como é que essa variação se relaciona com outras propriedades da galáxia, tais como a existência de núcleos ativos ou a massa total de estrelas.
Segundo o instituto, a medição, feita do centro para a periferia do núcleo galáctico, permitiu concluir que as estrelas no centro das galáxias espirais “mais massivas” são mais velhas do que as estrelas localizadas na periferia do núcleo [conhecido por bojo] e, que nas galáxias espirais de menor massa acontece o oposto, ou seja, as estrelas mais jovens estão no centro do núcleo e as mais velhas na periferia.
“Este resultado parece concordar com um estudo prévio da equipa, que já tinha encontrado fortes evidências de um cenário unificado para a formação de galáxias espirais”, esclarece o IA, acrescentando que em oposição à teoria “mais aceite”, as galáxias espirais de pequena e grande dimensão “parecem formar-se da mesma maneira”.
De acordo com o IA, os dados obtidos com o estudo podem também ser usados para determinar “o impacto que os núcleos de galáxias ativos têm na evolução do bojo [conjunto de estrelas encontrado no núcleo da maioria das galáxias espirais] e, por consequência, na própria galáxia”.
“Compreender de que maneira se forma e evolui o núcleo das galáxias é indispensável para a compreensão da formação de buracos negros ‘supermassivos’ [regiões do Universo de grande massa de onde nem a luz escapa] durante a época da Reionização [segunda grande transição de fase do Universo] e como é influenciaram a evolução das galáxias”, sustenta.
Citada no documento, Iris Breda, primeira autora do artigo, adianta que são várias as “lições importantes a retirar do estudo”, mas que a “mais relevante” é a de que os núcleos das galáxias mais massivas “não se podem ter formado num único surto de formação estelar, como é habitualmente aceite”.
“Pelo contrário, estes resultados apontam para um cenário em que os núcleos estelares se foram formando gradualmente, ao longo de dois a quatro mil milhões de anos”, sustenta Iris Bedra, doutorada na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP).
A investigadora afirma ainda que o estudo “suporta a hipótese de que as galáxias menos massivas, que estão neste momento ativamente a formar estrelas no seu centro, parecem-se atualmente com versões em menor escala das galáxias de maior massa aquando dos seus estágios iniciais de evolução”.
Também citado no documento, José Afonso, coordenador do IA, salienta que os “detalhes finos” da formação e evolução das galáxias estão, devido à combinação de observações com modelos e ferramentas computacionais, “finalmente a ser expostos”.
“Estas técnicas serão em breve elevadas a um novo patamar, quando instalarmos o poderoso espetrógrafo MOONS no Very Large Telescope, do ESO. Vamos ter acesso a observações detalhas de milhões de galáxias desde os primórdios da evolução das galáxias, quando o Universo tinha menos de metade da idade atual”, concluiu.
O estudo dos núcleos ativos de galáxias, desde a era da reionização, e o seu impacto na evolução das galáxias é um dos principais eixos de investigação do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA).
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