Em comunicado, o instituto da Universidade do Porto explica hoje que o estudo, publicado na revista Advanced Science, permite "acelerar um processo que normalmente é muito demorado", bem como "facilitar a disseminação do uso dos sistemas órgão-em-chip".
O sistema órgão-em-chip, um modelo 'in vitro' de cultura celular em três dimensões (3D), surge como alternativa à experimentação animal num contexto pré-clínico.
Os 'chips', que são do tamanho de um disco de USB e produzidos num tipo de silicone biocompatível, permitem "recriar com detalhe o microambiente de um tecido ou órgão num contexto laboratorial, replicando não só a arquitetura, mas também as condições dinâmicas do órgão", afirma, citado no comunicado, Daniel Ferreira, primeiro autor do estudo.
"Além disso, é possível combinar estes dispositivos com células provenientes de doentes, o que permite uma abordagem única num contexto de medicina personalizada", acrescenta.
Segundo o investigador, a técnica agora desenvolvida, baseada em xurografia, recorre a uma impressora de corte para, a partir de folhas de silicone, remover as geometrias dos canais de perfusão do chip "numa questão de segundos".
"Além da melhoria significativa no tempo de produção, todo o processo pode ser executado com equipamento de baixo custo, reduzindo os três maiores encargos de fabricação: tempo, custo e espaço para alojar o equipamento de produção", salienta.
Através de um modelo biológico da mucosa gástrica, os investigadores demonstraram que os dispositivos produzidos pela tecnologia são "biocompatíveis e permitem replicar a arquitetura e condições dinâmicas da mucosa gástrica num contexto ‘in vitro’".
"Pela sua modularidade, baixo custo e facilidade de execução, este método é uma alternativa interessante aos métodos de fabrico convencionais", afirma Daniel Ferreira.
Apesar das vantagens dos sistemas órgão-em-chip, a sua fabricação é um processo complexo que requer equipamento especializado, assegura o i3S, acrescentando que a "procura por novos métodos de fabricação que possam reduzir o tempo necessário da conceção até ao protótipo final tem sido uma prioridade".
Além de investigadores do i3S, este estudo contou com a colaboração de investigadores do Instituto Superior Técnico de Lisboa e da Universidade Técnica de Viena, na Áustria.
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