Preparado para o festival Summer Fest, em 2017, “A história do hip-hop tuga” foi contada uma segunda vez em 2019, desta vez na Altice Arena e extravasando a música, focando as quatro vertentes da cultura hip-hop ('rap', 'graffiti', 'breakdance' e 'djing').
Vasco Ferreira, da organização, em declarações à Lusa, disse que não tinha sido equacionado voltar a contar esta história em 2022: “Mas depois de dois anos de confinamento e de estarmos todos fechados em casa, achámos que o público merecia esta noite de celebração, para respirar um bocado e tentarmos voltar à normalidade. Foi o grande motivo para avançarmos com o espetáculo em 2022”.
No alinhamento, houve artistas que entraram e outros que saíram, o que “permite contar a mesma história com nuances ou apontamentos diferentes”, mas garantindo que se mantém “equilíbrio entre as três gerações das quase três décadas da história do hip-hop em Portugal”.
A representar a vertente do ‘rap’ passarão pelo palco da Altice Arena, no dia 19 de março de 2022, Black Company, Valete, Expensive Soul, Sam The Kid, Dealema, Bezegol, Capicua, Dillaz, Ace e Presto (dos extintos Mind Da Gap), Nenny, Julinho KSD, Bispo, Chullage, Kappa Jotta, Holly Hood, T-Rex, Tribruto, XEG, Blasph & Sanryse, Nerve, GROGNation, Papillon, Vado Más Ki Ás, Phoenix RDC, X-tense, Deau, Keso, Tekilla, Alcool Club e Gabriel O Pensador.
Vasco Ferreira admitiu que muitos posam questionar o que faz um ‘rapper’ brasileiro (Gabriel O Pensador) em “A história do hip-hop tuga”, mas “existe uma história por detrás disso”.
“Ele editou disco de estreia em final de 1992, álbum que foi distribuído pela Sony em Portugal e foi a primeira vez que tanto ‘rappers’ como público conseguiram ver um trabalho de rap a ser editado em português. E foi um sucesso na altura. Isso acabou por fazer com que a Sony tomasse a decisão de investir no ‘Rapública’, que trouxe o primeiro grande hit do hip-hop tuga”, recordou.
O álbum de estreia de Gabriel O Pensador inclui temas “Lôraburra”, “Tô Feliz (Matei o Presidente)” e “O Resto do Mundo”, no qual o ‘rapper’ brasileiro cantava que “queria morar numa favela”.
Vasco Ferreira lembrou que na primeira edição de “A história do hip-hop tuga”, Gabriel O Pensador estava de férias em Portugal e acabou por aparecer em palco: “uma coincidência, não foi programado”.
“Existe uma cadeia de acontecimentos que nos levou a convidar o Gabriel para fazer parte desta história e também demonstrar-lhe com gratidão aquilo que ele fez por esta cultura em Portugal”, afirmou.
A representar a vertente do ‘djing’ estarão os DJ Nel Assassin, Bomberjack, Cruzfader, Glue e Kronic.
O espetáculo irá integrar ainda os ‘writers’ Nomen e YouthOne, dois dos pioneiros do ‘graffiti’ em Portugal, e a ‘crew’ de ‘writers’ Crack Kids.
O ‘breakdance’ estará representado pelas ‘crews’ (grupos) de ‘bboys’ (dançarinos de ‘break dance’) 12 Macacos, Zoo Gang, Gaiolin Roots e Momentum Crew.
A história da cultura hip-hop em Portugal começa a ser contada no final da década de 1980, início de 1990, quando começaram as surgir os primeiros ‘graffitis’ em Carcavelos, no concelho de Cascais.
Na música, a contagem do tempo começa em 1994, ano da edição da coletânea “Rapública”, da qual faziam parte os temas “Não sabe nadar”, dos Black Company, e “A Verdade”, de Boss AC.
Em 1995, General D foi o primeiro MC a editar um disco em nome próprio (“Pé Na Tchôn, Karapinha Na Céu”, em 1995).
Os bilhetes para o espetáculo de 19 de março de 2022 têm um custo que varia entre os 20 e os 27 euros e estarão à venda a partir de hoje.
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