O júri do Prémio Literário Fundação Inês de Castro deste ano foi idêntico ao das edições anteriores, constituído pelo professor José Carlos Seabra Pereira, coordenador científico do Centro Interuniversitário de Estudos Camonianos, pelo escritor Mário Cláudio, pela investigadora Isabel Pires de Lima, professora emérita da Universidade do Porto, e pelos poetas Pedro Mexia e António Carlos Cortez, também investigador do Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias da Universidade de Lisboa.
A escolha da romancista Lídia Jorge e do livro de Andreia C. Faria, pelo júri, foi unânime, segundo o comunicado da Fundação Inês de Castro (FIC).
A obra "Alegria para o Fim do Mundo" foi publicada na coleção "Elogia da Sombra", dirigida por Valter Hugo Mãe, para a Porto Editora, e reúne inéditos a todos os poemas publicados pela poetisa até 2019, com uma revisão da autora.
Andreia C. Faria recebeu, em 2018, o Prémio Autores para o Melhor Livro de Poesia, da Sociedade Portuguesa de Autores, pelo título "Tão Bela Como Qualquer Rapaz".
No comunicado, a Fundação cita Valter Hugo Mãe que afirmou: "O trabalho de Andreia C. Faria está entre os mais urgentes, magníficos, da poesia contemporânea. A sua profundidade, uma contenção que não a impede da frontalidade, o enunciado terrivelmente irónico, o rasgo inesperado de cada verso, fazem do seu texto uma novidade por classificar, demarcando-a inclusive do coletivo de mulheres poetas que hoje escrevem também em força e bastante esplendor".
Andreia C. Faria, nascida no Porto em 1984, estreou-se literariamente em 2008, com o livro de poemas "De haver relento", seguindo-se "Flúor" (2013).
Em 2015, o jornalista José Mário Silva incluiu um poema de Andreia C. Faria no livro "Um pouco acima do lugar onde melhor se escuta o coração" e também na antologia "Os cem melhores poemas portugueses dos últimos cem anos" (2017).
Este ano, Andreia C. Faria publicou o livro de prosa "Clavicórdio".
Segundo a fundação, a obra premiada, "Alegria para o fim do mundo" dá "também o mote para a edição deste ano da Feira do Livro do Porto", que homenageia a poesia no feminino.
O Prémio Tributo de Consagração Fundação Inês de Castro/2019 foi atribuído à obra de Lídia Jorge, autora nascida há 74 anos em Boliqueime, no Algarve, e já distinguida com muitos outros galardões, como o Grande Prémio de Literatura dst (2019), o Prémio Vergílio Ferreira (2015), o Prémio Luso-Espanhol de Cultura (2014), o Prémio Internacional de Literatura da Fundação Günter Grass (2006), o Grande Prémio de Romance da Associação Portuguesa de Escritores e o Prémio Correntes d’Escritas (2002), o Prémio Jean Monet de Literatura Europeia (2000) e o Prémio D. Diniz da Casa de Mateus (1998).
A FIC refere que a Lídia Jorge, autora de obras como "A Noite das Mulheres Cantoras", viveu "os anos mais conturbados da Guerra Colonial em África", foi membro da Alta Autoridade para a Comunicação Social e lecionou no Ensino Secundário, além de colaborar regularmente na imprensa.
"Os seus livros abordam com frequência a condição feminina e a sua solidão", afirma a FIC que cita, "entre as suas obras mais aclamadas", "Notícia da Cidade Silvestre" (1984), "A Costa dos Murmúrios" (1988), "O Dia dos Prodígios" (1979) e "O Vento Assobiando nas Gruas" (2002), vencedor do Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores e do Prémio Correntes d'Escrita.
No ano passado, a autora publicou "O Livro das Tréguas" e, recentemente, "Em todos os Sentidos", no qual reúne crónicas de reflexão quotidiana. Estas crónicas resultam de um convite feito pelo realizador de rádio João Almeida, diretor da Antena 2, em finais de 2018, para colaborar num programa seu com este mesmo título.
Os textos, crónicas, que leu aos microfone, foram a transformação de mensagens que Lídia Jorge enviaria aos seus amigos e que "se perderiam pelos ecrãs [dos telemóveis], computadores", afirma a escritora na nota de abertura do livro.
Segundo a escritora "a crónica não constitui um género, é apenas uma espécie de homenagem ao deus que faz escorregar os grãos de areia, mirando de soslaio. Como não podemos vencer o Tempo, escrevemos textos que o desafiam a que chamamos crónicas".
Os prémios deverão ser entregues em setembro próximo, "em condições ainda por confirmar", adianta a FIC.
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