"Reformámos o Nun'Alvares para o seu novo uso e aproveitámos muita coisa" do que lá havia, disse à agência Lusa o proprietário do Hot Five Jazz&Blues Club – Uptown, Alberto Índio, avançando que assinou com o senhorio "um contrato de arrendamento por dez anos".
O espaço terá "uma lotação aproximada de 200 pessoas, com mesas e 100 lugares sentados, as cadeiras são as da velha sala de cinema "e o palco também é o mesmo, em meia-lua", situando-se diante da tela onde os filmes eram exibidos, especificou.
Uma das novidades será um bar com vinhos do Douro e do Porto no átrio, o velho cinema será evocado através de uma exposição e "a primeira máquina de projeção do Nun' Álvares" estará patente.
Alberto Índio acredita que a nova sala de espetáculos, situada na Rua de Guerra Junqueiro, junto à Avenida da Boavista, preenche uma antiga lacuna, que é a ausência de estabelecimentos deste tipo numa zona essencialmente residencial, mas também com vários hotéis, cujos "clientes têm de se deslocar à Baixa" para os encontrar.
O Cinema Nun' Álvares abriu em 1959 com 192 lugares, fechou em 2006, aparentemente vítima da abertura de numerosas salas de cinema inseridas em centros comerciais, reabriu, ainda assim, em 2009 e dois anos depois encerrou por "tempo indeterminado".
O Hot Five Jazz&Blues Club - Uptow funcionará "de quinta-feira a domingo" e é um estabelecimento homónimo do que há 13 anos abriu com o nome Hot Five, no Largo Actor Dias, a dois passos do antigo Governo Civil do Porto e da Muralha Fernandina e com uma clientela em que os estrangeiros predominam.
"As pessoas vão ao Hot Five da Baixa de propósito. Constatamos que os táxis e os Uber é que nos depositam lá os turistas, que constituem 70% dos nossos clientes", disse Alberto Índio, referindo ainda que "já há reservas para junho e julho".
O Porto tem pouco oferta de clubes como este, dedicados a géneros musicais como o jazz e os blues, que não arrastam multidões, e "os funcionários dos hotéis sabem para onde encaminhar clientes" que os procuram, e que aumentaram com o crescimento turístico que o Porto conheceu, facto que não passou despercebido a Alberto Índio.
"Na Boavista não há nada e os hotéis da zona receberam com agrado a notícia" da chegada próxima deste segundo membro da família Hot Five, continuou o mesmo proprietário, entusiasmado com o projeto e com as reações preliminares.
O Hot Five Jazz&Blues Club - Uptown tem "uma sala lindíssima, acessos fáceis e vários hotéis perto", resumiu Alberto Índio, anunciando concertos de quinta-feira a sábado e um espetáculo de humor aos domingos, o primeiro dos quais com os comediantes Francisco Meneses e Miguel Sete Estacas.
A inauguração, no sábado, conta com um concerto gratuito pela banda residente da casa, composta por Carlos Azevedo, na bateria, João Paulo Rsado, no contrabaixo, Ricardo Formoso, no trompete, e Miguel Santiago, na bateria, quarteto este que será acompanhado pelo "músico luso-canadiano" Jeffrey Davis, no vibrafone.
Alberto Índio diz que Jeffrey Davis "é um músico fora de série, um dos melhores vibrafonistas que para aí andam".
"Tenho um orgulho enorme por ter trazido o Hot Five para um edifício histórico como o Nun'Álvares. Se o primeiro Hot Five foi um sonho, este acaba por ser algo mais pensado", resume Alberto Índio, um músico pop com "quatro discos gravados".
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