“L’intranquille monsieur Pessoa”, que será apresentado no dia 14, em Paris, é “um retrato comovente de Fernando Pessoa, um dos maiores escritores do século XX”, numa Lisboa desenhada em tons sépia, lê-se na página oficial da editora francesa.

Não sendo uma biografia sobre Fernando Pessoa, o livro tem elementos biográficos, mas é uma ficção, uma tentativa de aproximação ao “mistério da criação” literária do escritor e das suas múltiplas facetas heteronímicas.

Na história, Nicola Barral recorre à personagem Simão Cerdeira, um jornalista do Diário de Lisboa responsável por escrever o obituário de Fernando Pessoa, porque corre o rumor, em novembro de 1935, de que o poeta está doente e morrerá em breve.

Ignorando quem seja Fernando Pessoa (1888-1935), o jovem jornalista inicia uma investigação, para juntar todas as informações possíveis e construir um retrato do poeta, na altura em que este trabalhava nos textos de “O livro do desassossego”, do heterónimo Bernardo Soares.

Citado pela editora, Nicolas Barral explica que a história de Fernando Pessoa, cuja figura se parece “com uma personagem do cinema mudo, numa mistura entre Chaplin, [Buster] Keaton e [Harold] Lloyd”, serviu também de pretexto para ele próprio refletir sobre o ato de escrever, sobre a criação literária.

O autor recorda que estava numa livraria em Lisboa quando deu de caras com um livro que tinha na capa um retrato de Fernando Pessoa: “Houve ali um efeito de espelho. Eu revi-me nele. A maneira como olhava e a melancolia falaram para mim”.

Nicolas Barral, parisiense de 57 anos, é argumentista e desenhador, tendo vários álbuns publicados em Portugal, nomeadamente “Ao som do fado”, editado em 2020 pela Levoir, sobre Portugal durante o Estado Novo e os últimos dias da governação de António de Oliveira Salazar, e “As aventuras de Philip & Francis”, coassinado com Pierre Veys, que é uma homenagem à série belga “Blake e Mortimer”.

Sobre a possibilidade de edição de “L’intranquille monsieur Pessoa” no mercado português, fonte da editora Levoir, que lançou "Ao som do fado", disse à agência Lusa que a Dargaud estava ainda a analisar propostas enviadas por editoras portuguesas.