Branko tinha um concerto marcado para o dia de hoje numa das salas emblemáticas da Avenida da Liberdade, em Lisboa. Com lotação praticamente esgotada, a data no Teatro Tivoli BBVA era especial. Mas as circunstâncias, também elas especiais, ditaram o seu adiamento para 15 de maio (e tudo indica que será novamente adiada para o segundo semestre do ano).
No entanto, "há datas na vida de um homem que não devem ficar esquecidas". Nomeadamente quando se faz 40 anos — "40 anos de quarentena". De um palco para a sala de estar — a dele e a nossa —, sem bilhetes e com igual promessa de festa, Branko estará em direto na sua conta de Instagram esta quinta-feira, pelas 22h30. "Vai dar tudo certo!".
"Foi uma ideia forçada", começa por dizer entre risos. Uma resposta óbvia para uma pergunta obrigatória — o porquê?
"O primeiro passo foi dado pelo Festival #EuFicoEmCasa, no qual eu participei. Senti que, nessa altura, houve genuinamente uma comunhão muito feliz entre a audiência, entre mim a tocar... Todo aquele momento trouxe mesmo uma energia diferente. Isso motivou-me a pensar numa série de outras coisas, e naquilo tudo que eu possa desenvolver, com ideias novas, com recursos novos, e com tecnologias novas, perceber como é que tudo encaixa na minha vida e na forma como me relaciono com as pessoas que ouvem a minha música".
O live será algo fora daquilo que é "arquitetura sónica e visual" dos seus concertos porque, no fundo, são "experiências diferentes". Palco é o palco. Em casa, Branko diz ser tudo "muito mais despido, direto, sem grandes compromissos de nada".
O DJ e produtor diz que nem sequer tenta olhar para a quantidade de pessoas na emissão. Mesmo que a lotação, medida através de quem está a ver em direto, possa ser a de vários teatros — ou até de uma Altice Arena. "Não vejo muitos comentários ou os números, para mim é muito mais interessante isolar-me e fazer o mesmo espetáculo que faria, ou o mais perto possível disso, numa sala de espetáculos normal", diz.
E o que podemos esperar? Mais um concerto do que um DJ set. "O objetivo é conectar-me diretamente com as pessoas, com músicas diferentes, fazer-lhes sentir coisas, emoções. Tento ter essa atenção e trabalhar um bocadinho a música, para que uma pessoa tanto acabe por começar o set sentada no sofá, e 30 minutos depois já estar levantada e sem t-shirt...". Vamos a isso.
Quarenta anos de quarentena
Sem carga emocional associada, mas com a sensação de que os 'entas' "trazem uma responsabilidade diferente", Branko assume que já tem "uma relação muito melhor" com tudo aquilo que fez até agora. (e parte desse tudo pode ser lido nesta entrevista ao SAPO24 em 2018, meses antes do lançamento de "Nosso")
"Já consigo pensar mais sobre todos os momentos, sobre o que foi construído e o que não foi. Desde o início dos Buraka Som Sistema, em 2006, até agora. Já consigo perceber um bocadinho o que é que está a ser criado. Uma espécie de zoom out. Mas não é muito emocional — é só mesmo uma questão de perspetiva".
Se querem dar uma prenda ao produtor, fiquem em casa. E assistam ao espetáculo, "obviamente". "Não estamos forçosamente numa época de prendas", diz. Estamos numa época de "emoções" e de "introspeção".
"É importante saber parar e saber perceber como é que a vida consegue ser diferente. Há uma série de coisas que há três semanas não podíamos [fazer] e que agora forçosamente temos que poder. Isso também é bonito. Passar um aniversário sozinho, sem ninguém, é quase uma tarefa de concentração e de foco, que às vezes até traz frutos mais interessantes do que fazê-lo igual a todos os outros aniversários".
Só que Branko não passará o dia (ou, neste caso, a noite) sozinho, estaremos todos com ele. Em direto no Instagram — @brankoofficial — a partir das 22h30. Para dançar e deixar uma mensagem de parabéns na caixa de comentários.
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