Remetendo para o imaginário de um herói que pretende, sobretudo, chegar até aos mais novos, o “Capitão Fruta” vai percorrer durante o verão a Caparica (no concelho de Almada, distrito de Setúbal) vendendo salada de fruta e sumos naturais.
Para já, são quatro os jovens que carregam uma mochila refrigerada com cinco/seis quilos de fruta da época, limonada e sumo ‘tutti-frutti’.
“Olha a melancia. Olha a meloa. É só fruta da boa”, apregoa Mário, um dos jovens que vestem a camisola do “Capitão Fruta” e que explicou à agência Lusa tratar-se de um produto que se vende por si próprio – nem seria preciso chamar a atenção dos veraneantes com as frases chamativas.
“Identifico-me com o projeto. É uma onda saudável na praia. E acho que é um produto que se vende mesmo sem nós o vendermos”, diz o ‘capitão’ de 26 anos, reconhecendo que “será mais vendido em dias quentes”.
Nas praias da Caparica desde 15 de junho, o projeto nasceu, segundo António Malta, um dos quatro sócios, da necessidade que identificaram de haver fruta na praia. Já com alguma experiência em venda de sumos naturais, o responsável explica que o projeto está a dar os primeiros passos e a limar arestas.
“Tem estado mau tempo, ainda não tirámos as devidas conclusões, o tempo não tem ajudado. No entanto, no domingo passado percebemos que pode tornar-se impossível a logística de distribuir fruta de praia em praia”, refere António Malta, admitindo que, com as praias cheias de pessoas, é difícil sair para ir fazer o abastecimento de fruta fresca fora.
Quanto à aceitação dos veraneantes, António, Mário e Bernardo, outro dos jovens ‘capitães’, são perentórios: as pessoas estão a aderir “muito bem”, apesar de o tempo “não estar a ajudar muito”, já que ainda não houve muitos dias de muito calor.
“Em julho esperamos já ter tudo montado, finalizar o sistema de confeção da salada de fruta e dos sumos mais perto”, perspetiva António Malta, enquanto Mário reconhece que “todos os projetos novos têm de ir progredindo, nunca baixando os braços”.
Bernardo, ‘capitão’ de 27 anos, reconhece que o “sonho de muita gente é ter um escritório na praia” e, apesar de ser “cansativo e puxado” andar durante várias horas no areal carregado, o trabalho é ao mesmo tempo “revitalizante”.
“O caminhar é desgastante, mas a pouco e pouco vamos ganhando resistência”, diz, lembrando que até “dá para fazer uma pausa, dar um mergulho e descansar um pouco” ao longo da jornada.
“Andamos a vender saúde e nós termos também saúde é bom. Não andamos aqui só para arrecadar números”, frisa.
Pablo Bruno, arquiteto e designer da marca e outro dos sócios, explica à Lusa que este é também um projeto com “consciência ambiental” e com “preocupações saudáveis”, por isso recorre-se a fruta da época e alguma biológica. Embora não possam evitar o plástico das suas embalagens, estão a pensar em algumas medidas.
“Não se trata de substituir o plástico, porque não o conseguimos fazer, mas vamos implementar em julho algumas campanhas dizendo às pessoas que nos tragam determinado número de plásticos para trocar por brindes de verão. Ajudar a consciencializar para a reciclagem”, indica Pablo.
Paulo Almeida, na praia com as filhas e algumas amigas destas, ficou rendido ao projeto, considerando que vai no “caminho correto” daquilo que segue em casa: dar uma alimentação saudável.
“De certeza que vamos consumir mais fruta. Eles são superdivertidos, uma equipa superengraçada, que chama a atenção, têm sempre um sorriso e sabem cativar as crianças”, diz Nuno Silva, também a aproveitar o dia de praia, adiantando que num dia a família vai comer uma bola de Berlim e noutro dia a fruta, equilibrando as alternativas.
Nuno Silva, outro veraneante que também experimentou a novidade no areal da Caparica, entende que o projeto poderá tornar-se numa alternativa efetiva.
“Ainda está muito incutido a bola de Berlim na praia e não a fruta, mas aos poucos as pessoas vão começar a ter outro tipo de ideia e a optar por algo mais saudável, vão começar a comer mais fruta”, comenta.
Artur Palma, também na praia também com os filhos, reconhece que o projeto é uma “boa iniciativa” levando ao areal produtos naturais “em vez das bolas de Berlim, de que toda a gente gosta, mas que têm muito açúcar”.
A dar o exemplo desde pequenino, Manuel, de 04 anos, na praia com os pais e o irmão Mateus, não hesitou em responder para a câmara que prefere a fruta ao tradicional bolo da praia.
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