“Em demanda da biblioteca de Fernão de Magalhães” abre ao público no dia 7 de fevereiro para revelar títulos que o navegador português terá estudado para projetar a expedição que iniciou ao serviço de Espanha, com destino às ilhas das especiarias, e que daria origem à primeira viagem de circum-navegação do mundo, segundo uma nota da BNP.
A ideia desta mostra é “reunir textos que Magalhães terá consultado para planear a viagem. Apenas há testemunhos sobre um dos títulos que o navegador possuiu: um cronista espanhol refere que ele teria na mão o ‘Itinerario’, de Ludovico de Varthema, quando foi recebido pelo rei de Espanha, Carlos I, em 1518. Na exposição figura umas das primeiras edições da obra”, afirma Rui Loureiro, historiador e comissário da exposição.
Em exibição vão estar ainda roteiros náuticos, descrições geográficas e relatos de viagem que Magalhães terá analisado, destacando-se a edição espanhola do livro de Marco Polo, publicada em Sevilha em 1518, onde Magalhães então vivia.
Será possível ver também a edição do “Almanach perpetuum”, de 1496, que “é muito rara”, havendo relatos de alguns cronistas, que “dizem que os pilotos da armada de Magalhães utilizaram um exemplar desta edição no litoral do Brasil”, sublinha Rui Loureiro.
Serão igualmente destacados relatos e crónicas que referem o navegador português, salientando-se a reprodução do relato de Antonio Pigafetta, o italiano que fez a viagem de circum-navegação e a descreveu detalhadamente, bem como o manuscrito de Gaspar Correia (cedido pelo Arquivo Nacional da Torre do Tombo), que é a primeira crónica portuguesa que menciona a viagem de Magalhães.
Na mostra estarão patentes ainda outras peças, como reproduções de mapas, de que é exemplo o semiplanisfério em projeção polar austral, que se calcula ter sido preparado durante a viagem de circum-navegação e cujo original se conserva no Palácio Topkapi, em Istambul.
Fernão de Magalhães morreu próximo de atingir as ilhas das especiarias pela via ocidental, contornando assim o Tratado de Tordesilhas (1494), que impedia os espanhóis de navegar para o Oriente via Cabo da Boa Esperança, reservada em exclusivo aos portugueses.
Incompatibilizado com Manuel I de Portugal, a quem serviu e que lhe recusou a mercê a que o navegador considerava ter direito, partiu de Sevilha em agosto de 1519, ao serviço de Carlos I de Espanha, comandando uma expedição de cinco navios, que acabaria por se transformar na primeira viagem de circum-navegação do globo.
A exposição vai estar patente até 13 de maio e tem entrada gratuita.
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