Ezequiel Alabaça, fã de LEGO desde que se conhece, trabalha em Engenharia de Software, mas durante a pandemia, circunscrito ao espaço de casa, começou um projeto com as filhas de 12 e 13 anos e a ajuda do filho mais novo, de 5 anos.
Em família, constroem cenários originais com objetos feitos com peças LEGO. Depois, criam uma narrativa e dão vida a esta história com recurso à técnica do stop motion, ou seja, "animações feitas a partir de uma fotografia”, explica o autor. Na prática, esta técnica consiste na disposição sequencial de imagens diferentes de um mesmo objeto para simular movimento. Na parte final deste processo, Ezequiel e as filhas juntam as fotografias todas que, na prática, funcionam como os frames dos vídeos e avançam para a pós-produção, a fim de lhes “adicionar efeitos sonoros e visuais”, conta.
Neste momento, a família está a concorrer com a obra “LISBON TRAM (Elétrico de Lisboa)” à LEGO Ideas, com o objetivo de conseguir que venha votada pelos fãs e, em última instância, eleita como "conjunto oficial". Qualquer fã de LEGO pode submeter a sua criação, cabendo à marca decidir incluir ou não a sua inclusão na gama da marca.
O LISBON TRAM é uma reprodução do famoso Elétrico 28, que percorre os bairros emblemáticos de Lisboa e faz furor entre os turistas.
De acordo com Ezequiel Alabaça, dois dos critérios de avaliação dos projetos são a resistência da construção e a playability, ou seja, deve ser fácil e divertido, para que se cumpra a função de lazer.
O LISBON TRAM da família Alabaça conta com mais de quatro mil votos. O requisito mínimo para que seja avaliada pela LEGO é que o trabalho seja votado 10 mil vezes. Ainda assim, é necessário que todas etapas sejam cumpridas.
“Achámos giro [recriar o Elétrico 28], porque é algo tipicamente português e sabendo que o projeto teria projeção internacional, fazer um elétrico sempre daria para incluir os sons típicos”, explica Ezequiel em entrevista ao SAPO24.
O engenheiro sublinha a importância da participação das filhas, que já foram preponderantes no desenvolvimento de muitas ideias: “É tudo feito pelas minhas miúdas aqui numa secretária que temos no sótão. Elas fazem as locuções dos vídeos, ajudam nas histórias e construções, são fundamentais no processo demorado de arrumar as peças todas”, conta.
Num concurso de animações anterior decidiram, por exemplo, contar a historia de um jogador de futebol que se deslocava de autocarro para os treinos. Algumas das suas animações foram inclusivamente exibidas na RTP2, no programa "A Fé dos Homens" , onde contaram umas das “Super Histórias da Bíblia”, por altura da Páscoa.
Apesar de ser um hobby, para "diversão em família", Ezequiel Alabaça assegura que “para se fazerem animações é preciso ter alguns critérios” e levar em conta muitas “questões técnicas”. Ao longo das suas incursões, foram melhorado de dia para dia, acrescentando detalhes para melhorar os projetos.
O humor é uma constante nestas aventuras em part-time, sobretudo pelo facto de o público-alvo, muitas vezes, serem crianças. “As nossas animações na Páscoa e Natal têm sempre uma pitada de humor, é sempre esse o nosso objetivo”, conclui.
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