“Rare Earth” é o título desta exposição, que, pela primeira vez, segundo o museu, leva à capital portuguesa um conjunto significativo de cerca de cinco dezenas de esculturas e desenhos criados entre 1979 e 2023, numa perspetiva abrangente da diversidade da obra e pensamento plástico do artista.
Além das esculturas e desenhos patentes no Museu do Chiado, a presença das obras estendeu-se, desde o início de outubro, também ao espaço público, com quatro colocadas na Praça do Município, na Praça do Comércio e na envolvente à Estação Fluvial Sul-Sueste, “numa parceria inédita” com a Câmara Municipal de Lisboa.
Vencedor do Prémio Turner em 1988, Tony Cragg começou a expor individualmente em 1979, tendo desde logo iniciado uma carreira internacional, com obra representada em diversos espaços públicos e em museus internacionais.
A exposição contará igualmente com um catálogo bilingue, com texto da curadora, Emília Ferreira, textos sobre algumas das obras expostas e uma longa entrevista ao artista, da autoria do crítico e historiador de arte britânico, especialista em escultura contemporânea, Jon Wood.
Definindo-se como um “materialista radical”, Cragg tem-se inspirado “na biologia, na química e na física para orientar o seu pensamento crítico sobre a escultura, repensar o seu papel e imaginar o seu potencial na atualidade”, segundo um texto de Wood.
A escultura, para Cragg, “representa um modo ativo de interrogar o mundo e constitui um catalisador para aumentar a nossa sensibilidade em relação àquele. Para ele, é necessário não apenas visualizar, dar forma a e demonstrar ideias complexas, mas também explorar o mundo material e revelar as suas possibilidades”, assinala ainda Jon Wood, sobre o trabalho do autor britânico.
Por seu turno a curadora Emília Ferreira descreve Tony Cragg como “um dos mais analíticos, lúdicos, persistentes e inovadores escultores dos últimos 50 anos, que entende a disciplina artística que pratica há meio século definindo-a como uma matéria rara: a pinça da alma com que o poeta escolhe a palavra e o escultor analisa, redefine e reorganiza a forma e a sua energia intrínseca, levando-se, e levando-nos consigo, a lugares insuspeitos, paisagens novas, povoadas por novos seres e novos modos de nos relacionarmos a nós mesmos com o mundo à nossa volta”.
Nascido em Liverpool em 1949, no Reino Unido, Cragg trabalhou algum tempo como técnico de laboratório, antes de descobrir o prazer do desenho e investir numa formação artística, no Royal College of Art.
Iniciou a carreira docente em 1976, na Escola de Belas Artes de Metz e depois, e durante décadas, na Academia de Artes de Düsseldorf, na Alemanha, onde vive e trabalha, desde 1977, na cidade de Wuppertal.
Patente até 25 de fevereiro de 2024, a exposição “Rare Earth” foi organizada em parceria com a Galeria Breckner e com o estúdio do artista, na Alemanha, segundo o museu.
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